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10 de 09 de 2022, 09:00

Cultura

Novas roupagens e 'um olhar atento sobre o mundo' na nova temporada do Teatro Viriato

Teatro de Viseu entra na rentrée cultural a 17 de setembro. Olga Roriz, Paulo Ribeiro, João Estevens, Miguel Bonneville, Julia Kent e Antoine Schmitt estão entre os nomes do cartaz até dezembro, além do Dançando com a Diferença

Pas dagitation Francisco Cardoso

Fotógrafo: D.R./Francisco Cardoso

É com “um olhar atento sobre o mundo” que o Teatro Viriato entra na rentrée cultural com uma nova programação que arranca no próximo sábado (17 de setembro) com “Pas D’Agitation” de Olga Roriz.

Uma performance-instalação de dança e vídeo ao vivo que junta quatro intérpretes e um artista visual e cujo tema de inspiração é o mar e os oceanos, com a costa de São Miguel a servir de paisagem de fundo.

Outra das grandes novidades é a remontagem de dois espetáculos do coreógrafo Paulo Ribeiro: “Ceci n’est Pas un Film” a 11 de outubro e “Rumor de Deuses” a 26 de novembro.

Os espetáculos apresentados pela companhia que alberga o seu nome propõem, por um lado, uma viagem por imagens do passado e do amor refletindo sobre o amor em “Ceci n’est Pas un Film” e, do outro, uma “celebração metafísica onde o corpo é o veículo de comunicação por excelência” em “Rumor de Deuses”, que terá um novo elenco com jovens bailarinos recém-formados numa reedição da peça estreada em 1996.

Já o Dançando com a Diferença vai apresentar nas escolas de Viseu o espetáculo de novo circo “Só.”, uma criação de Xampatito Pato de 8 a 11 de novembro. O espetáculo será apresentado no âmbito da parceria entre o Teatro Viriato e o Dançando com a Diferença numa candidatura para os fundos EEA Grants Portugal.

O espetáculo, que conta a história de uma personagem obsessiva, calculista e meticulosa rodeado de caixas sem fim que fogem ao seu controlo e com as quais brinca para dar forma ao seu mundo, significa o regresso do Teatro Viriato ao novo circo e que também se vai materializar com a organização de uma oficina para os mais pequenos que se irá realizar nas férias do Natal.

Também relacionado com o Dançando com a Diferença, vai ser apresentado a 13 de outubro o filme “Super Natural” de Jorge Jácome que aborda o trabalho da companhia que envolve pessoas com e sem deficiência e que foi premiado no Festival de Berlim. Este vai ser, de resto, um dos filmes que vão ser exibidos no âmbito do festival Vistacurta organizado pelo Cine Clube de Viseu.

O Encludança regressa a Viseu nos dias 1 a 3 de dezembro procurando questionar os diferentes modos de utilização dos conceitos “diferença” e “inclusão” com formações, apresentações artísticas e a exibição de um filme: “Flores em Ti”. No último dia deste encontro, o grupo de Viseu do Dançando vai apresentar a performance “Ocupação”.

Até dezembro, o Teatro Viriato vai ter 29 atividades, abrangendo disciplinas artísticas como dança, teatro, literatura, cinema, novo circo, fotografia, performance e música, incluindo duas estreias absolutas.

“Entramos na reta final de mais um ano de múltiplos encontros através da arte. Num tempo que nos tem lançado inúmeros desafios e dúvidas, são estes os encontros que nos motivam a descobrir novos e renovados futuros. De setembro a dezembro, mantemos a missão que nos define: ser espaço de descoberta, de discussão, de provocação e de convite a olharmos o mundo e refletirmos sobre tantas realidades que nos tocam”, refere o Teatro dirigido pelo diretor artístico Henrique Amoedo no comunicado que apresenta a programação.

O choque emocional provocado pela pandemia da Covid-19 merece destaque com a apresentação do livro “Sentimentos Públicos” de Ana Pais, marcada para 1 de outubro. Além disso, o Teatro Viriato também sugere uma viagem aos primórdios d’“O Nascimento da Arte”, com António Jorge Gonçalves e Filipe Raposo, que farão uma “masterclass” sobre os primeiros vestígios artísticos da História no dia 14 de outubro e um espetáculo no dia seguinte.

A digitalização da cultura e a migração da performance do espaço físico para o digital vão ser refletidos num espetáculo transmedia de João Estevens, “C:\>how2become (data) & dissolve_into: 'tears'”, que será dividido em quatro capítulos: “Livro Performativo” de 6 de setembro a 14 de outubro, “Encontros One-to-One” de 25 a 27 de outubro, “Apresentação do Espetáculo” a 28 de outubro e “Ghost Performance”, que pode ser acedido online a partir desse mesmo dia.

O Teatro da Cidade chega ao Teatro Viriato a 22 de outubro para estrear a peça “Esquecimento”, que nasce a partir de uma reflexão acerca do direito ao esquecimento, presente na Nova Carta dos Direitos Humanos na Era Digital.

E Miguel Bonneville estreia “A Importância de Ser Marguerite Duras” a 5 de novembro, onde o coreógrafo encerra o seu projeto de fazer espetáculos sobre as vidas e obras de artistas e pensadores que influenciaram o seu percurso artístico, sendo este espetáculo o último desse mesmo projeto.

A 19 de novembro, a escola de dança Lugar Presente realiza no espaço cultural um dos espetáculos do Lugar Futuro – Festival Internacional de Dança Jovem, que já vai na terceira edição. O evento vai decorrer entre os dias 18 e 20 desse mês com várias apresentações no auditório do IPDJ.

Por fim, uma sugestão musical: a compositora e violoncelista Julia Kent chega a Viseu a 29 de outubro para um concerto único em Portugal, acompanhada do trabalho do premiado artista visual Antoine Schmitt, que traz o vídeo generativo e interativo “Origin” criado para a artista para que possa tocá-lo ao vivo.

De resto, nessa atuação, Julia Kent – que, além dos discos, também trabalha para cinema, teatro, televisão e dança – irá apresentar o seu mais recente álbum, “Temporal”.