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Marco Ramos
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Pedro Escada
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Joaquim Alexandre Rodrigues
Impressionante. É essa a primeira sensação que nos atravessa ao entrarmos na casa de Armando Marques, na freguesia de Povolide. Lá dentro, mais de 2.500 miniaturas de todo o tipo de transportes, com as mais variadas formas, tamanhos, marcas e características, estão alinhadas nas prateleiras dos móveis da sala de jantar. Algumas também já passaram para o escritório. Outras permanecem encaixotadas para o espaço não escassear.
Na vitrine à entrada da sala, uma fileira de carros faz-se notar. Peças quase polidas ou levemente retocadas, desvanecidas pelo tempo, algumas personalizadas pelo próprio Armando. “Foi a primeira viatura da minha coleção”, lança o colecionador, a apontar para um Mercedes-Benz 540L, esverdeado e descapotável, que comprou nos anos 90, ainda na Suíça. “Isto já não é uma sala de jantar, é um museu em miniatura”, diz-nos, entre sorrisos.
Taxista de profissão, ex-emigrante na Suíça e, por mero acaso, colecionador de miniaturas. Poderia ser muitas outras coisas, mas envergou por aquilo que lhe dá mais gosto. “São as coleções dos táxis – de diversos pontos do mundo – são coleções de camiões de outros tempos, são coleções de camiões articulados, são coleções de bombeiros, são coleções de motas e algumas bicicletas”, enumera. E a lista parece não terminar.
E quando é que tudo começou? Já com ideias de regressar a Portugal, “fui para comprar um carro, um Mercedes”, confessa. Não encontrou o modelo que queria e, por isso, decidiu comprar em miniatura numa simples ida ao supermercado. “Foi a partir daí que começou a brincadeira”, lança, com o olhar a fugir para a esposa, Maria Emília Marques, que assistia à nossa longa conversa.
Ainda nesse dia, “meti a miniatura em cima da televisão, daquelas antigas, sentei-me no sofá e comecei a olhar para a miniatura e gostei”, conta o colecionador, admitindo que retornou ao supermercado para compras mais peças. “Quantas miniaturas lá havia sem serem iguais, foram quantas eu trouxe”, assinala, entre gargalhadas.
E depois dessa, vieram outras. Cada uma com o seu propósito. “Tenho camiões que para mim representam muito, tenho aqui camiões com um valor que nem sei porque são muito antigos, na minha mão que já devem ter uns 25 anos, se não tiverem mais”, recorda, enquanto recua até ao seu verdadeiro táxi, mas em miniatura. É como se a realidade se aproximasse, cada vez que passamos os olhos pelos seus detalhes.
Mas, há uma miniatura especial. É pequena em tamanho e enorme em valor. Literalmente. “O camião que mandei fazer das minhas filhas, não vendo por nada”, confidencia, com um brilho no olhar. Rondou os 200 euros. Ainda assim, “é a viatura que mais gosto na minha coleção”. E na, realidade, não poderia ser de outra forma. E continuou a contar-nos: “Disse-lhes para mandarem uma fotografia, que fosse bonita, mas nunca souberam para o que era. Quando viram, ficaram todas contentes”, diz.
Os preços das miniaturas varia consoante os materiais de que são feitas, os pormenores e as marcas que se compra ou “onde se manda fazer”. A maior parte mantém-se entre os 100 e os 180 euros. Algumas “ainda se conseguem a 70 ou 80 euros, mas daí abaixo, poucas”, confessa.
No dia anterior à nossa conversa, tinha chegado mais uma peça. “Ontem chegaram duas até”, lança Maria Emília, do outro lado da sala de jantar, com um sorriso tímido. E Armando acrescenta que estão para chegar pelo menos uma duas: “é um jipe e um camião dos bombeiros que há-de chegar de Almeida”, do distrito da Guarda.
Ainda assim, o colecionador não se limita a comprar, como também a construir outras peças em madeira, ferro e esferovite. E não faltam os cenários para dar vida às milhares de miniaturas que ocupam as prateleiras das várias divisões da casa. “A maior parte delas são compradas, só que algumas vêm danificadas, as que vêm em segunda mão, então desmancho-as e pinto-as e preparo-as o mais possível”, refere, adiantando que usa caixas de papelão, acrílico e outros materiais para erguer as paisagens que visualizou para cada miniatura.
“É uma paixão”, suspira. Perguntámos-lhe por objetivos para toda aquela coleção de viaturas. E respondeu-nos de uma forma muito breve. “Devia pôr isto em Viseu para mostrar às pessoas” até porque quem já teve oportunidade de ver a quantidade de peças que Armando guarda, diz sempre “tem que pôr isto em exposição”. E lá chegará.
A esperança nunca a irá perder. Com um gosto especial por camiões, a coleção de Armando Marques não está fechada. Uma paixão dos anos 90 e que permanece até hoje. Promete que irá continuar.