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Cerca de três em cada quatro portugueses continuam a preferir o livro impresso enquanto opção mais agradável para os seus momentos de leitura. Já alternativas digitais como os e-books e os audiolivros continuam apenas a ser a preferência de 6,6% e 1,7% dos portugueses, respetivamente.
O inquérito foi realizado pela Preply a 500 pessoas de todos os distritos do país, e concluiu ainda que os compromissos profissionais, as tarefas domésticas e as responsabilidades familiares são os principais fatores de impedimento da leitura.
Para o escritor viseense Paulo Portugal o livro em papel continua a ser o material de eleição na hora de entrar no universo literário. “O toque do livro em papel e a interiorização são diferentes, porque há uma sensibilidade maior”, explicou. Para o artesão das palavras, contudo, os novos meios digitais são “tão válidos quanto o suporte em papel, para efeitos de adquirir conhecimento, ter prazer na leitura, viajar no tempo e no espaço assim como conhecer novas formas de pensar”.
Paulo Portugal destacou ainda um ponto positivo a favor dos suportes digitais: permitem a leitura de um determinado livro em qualquer parte do globo. “O suporte digital permite levar o livro mais longe, para outros países onde há falantes da mesma língua, sem custos de distribuição e sem custos alfandegários”, assumiu.
No que diz respeito aos impedimentos para os momentos de leitura, as redes sociais aparecem em quarto lugar, seguidas dos programas de televisão, séries e filmes. Em relação aos momentos mais propícios para a leitura de um livro, nove em cada dez inquiridos preferem debruçar-se sobre uma obra literária durante um momento tranquilo em casa. Além disso, cerca de um terço assumiu ler mais durante férias e viagens, 28,2% preferem praças e parques e 16,7% optam por ler em filas de espera.
Mais de 42% dos portugueses consideram ser “pouco leitores desde sempre” ou ter perdido o hábito de leitura ao longo do tempo. Por seu lado, mais de 57% dos portugueses foram “bons leitores desde sempre” ou adquiriram uma maior rotina de leitura ao longo do tempo.
Paulo Portugal assumiu que velhos hábitos do seu tempo de jovem podiam ser aplicados atualmente para aumentar o interesse pela leitura. “Lembro-me que na altura não tinha grandes posses e nas férias aproveitava muito para me deslocar até à biblioteca municipal e aproveitava toda a panóplia de livros que estavam disponíveis para a minha idade, desde banda desenhada a ficção ou grandes clássicos”, contou o escritor viseense. “Era um estímulo que nós tínhamos porque não havendo muitas atividades como hoje há, com a multimédia e os telemóveis ou os tablets”, explicou.
Além disso, o escritor defendeu a criação de mais clubes de leitura, em que as pessoas “têm a possibilidade de escolher livros, de os trocar entre si e de fazer comentários acerca das obras, sejam estas em suporte de papel ou digital”. Outra medida, apontou, passaria por incentivar as pessoas a escreverem “o seu próprio diário e partilharem mais tarde entre si”.
Na hora de pegar num livro, as obras de ficção como os romances e os contos são a primeira opção para quase 60% das pessoas. Em segundo lugar com mais de 50%, estão as obras de mistério ou suspense, seguidos dos livros de desenvolvimento pessoal (37%). As obras de fantasia ou ficção científica agradam a 36,1% dos leitores. Já os livros de não-ficção, como biografias, crónicas e ensaios, são opção regular de 28,9% das pessoas.
Para muitos leitores, o universo literário não se resume apenas à língua portuguesa. Há quem opte por ler obras noutros idiomas. Existem, contudo, algumas limitações a quem prefiro livros publicados na sua língua original. A limitação de vocabulário é a principal barreira a uma leitura que não seja em português, afetando 55% das pessoas que leem noutros idiomas. A dificuldade com termos e expressões específicas é uma barreira para cerca de 52% dos leitores, seguida da incompreensão de referências culturais (33,8%). A falta de tempo para a leitura (18,6%) e a dificuldade em manter a motivação (15,2%) são também outras das barreiras no momento de ler um livro num idioma estrangeiro.