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Inspirados no universo de Afonso Cruz, cinco atores e um músico vão celebrar a criança como esperança para um mundo melhor, no qual haja liberdade e afetos, num espetáculo que se estreia na quinta-feira (7 de dezembro), em Tondela.
“Museu do esquecimento ou vamos mudar o mundo”, que parte de livros para a infância e juventude de Afonso Cruz, é a mais recente criação do Trigo Limpo Teatro ACERT (Associação Cultural e Recreativa de Tondela).
“A história central é essencialmente baseada no ‘Vamos comprar um poeta’, de Afonso Cruz, mas com alterações”, explicou aos jornalistas o ator e encenador Pompeu José, que desenvolveu a dramaturgia em conjunto com Catarina Requeijo.
A dinâmica de uma família ocupa a cena principal, com os dois mais novos – a filha e o filho – a darem um sinal de esperança.
Segundo Pompeu José, que interpreta o pai da família, “a criança foi o motor central da escolha dos textos” para este espetáculo, que, além da cena principal, conta com um prólogo numa loja de pássaros durante a guerra e um epílogo que convida à reflexão sobre as gerações futuras.
Afonso Cruz dá o mote quando pergunta: “Devemos cozinhar crianças resignadas com o mundo ou devemos criar crianças criativas?”
“Esta peça fala de uma data de restrições impostas pelos pais, pelas famílias, pela sociedade, que algumas personagens sentem a necessidade de quebrar”, explicou o ator Afonso Cortez, que interpreta o filho que se recusa a ficar fechado em casa e quer ir para as montanhas.
A entrada em cena de um poeta (interpretado por Pedro Sousa) obriga as personagens “a pensarem um pouco mais no que se passa à volta delas”, acrescentou.
É o que acontece com a mãe, interpretada por Ilda Teixeira, que, por causa da poesia, passa de uma mulher oprimida a uma mulher “que parte a loiça e rompe com o sistema”.
Apesar de reagir mal à ida do poeta para casa, porque é mais um para lhe dar trabalho, a mulher “vai amolecendo o coração” quando começa a perceber “que a poesia pode estar nas coisas mais simples, como uma pedra”, contou.
Ilda Teixeira frisou que, de cada vez que interpreta o texto, o sente atual: “Toca questões que são cíclicas e que parece que nunca nos livramos delas, como a guerra e a depressão financeira. É sempre necessário apertar o cinto mais e mais”.
Sandra Santos, que interpreta a filha, aludiu à importância dos afetos, numa sociedade “que se gere muito pelos números, contabiliza tudo o que é materialista”.
“A chegada do poeta, a saída do irmão e vivenciar outras experiências tem a ver com o olharmos o outro, termos uma relação mais afetiva”, explicou a atriz, avançando que, no final, é sugerido que o mundo seja contagiado de abraços e beijos.
Em cena, além de Afonso Cortez, estão Ilda Teixeira, Pedro Sousa, Sandra Santos e Pompeu José, estará um músico, que poderá ser Miguel Cordeiro ou Paulo Nuno Martins.
O espetáculo tem antestreia marcada para quarta-feira, destinada a alunos de uma turma do terceiro ano do ensino básico que participaram no processo de criação e respetivas famílias.
“Tentámos trabalhar um jogo cénico que não tivesse só as palavras. Tem uma série de elementos que ajudam a ler a própria história”, explicou Pompeu José, acrescentando que a ideia de trabalhar com público foi perceber “até onde é que chegava a história”.
O espetáculo voltará a ser apresentado na sexta-feira à noite (dia 8).