Geral

07 de 10 de 2021, 18:21

Diário

Oficiais de justiça “esquecidos” queixam-se da falta de recursos humanos e condições de trabalho

Comarca de Viseu tem os recursos humanos mais envelhecidos do país, diz Sindicato dos Funcionários Judiciais. Trabalhadores queixam-se das horas extras não compensadas e dos equipamentos obsoletos

Sindicato dos funcionarios judiciais carrinha da justiça

Fotógrafo: Igor Ferreira

Há falta de recursos humanos e de condições de trabalho nos tribunais. A garantia é do Sindicato dos Funcionários Judiciais que, por estes dias, tem percorrido o país para ouvir o que tem a dizer os oficiais de justiça. Através da iniciativa “caravana da justiça”, o SFJ espera poder fazer um retrato real das condições dos vários tribunais.

Por estes dias a caravana andou pela comarca de Viseu, que é composta por 18 tribunais. Durante o dia desta quinta (7 de outubro), o SFJ passou por Lamego, Viseu e Tondela.

O Jornal do Centro acompanhou a visita ao Tribunal de Viseu onde foi possível ouvir testemunhos de alguns trabalhadores que alertaram para a falta de recursos humanos, as consecutivas horas extras não compensadas ou os equipamentos obsoletos. Ao sindicato, os oficiais de justiça garantiram que sentem que foram esquecidos pelos governantes.

Para conhecer a realidade dos tribunais, os trabalhadores têm preenchido inquéritos sobre recursos humanos e condições de trabalho. O objetivo é fazer chegar estes dados aos responsáveis políticos.

“Caravana da Justiça tem chegado a todo o país, temos seis carros a circular. O objetivo é recolher informação ao nível dos recursos humanos, edificado e equipamentos, bem como dados sobre histórias de vida dos oficiais de justiça. A ideia é o sindicato ficar com uma base de dados para depois poder trabalhar e reivindicar melhores condições”, explicou Luís Barros, do secretariado do SFJ da comarca de Viseu.

O responsável disse ainda que a comarca de Viseu é a que tem os recursos humanos mais envelhecidos do país, com uma média de idades entre os 55/60 anos.

“Prevê-se que em 2027, em todo o país, cerca de 2350 trabalhadores vão para a reforma. Esta é uma situação muito complicada para quem fica. Se não entrar ninguém o sistema pode colapsar”, alertou Francisco Menezes do secretariado nacional.

O sindicalista lembrou ainda as más condições de vários tribunais, nomeadamente no distrito de Viseu. “Existem tribunais na comarca onde não há acesso a deficientes, onde chove, há ranhuras nas paredes, falta de equipamentos como impressoras. Edifícios que já foram reabilitados e requalificados e que ninguém vê se está tudo bem. Tabuaço, por exemplo, choveu no ano em que o tribunal foi construído. Castro Daire é outro caso onde há muitas infiltrações. E tudo isto se reflete no trabalho diário dos oficiais de justiça”, destaca.

Estas reivindicações, “há muito exigidas”, e os resultados dos dados recolhidos pela Caravana da Justiça, vão chegar, a 15 outubro, ao presidente da Assembleia da República e ao secretário de Estado da Justiça.