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22 de 06 de 2022, 16:19

Diário

Obras no IP3 concluídas? Na melhor das hipóteses só em 2026, diz Fernando Ruas

Presidente da Câmara de Viseu considera difícil que as obras de requalificação e duplicação estejam concluídas dois anos depois do prazo estipulado pelo Governo

IP3 nó mortágua

Fotógrafo: D.R.

O presidente da Câmara de Viseu e da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões disse que é difícil que as obras no IP3, que liga Viseu a Coimbra, estejam concluídas até 2026. Fernando Ruas reuniu no início desta semana com responsáveis da Infraestruturas de Portugal (IP), onde, além do IP3, também foi discutida a ferrovia.

O Governo tinha prometido acabar os trabalhos no IP3 em 2024, quando, acredita Ruas, “haverá muitas obras que nem sequer terão começado”. As obras só devem ficar concluídas em 2026, “na melhor das hipóteses”, disse o autarca, que criticou ainda a falta de soluções para a zona da Livraria do Mondego.

Em declarações aos jornalistas esta quarta-feira (22 de junho), o autarca também referiu que já se podia ter avançado com trabalhos mais simples no IP3, como a requalificação do troço entre Viseu e Santa Comba Dão. “Para quem está bem-intencionado, poderia começar por ali. Se é mais fácil, então que se faça até para os cidadãos começarem a acreditar na obra”, afirmou.

Fernando Ruas insistiu ainda na construção de uma nova autoestrada entre Viseu e Coimbra, lembrando que ainda há em Mortágua “uma placa a anunciar o início das obras em 2008”. “Na altura, eram os mesmos protagonistas que estão agora no Governo”, lamentou.

O autarca disse ainda que espera por uma decisão do Estado em relação ao traçado da via. “Há algumas cidades do interior tão importantes quanto estas que não estejam ligadas por autoestrada? Eu não sei o que é que se aguarda para reclamar a autoestrada e espero que se define de uma vez qual é o corredor para não andarmos depois com a Via dos Duques ou com outra via”, disse.

O presidente da Câmara de Viseu defendeu que o Estado central tem de tomar uma decisão em relação ao traçado “de uma vez”, acrescentando que “dá um jeitão andar a trocar constantemente de soluções”.

Já ontem (dia 21), a distrital do PSD de Coimbra anunciou que vai apresentar no 40.º Congresso do partido uma moção a propor que o partido continue a exigir uma ligação por autoestrada entre Coimbra e Viseu.

“Quando foram apresentadas [pelo anterior Governo do PS] as obras de requalificação do IP3, no troço entre Coimbra e Viseu, foi dado a entender, de forma errada e intencionalmente, que este seria transformado numa autoestrada, a qual apresentaria como grande vantagem o facto de não vir a ser portajada”, recordou a moção setorial.

Contudo, para os sociais-democratas do distrito de Coimbra, “este tipo de comunicação ardilosa do PS, felizmente, não conseguiu perdurar no tempo”.

“A maior parte dos utentes desta via puderam constatar com a evolução da obra que, no troço mais crítico, entre Penacova e Mortágua, as intervenções não passaram de meras obras de conservação”, referiu o documento.

Ruas teme que ferrovia seja atirada para “as calendas”
Além do IP3, também a linha ferroviária Aveiro-Viseu-Salamanca foi discutida na reunião com a IP. Fernando Ruas recebeu a garantia do Governo de que quer fazer o novo corredor ferroviário, que vai permitir a Viseu ter mais uma vez comboio, mas ainda não se sabe quais os prazos. O autarca lamentou que o projeto esteja agora dependente do governo de Espanha.

“O que se diz é que estão altamente interessados em fazer isto, mas pelos vistos condicionaram isto a que o governo espanhol modernize a linha Madrid-Ciudad Rodrigo”, disse.

Um facto que o levou a concluir que “todas as capitais de distrito terão acesso ao comboio, mas há de ser para as calendas”, lamentando que ainda não haja nem datas nem alguma decisão.

O autarca disse ainda que não ficou agradado ao saber que a situação das mercadorias ia ser resolvida com a Linha da Beira Alta, que sofre atualmente obras de modernização. “Se está, quer dizer que esta linha fica reservada ao tráfego de passageiros. Então que se decida rapidamente”, concluiu.