Autor

João Dias

08 de 01 de 2022, 08:21

Lifestyle

Quer deixar de fumar este ano? Saiba como conseguir!

João Dias, Especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Viseu - Consulta de cessação tabágica

“Ano novo vida nova”. Quantos de nós já disseram esta frase vezes sem conta ao longo dos anos? São várias as razões para a proferir, mas acredito que boa parte das vezes a promessa, seja ela qual for, acaba por não ser cumprida e ser adiada para o ano seguinte.
Deixar de fumar é um dos exemplos mais comuns das resoluções de ano novo. E fique a saber que, no que toca ao risco em manter o hábito tabágico, todo o tempo conta. Cada minuto, mês, ano a fumar aumenta exponencialmente o risco de várias doenças, tanto para os fumadores como para as pessoas que os rodeiam, os chamados fumadores passivos. Falamos no aumento de risco de cancro de pulmão, talvez a doença mais associada a este hábito, mas também de cancro da boca, vias respiratórias, esófago, estômago, intestino, bexiga, próstata, risco de enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, demência precoce, diabetes, hipertensão e até impotência sexual; são tantas as patologias que a extensão deste artigo não seria decerto suficiente para nomear todas.
Está provado que quanto mais cedo deixar de fumar, maiores serão os benefícios para a sua saúde. Contudo, desengane-se quem pensa que devido à idade já não vai a tempo de deixar de fumar. Os benefícios com a desabituação tabágica são notórios logo após as primeiras horas sem fumar. Senão vejamos: após 8 horas os níveis de nicotina e monóxido de carbono reduzem para metade; após 24 horas os pulmões começam a ficar livres dos resíduos do tabaco; após 48h deixa de existir nicotina no organismo e o paladar/olfacto melhoram significativamente; 3 dias após torna-se mais fácil respirar e o nível de energia aumenta; 3 a 9 meses após o último cigarro a tosse, a pieira e os problemas respiratórios melhoram à medida que a função pulmonar aumenta 10%; após 5 anos o risco de enfarte agudo do miocárdio (EAM) diminui para metade do de um fumador; ao fim de 10 anos o risco de cancro do pulmão diminui para metade em relação ao risco de uma pessoa com hábito tabágico ativo, e o risco de EAM torna-se igual ao de um não fumador.
O consumo de tabaco está associado a dimensões mais subjetivas do comportamento e a influências sociais. Estas variáveis, de tipo psicossocial, contribuem para a iniciação e manutenção do comportamento. Os reforços quer positivos (prazer), quer negativos (evitar o síndrome de abstinência), tornam o acto de fumar repetitivo e regular, ou seja, num hábito automático.
Devido a esta dependência física e psíquica, o tabagismo é considerado uma doença crónica e, como tal, é aconselhado um acompanhamento especializado e multidisciplinar durante o processo de desabituação tabágica.
Este acompanhamento especializado, numa consulta de cessação tabágica, aumenta consideravelmente as hipóteses de sucesso. Estamos à sua espera. Não adie mais!