Geral

21 de 01 de 2023, 09:00

Cultura

New Age, New Time quer continuar a quebrar barreiras na dança

Mostra de dança organizada pelo Teatro Viriato entra na segunda e última semana de atuações

Neon 80 NANT Teatro Viriato

Fotógrafo: Paulo Pimenta

A mostra de dança contemporânea New Age, New Time (NANT) vai entrar na sua segunda semana em Viseu. Para os próximos dias, o Teatro Viriato propõe uma programação que possa quebrar “a barreira entre dança e o espaço marginal do corpo”.

Propostas que olham “para os corpos trans, para os conceitos cibernéticos aplicados ao corpo e para as novas naturezas de clubbling como atos de resistência”, destaca o teatro organizador do NANT.

Os artistas Gaya de Medeiros, Beatriz Soares Dias, Catarina Keil, Fernando Queiroz, Alfredo Martins e Marco da Silva Ferreira vão atuar na iniciativa que acaba no próximo sábado (27 de janeiro).

Mas antes, este sábado, Matthieu Ehrlacher chega a Viseu para apresentar "Cocoon”, que mostra a ligação entre o corpo e a coreografia. Também a Companhia de Dança de Matosinhos e os artistas Manuel Tur e Regina Guimarães apresentam o espetáculo “Uma Bailarina Espe(TA)cular”, destinado ao público escolar e familiar.

Na próxima terça-feira (dia 24), às 21h00, o Teatro Viriato recebe “Atlas da Boca” de Gaya de Medeiros e que procura refletir sobre a boca como lugar de palavra, identidade e voz, além da interseção entre o público e o privado e entre o erotismo e a política.

“É nessas situações que a palavra se torna identidade, afeto, fé e riso. Como bebês que descobrem o mundo colocando o mundo na boca: saber o gosto do chão, das chaves de casa e dos cabelos da mãe. Crescemos e a boca vai se tornando um lugar mais longe da mão, mais rebuscado, sóbrio e soberbo”, afirmou a coreógrafa.

No dia 27 de janeiro, o NANT despede-se propondo três espetáculos numa maratona que começa no palco do Teatro Viriato e termina na discoteca NB. Às 21h00, o Teatro Viriato recebe a performance “Neon 80” de Beatriz Soares Dias, que se inspirou nos conceitos de cyberpunk, cyberspace, cyborgbody e videojogo para criar o espetáculo.

A peça destaca o lado marginal de um corpo, a sua persistência e sobrevivência, a sua oposição às regras e a sua busca por um espaço de liberdade. “O Neon 80 aborda a capacidade do ser humano se distanciar do seu corpo e de se tornar independente dele numa realidade virtual, onde o corpo performático imerge num desfasamento temporal e se apropria de ferramentas e mecanismos de comunicação diversos”, revela Beatriz Soares Dias.

Às 22h00, Catarina Keil e Fernando Queiroz embarcam numa performance que servirá de ponte entre o Teatro Viriato e o NB, “Selvilização”, que traça um caminho delineado por um caos supostamente organizado e por um descontrolo consciente, sem ponto de fuga.

Por fim chega “Silent Disco”, com direção artística de Alfredo Martins e cocriação e interpretação de Marco da Silva Ferreira, às 23h00 no próprio NB. Um espetáculo que propõe ser imersivo e que acontece em contexto de discoteca, explorando o potencial da tecnologia das festas que dão o nome à peça.

“A música é difundida através de um transmissor de rádio, enquanto o sinal é captado pelos recetores dos auscultadores sem fios usados pelos participantes. Quando observada de fora, dá a impressão de estarmos perante uma sala silenciosa, cheia de pessoas a dançar ao ritmo de nada. O público forma uma comunidade temporária, guiada através de auscultadores pelo espaço vazio da discoteca”, explicam os criadores. O “Silent Disco” procura especular sobre a natureza do clubbing como um ato de resistência capaz de reconfigurar formas de reflexividade, afetividade e corporalidade.