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Três pintores percorreram localidades entre Vilar Formoso (Almeida) e Cabanas de Viriato (Carregal do Sal), numa recriação do percurso dos refugiados ajudados por Aristides de Sousa Mendes, e, no domingo (19 de maio), finalizam o quadro que iniciaram junto ao Museu da Paz.
“Em frente ao Museu da Paz, em Vilar Formoso, cada um de nós começou um quadro alusivo à vida de Aristides de Sousa Mendes e, no domingo, vamos terminar a pintura em frente à casa do ‘cônsul sem medo’, em Cabanas de Viriato”, disse Aires Santos.
Em declarações a agência Lusa, este pintor natural do concelho de Nelas disse que para o projeto “Da fronteira da Paz à Casa do Passal” convidou António Dias e Nelson Santos, “os companheiros do costume, que alinham em todos os desafios” de pintura.
“O 25 de Abril começou com cultura, através da música enquanto senha para a revolução, e eu achei que a melhor forma de comemorar os 50 anos de Liberdade seria também através da arte”, justificou Aires Santos.
E, para isso, “nada melhor que comemorar a vida e honrar a memória de Aristides de Sousa Mendes, que permitiu a liberdade a tantos refugiados que chegaram a Portugal por Vilar Formoso”, concelho de Almeida, no distrito da Guarda.
Assim, no dia 20 de abril, em frente ao Museu da Paz, deram as primeiras pinceladas na tela em branco e começaram também a pintar “pequenas tábuas em madeira, retangulares, de 12×36 centímetros”, e que têm “um enorme simbolismo”.
“Representam a cama, ou o beliche, onde dormiam e também os vagões dos comboios e, depois, cada um de nós, pintou objetos pessoais, como um relógio, sapatos, uma lâmina de barbear, uns óculos, algo que transportavam”, explicou.
Depois de Vilar Formoso, os pintores pararam em locais do distrito de Viseu, “porque infelizmente o tempo é curto e o objetivo era terminar o percurso antes da inauguração da Casa-Museu” de Aristides de Sousa Mendes, agendada para 19 de julho.
Isto porque não queriam “fazer sombra” à inauguração e, como são pintores “por amor e dedicação”, já que têm outra profissão, são obrigados a “coordenar muito bem” o tempo, acabando por guardar os dias livres para os projetos ligados à pintura.
Assim, marcaram presença em Mangualde no feriado do Dia do Trabalhador, em 1 de maio, e no dia 4 desdobraram-se de manhã por Canas de Senhorim e pela tarde na Lapa do Lobo, ambas freguesias do concelho de Nelas.
Neste domingo, encerrarão a rota em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, com saída marcada, “num carro antigo, da época”, pelas 10h30, da estação de comboios de Oliveirinha, a cerca de cinco quilómetros da sede da junta, onde se instalarão a pintar.
“Nas localidades onde estivemos usámos roupas daquela altura e tentámos recriar as vivências até nas refeições simples e humildes que fizemos em comunidade, de quem escutámos histórias de refugiados”, contou.
Aires Santos disse que ouviram “descendentes de pessoas que ajudaram refugiados de diversas formas, no acolhimento com água e pão, que era muito famoso, ou mesmo uma sopa”, o que revelou ser “uma experiência incrível” concretizar o projeto.
No final do dia, contou, recebiam por parte dos autarcas locais, que se “juntaram ao projeto de uma forma incrível”, um “saco de pano, com o farnel para a viagem, como se usava na altura”.
No entender de Aires Santos, “a presença de todos os autarcas no domingo, no final da pintura, tem também um enorme significado, porque é uma rota que os refugiados faziam e que acaba por ligar as comunidades”.
“Como é o caso de Cabanas de Viriato e Vilar Formoso que ficarão ainda mais unidas, porque quem visita o Museu da Paz vai querer ver a Casa-Museu de Aristides de Sousa Mendes e vice-versa. Acho que é bom para preservar e contar a história”, defendeu.
Os quadros, assim como “algumas das tábuas”, adiantou Aires Santos, ficarão depois em exposição até ao final do mês de maio, na sede da Junta de Freguesia de Cabanas de Viriato, situada à frente à Casa do Passal.