Geral

23 de 05 de 2023, 09:47

Diário

Empresários contra novas regras de pagamento no recinto da Feira de S. Mateus, em Viseu

Contra a entrega de 5 por cento das transações, feirantes ponderam avançar com "demonstrações de desagrado". Viseu Marca diz estar atenta às reivindicações, mas lembra que os tempos estão a mudar

Feira de Sao Mateus

Fotógrafo: Igor Ferreira

Feirantes e empresários que fazem a Feira de S. Mateus, em Viseu, estão descontentes com as novas regras de pagamento no recinto impostas pela organização para este ano e ponderam avançar com demonstrações de desagrado se não for encontrada uma solução. Viseu Marca diz estar atenta às reivindicações, mas lembra que os tempos estão a mudar e o certame tem de caminhar no sentido da transição digital.

Na edição deste ano da Feira, que começa a 10 de agosto, é obrigatório que todos os operadores utilizem o sistema operativo cashless (pagamentos feitos sem dinheiro ou cartão de débito e crédito). As vendas deverão ser registadas no sistema, sendo que, de acordo com o que está inscrito no regulamento, é “vedada a realização de qualquer transação de outra forma”. O regulamento ( no seu artigo 29) impõe ainda que cinco por cento de todas as operações, incluindo se realizadas em numerário, revertem para a organização.

Para os feirantes, esta obrigação não faz sentido, havendo quem equacione a sua legalidade.
Delfim Almeida, da Associação de Feirantes, confirmou que há queixas, nomeadamente no setor em que opera – restauração – porque o contrato feito com a Viseu Marca não é anual e foi através de concurso público. “Eles não nos podem estar a alterar o contrato assim sem mais nem menos”, disse Delfim Almeida, admitindo que “cinco por cento é muito dinheiro”. “Está tudo inclinado a não aceitar”, sustentou, aguardando por uma resposta da organização, depois de apresentadas as queixas.

As mesmas queixas chegam de outros empresários, nomeadamente no setor da diversão. “Não achamos correto que a Viseu Marca proceda à alteração do regulamento. Alterou o modus operandi que era habitual. Além de terem praticado um aumento nos preços para estarmos presentes, está agora a impor este método. Não é correto”, avançou Francisco Bernardo que faz parte da Associação Portuguesa de Empresários de Diversão.

Para o empresário, se não houver um recuo, os feirantes podem avançar para manifestações de desagrado como, por exemplo, levar os camiões para Viseu com os equipamentos em forma de protesto. “É importante que não tenhamos de chegar a este ponto”, acrescentou.
“Normalmente, a Viseu Marca marcava reuniões para tentar antecipar os problemas, mas nada disto foi feito. Por acaso houve um empresário atento que deu conta do artigo 29”, desabafou Francisco Bernardo que anunciou que a organização ficou de falar com os representantes durante esta semana.

Contactada pelo Jornal do Centro, a direção da Viseu Marca disse conhecer e estar atenta às preocupações dos feirantes.
“Conhecemos as preocupações. Temos estado a reunir. Esta foi uma decisão tomada por parte da direção no sentido de evoluir no processo da transição digital e garantir a sustentabilidade da Feira de S. Mateus”, disse Pedro Alves, que acrescentou ainda que já houve reuniões com os representantes. “Estamos empenhados em encontrar soluções para que toda a gente fique satisfeita com a Feira de S. Mateus, em especial os viseenses e que nos visita”, concluiu.

A introdução das pulseiras de cashless na Feira de S. Mateus foi feita há um ano, embora de uma forma híbrida. Na altura, a organização tinha anunciada que era intenção modernizar o certame, introduzindo práticas que são usadas em outros eventos com milhares de pessoas. Trata-se de um sistema que permite pagar tudo no recinto do evento sem haver troca de moedas e notas, embora, na edição anterior, a tradicional forma de pagamento também era possível.