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23 de 09 de 2023, 14:03

Diário

“Cenas Conjugais”: lado a lado no amor, na doença e no palco

A peça, inspirada no clássico de Ingmar Bergman, estreia esta sexta-feira no Polo 1 do Círculo de Criação Contemporânea de Viseu. De caráter mais intimista, “Cenas Conjugais” convida o público a partilhar o palco com os atores

CENAS CONJUGAIS

Fotógrafo: Ritual de Domingo

Em 1970, eram vários os fantasmas que assombravam um casal na Suécia e que muitas vezes findavam relações. Em Portugal, nos dias de hoje, os casais enfrentam igualmente os seus próprios fantasmas. Uns são semelhantes aos da sociedade sueca há 50 anos, outros são criados em contextos particulares do século XXI.
Há meio século, Ingmar Bergman criou “Cenas de Um Casamento”, série que estreou no país nórdico e que desconstruiu os problemas de viver em matrimónio. Em Viseu, “Cenas Conjugais”, uma adaptação da peça de Bergman, estreia esta sexta-feira no Polo 1 do Círculo de Criação Contemporânea de Viseu. Sónia Barbosa, a encenadora e criadora do texto adaptado, lançou o convite a um ilusionista e a uma atriz para desempenharem os papéis principais.

O convite surgiu no final do ano passado, quando a atriz convidada estava grávida do seu primeiro filho. Também o ilusionista, na mesma faixa etária da atriz, iria ser pai daí a pouco tempo. A atriz já tinha inclusive trabalhado com Sónia Barbosa na peça Gaivota, de Anton Tchékhov. Na última semana, ambos têm feito os últimos preparativos para o espetáculo, adicionando camadas às suas personagens, ensaio atrás de ensaio. No final de cada dia de trabalho, ilusionista (agora ator) e atriz regressavam para casa, para junto da sua família.

Ter de ensaiar um texto onde impera um certo grau de violência e de tensão entre marido e mulher e regressar depois para junto do seu par sem que o texto influencie a relação dos dois não é fácil – especialmente quando se trata de um único casal.

José Pereira e Joana Gomes Martins foram convidados para interpretar Johan e Marianne, o casal que ganha vida em “Cenas Conjugais”. Sónia Barbosa podia, como explicou a própria, ter convidado apenas dois atores para interpretarem o casal, mas o facto de os profissionais do espetáculo serem companheiros na vida real acaba por colocar mais uma camada no modo como as personagens interagem.