A Feira dos Santos, em Mangualde, já “dispensa apresentações” e o caminho agora é o de cada vez mais afirmá-la “no contexto internacional”. Também conhecidas por Feira das Febras, este certame com mais de 300 anos volta a ocupar o centro urbano de Mangualde até domingo e são várias as novidades para esta edição, a começar pelo número recorde de feirantes e de dias de feira que passam de dois para três com programação alargada.
“Este ano a Feira vai ter duas zonas de comes e bebes porque o número de participantes ultrapassou o que são os números normais. Batemos o recorde de feirantes e fomos obrigados a criar duas zonas de restauração”, anunciou Marco Almeida, presidente da autarquia.
Para o autarca, são várias as razões que levam a uma procura cada vez maior não só de participantes, mas também de visitantes. Uma evolução que, recordou, colheu frutos das estratégias lançadas em edições anteriores.
“Estamos a falar de um certame histórico com mais de 300 anos que além de juntar milhares de visitantes, acaba por mostrar o que de melhor se faz no concelho ao nível da gastronomia, vinhos, do artesanato, da agropecuária, máquinas e alfaias agrícolas e indústria”, começou por esclarecer.
A presença da ANTRAM é exemplo disso. “O concelho de Mangualde tem 46 empresas de transportes logísticos. A ANTRAM vai estar presente na Feira, à semelhança do que já aconteceu no ano passado, com uma grande exposição e isto só acontece porque Mangualde tem importância no setor”, clarificou.
Segundo Marco Almeida, também nesta edição há uma presença forte de expositores espanhóis, fruto de ano passado ter sido convidada uma comitiva de jornalistas que acompanharam o evento. “Este ano continuamos a apostar na internacionalização e já estamos a colher frutos com a presença de espanhóis, quer no que diz respeito à presença de turistas, quer de feirantes que vão promover os seus produtos, nomeadamente as carnes”, frisou.
Também a geminação com a cidade francesa de Lempdes (unidas pelos carros 2CV) e que este ano vai ter uma presença forte na Feira, com uma comitiva que integra o presidente da autarquia local, é outro passo na internacionalização.
“Tem havido uma relação de dois sentidos e que é importante para a nossa relação e para uma feira que está a dar passos importantes na sua internacionalização e que é de todo positivo para a afirmação da nossa região. É uma feira que dispensa apresentações, o que temos de fazer é afirma-la cada vez mais e no contexto internacional”, reforçou o autarca.
E com o crescimento em número de visitantes – no ano passado nos dois dias passaram mais de 50 mil pessoas – o presidente da Câmara de Mangualde não coloca de parte a possibilidade de no futuro ser criada uma estrutura fixa para acolher este evento.
“Os desafios são constantes. É possível que no futuro tenhamos que avançar para um modelo de estrutura fixa porque pode permitir também dar resposta a outro tipo de necessidades e objetivos que também gostaríamos de alcançar e que neste momento estamos limitados. Cabe às autarquias e a quem promove este tipo de iniciativas criar o conforto que as pessoas gostam e precisam. Por isso, é de todo importante munirmo-nos das melhores condições para ir ao encontro do que são as exigências do público”, assegurou.
A abertura da Feira dos Santos acontece esta sexta-feira ao final da tarde e até domingo são vários os momentos que marcam este certame único na gastronomia que apresenta – as febras – e cuja história pode descobrir nas páginas seguintes.
Este ano, pela primeira vez vai também ser realizado o primeiro concurso de Ovinos Serra da Estrela e o domingo esta reservado para um desfile com a presença de várias confrarias (ver texto nesta página).
Confraria das Febras estreia-se na Feira dos Santos com várias iniciativas
A Confraria das Febras e da Enogastronomia de Mangualde tem este fim de semana a primeira presença na Feira dos Santos e tem agendadas várias iniciativas que vão de uma reunião de confrarias a um showcooking onde vai ficar-se a saber o “segredo” desta iguaria. O grupo espera que se desloquem a Mangualde confrades vindos de todo o país.
“Este ano é a primeira vez e é também o primeiro ano de atividade e, por isso, não podíamos estar fora deste evento que é tão importante para o nosso território”, começa por dizer José Tomás, fundador e Grão mestre da Confraria.
O encontro confrádico começa logo pela manhã de domingo (5 de outubro) com uma reunião regional com as confrarias de Viseu e com a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas.
“A ideia é darmos o nosso contributo para melhorarmos ainda mais a marca, que já é boa, deste que é o maior evento de Mangualde. O evento que mais pessoas traz ao concelho durante o ano. Com isto estamos a cumprir os objetivos a que nos propusemos, que é promover e divulgar aquilo que de bom se faz em Mangualde, no que diz respeito à gastronomia, vinhos, queijos e outros produtos endógenos”, refere José Tomás.
Um dos grandes temas que será debatido na reunião regional é “o rumo e a importância do movimento confrádico nos territórios”.
“Existem em Portugal cerca de 300 confrarias, há uma grande atividade associada a estas confrarias, mas é preciso que a rede funcione ainda melhor, nomeadamente através do desenvolvimento de atividades conjuntas das confrarias que são da mesma região, que é algo que ainda não acontece com muita frequência”, sublinha.
A ideia deste debate, acrescenta José Tomás, é que “se fale a uma voz e que se possam fazer atividades concertadas, em rede e assim potenciar e alavancar melhor os territórios”.
Além desta reunião, a Confraria das Febras e da Enogastronomia de Mangualde está a organizar um convívio de almoço, no hotel da Senhora do Castelo. Durante a tarde de domingo, os confrades vão fazer uma visita-desfile à feira, onde passarão pelos stands onde estão expostos os vinhos e produtos endógenos da região.
O Encontro Confrádico da Feira das Febras de Mangualde terminaremos com um showcooking “sobre a forma tradicional de confeção da febra”. A iniciativa está agendada para as 17h00, no Mercado Municipal.
Uma confraria com ideias e parceira da região
Criada nos primeiros meses do ano – o primeiro capítulo de entronização aconteceu em maio – a Confraria das Febras e da Enogastronomia de Mangualde tem desenvolvido várias iniciativas e estão já pensadas outras tantas.
A Confraria tem como grande objetivo potenciar a gastronomia, mas não só.
“Queremos valorizar o património e o turismo, permitindo assim dar o nosso contributo para alavancar, ainda mais, o território de Mangualde”, sublinha José Tomás.
Além dos jantares báquicos, que pretendem promover as quintas e os vinhos de Mangualde – o próximo está agendado para dia 17 de novembro – a confraria tem já pensadas outras ações.
“Estamos com uma parceria com o Hotel da Senhora do Castelo para criar a partir do próximo ano a rota das quintas dos vinhos do Dão de Mangualde, que entrarão no eixo de comunicação do hotel e das confrarias, onde queremos impulsionar o turismo na nossa região, trazendo pessoas. Para além desta ideia da rota das quintas, queremos criar outros eventos ligados também ao turismo. Outra ideia é a rota do património cultural edificado e uma rota dos fornos comunitários”, refere.
A ideia é criar sinergias com as várias entidades do município. “Somos parceiros das entidades que estão no concelho, como a autarquia, juntas de freguesia e outras associações. Sendo complementares vamos dar o nosso contributo para promovermos, ainda mais, o crescimento e o desenvolvimento do nosso território”, finaliza.
