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23 de 09 de 2023, 11:08

Diário

“Une Partie de Soi”: a reinvenção do mastro chinês, por João Paulo Santos, este fim-de-semana na ACERT

João Paulo Santos é considerado um pioneiro no campo do circo contemporâneo em Portugal. Iniciou a sua carreira como artista circense há mais de duas décadas e, sempre acompanhado pelo mastro chinês, estreou o seu primeiro espetáculo no Novo Ciclo ACERT em 2004. “Une partie de soi” (“Uma parte de si”) é a sua última criação, que é apresentada este sábado, dia 23, pelas 19h30, no Jardim da ACERT

une-partie-de-soi-062021-052 Philippe Laurençon pb

Fotógrafo: ACERT

Conte-nos a história da companhia O Último Momento. Está sediada em França, mas muito conectada a Portugal. Como surgiu?
A companhia foi criada pelo músico Guillaume Dutrieux e por mim, em 2004, quando criei o meu primeiro espetáculo que se chamava “Peut-être” que estreou na ACERT.
A companhia foi estabelecida com o intuito de criar esse primeiro espetáculo, uma criação para um concurso de Jovens Talentos de Circo, na altura, em França, que ganhei. E era um apoio do Ministério da Cultura francês mais uma série de organismos associados ao evento. Na realidade, inicialmente, a companhia tinha mais essa função de albergar esse projeto.
Depois, a partir desse momento continuei a criar os meus espetáculos. Primeiro com o “Peut-être”, que foi em tournée pelo mundo inteiro. Em 2006 fui convidado pela SACD (Sociedade dos Direitos de Autor, em França) e o Festival d’Avignon parar criar um espetáculo que, na altura, chamámos “Contigo”. Daí em diante a companhia continuou a fazer o seu percurso, a criar espetáculos e
a ir em tournée.
A particularidade da companhia é, simplesmente, ser uma companhia de novo circo com uma base de linguagem, sobre#tudo, com o mastro chinês que é o aparato com o qual fui formado na Escola Superior.
A companhia tem uma relação muito forte com Portugal porque sou português e é um organismo que tem estatutos, mas na realidade sou quase a única pessoa a trabalhar. Em cada espetáculo faço colaborações com pessoas específicas que venham da área do circo, da música, técnicos,... mas, na verdade, é um instrumento para poder continuar a criar.

Porquê o novo circo e o mastro chinês? Foi uma paixão que descobriu cedo?
Em Portugal comecei a fazer a escola de circo do Chapitô em 1995. Em 1997 tentei entrar para a Escola Superior em França para continuar a minha formação, mas só fui aceite em 1999 (CNAC - Centre National des Arts du Cirque). Aí comecei a desenvolver o mastro chinês, que não conhecia até essa altura.
O novo circo, desde que comecei a praticar, foi sempre o que quis fazer porque tem a possibilidade de cruzar uma série de linguagens artísticas e é como se, à imagem de um pintor, essas linguagens fossem os pigmentos. Quanto mais cores posso usar, mais diversidade vai haver naquilo que vou contar.


(Para ler na íntegra na edição do Jornal do Centro)