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19 de 05 de 2024, 15:59

Diário

Dois minutos: alerta, comunicação, envio de meios… o tempo para um eficaz combate aos fogos

Nos centros operacionais da GNR de Viseu e do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil de Viseu estão os olhos do território

É dado o alerta e em dois minutos os meios de proteção civil têm de ter mobilizado um meio aéreo e três equipas de bombeiros para o local de um incêndio. Para que tudo seja coordenado são vários os meios - hoje mais do que nunca - informáticos que estão à disposição da emergência e proteção civil. Plataformas, câmaras de vigilância, aplicações e comunicações diretas via rádio ajudam a encurtar tempo e colocar no terreno os meios de forma mais eficaz. Mas, mesmo assim não se deixam de parte os mapas, a triangulação manual e o telefone, não vá alguma coisa falhar.
Nos centros operacionais da GNR de Viseu e do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil de Viseu Dão Lafões da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil estão os “olhos” do território. São 17 as câmaras de vigilância e um rede de postos de vigia que ajudam a dar as informações para estes centros de operação e de decisão. Está montada uma espécie de big brother da floresta, uma vez que a supervisão faz-se 24 horas sobre 24 horas.
As primeiras câmaras de videovigilância, um projeto impulsionado pela Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, começaram a funcionar em 2021. Um ano depois, estava montado todo o circuito que completava a rede de postos de vigia (18) para que não ficasse nenhum ponto morto na floresta.
Este sistema conta com uma rede de comunicações dedicada, via rádio, e garante a interoperabilidade com os Sistemas de Acompanhamento e Apoio à Decisão já instalados e em operação em outras regiões, como explicou o comandante sub-regional, Miguel Ângelo.
É desta forma que se agiliza o combate, mas, como referem os agentes da proteção civil, “acima de tudo atua na prevenção”.
Na última visita feita esta semana pelos autarcas da região aos centros da GNR e do Comando Sub-Regional, viam-se os ecrãs com várias imagens. Num deles, até quase que se percebia quem estava a fazer uma queima de sobrantes. São estes “olhos” que são constantemente monitorizados. Este sistema é uma mais-valia na complementaridade dos meios já existentes, otimizando-os, e é mais um mecanismo na deteção precoce, frisaram os militares que, naquele dia estavam de “vigia”. A imagem permite ver o que está a acontecer com precisão e também toda a envolvência e, assim, é muito provável que se acionem os meios mais adequados para reagir tornando a primeira resposta melhor e mais eficaz.

Distrito espartilhado dificulta comunicações
Mas se com tanta vigilância o presidente da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões disse estar “descansado” com mais uma época de incêndios que se aproxima; Fernando Ruas não deixou, no entanto, de apontar algumas falhas que afetam, sobretudo, esta região.
Para o autarca, deve ser encontrada uma forma de resolver dificuldades de comunicação que surgiram após a criação dos comandos sub-regionais de emergência e proteção civil, há cerca de ano e meio. Isto porque o Comando Territorial da GNR de Viseu e o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil de Viseu Dão Lafões da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil são duas entidades que atuam em territórios não coincidentes.
“Há de haver aqui uma deficiência em termos de comunicação, mais difícil”, afirmou o também presidente da Câmara Municipal de Viseu, considerando que esta matéria deve ser analisada no futuro, porque os problemas não se colocam apenas na área da proteção civil.
Atualmente, os 24 concelhos do distrito de Viseu estão divididos por quatro comunidades intermunicipais (CIM), várias direções regionais e sub-regiões. Aguiar da Beira, por exemplo, pertence à CIM Viseu Dão Lafões, mas ao distrito da Guarda, com dependência do posto da GNR de Gouveia. Já Mortágua, concelho do distrito de Viseu, pertence à CIM de Coimbra. A GNR tem a seu cargo todos os 24 concelhos que, pro sua vez, fazem parte das CIM do Douro e Tâmega e Sousa.
“A CIM (Viseu Dão Lafões) vai ao distrito da Guarda, a de Coimbra vem ao distrito de Viseu e por aí fora. E, portanto, mais dia, menos dia, estas realidades têm de ser uniformizadas”, frisou.
Defensor da regionalização, Fernando Ruas considerou que esta poderia ser uma forma de acabar com estes problemas e deixou uma solução: “que de futuro houvesse um âmbito espacial mais lato, mas que se faça com associações de CIM”.
“Fazem um grupo homogéneo e chamem-lhe o que quiserem. Agora, não faz muito sentido que não seja assim, que estejam assim espartilhadas”, sustentou.

Aplicação vigia

A Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões lançou há cerca de dois anos uma aplicação móvel que funciona como uma plataforma de apoio à decisão para a Proteção Civil constituída por um sistema de informação avançado de monitorização de risco e catástrofes e gestão dos recursos naturais.
A aplicação foi disponibilizada a todos os municípios e agentes da proteção civil e tem informações como, por exemplo, quais os protocolos a considerar em determinadas ocorrências, desde derrame de matérias perigosas a ingestão de substâncias tóxicas; quais os riscos de incêndio e onde; as ocorrências ativas e a sua geolocalização, assim como a velocidade do vento ou os meios que estão disponíveis no local.
“É uma aplicação assente numa lógica de big data analytics, tendo em vista à criação de modelos de análise preditiva para o apoio à decisão, tendo em consideração as vastas especificidades do território da Comunidade Intermunicipal de Viseu Dão Lafões”, refere a CIM.