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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Nádia Martins
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Vítor Santos
Em menos de uma semana, o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) de Moimenta da Beira recebeu mais duas queixas por descargas poluentes no Rio Paiva. A história repete-se e, em cerca de um mês, Vítor Bouça vai já na terceira reclamação.
O presidente do Clube de Caça e Pesca de Vila Nova de Paiva tem sido uma das vozes que se tem insurgido às descargas que acontecem “há vários anos” e que o Jornal do Centro tem vindo a noticiar.
Esta manhã, Vítor Bouça voltou a contactar o SEPNA para dar conta de mais uma situação que considera “grave”.
“Fiz uma queixa na semana passada, hoje novamente. Isto já não é novo, é de alguns anos, mas ultimamente mais constante, se não é todas as semanas é de quinze em quinze dias. Isto é uma situação grave”, disse.
Vítor Bouça lamenta que o problema não seja resolvido, já que pode estar em causa a saúde da população.
“O clube tem uma conceção do Rio Paiva em termos de pesca, e esta situação é grave para os animais, para as trutas, para as espécies que temos no rio. Mais grave ainda, e que é o que revolta mais, é que grande parte da água para consumo para a freguesia de Vila Nova de Paiva sai de uma exploração do Rio Paiva, nomeadamente na Quinta da Azenha. Temos nas nossas torneiras água com esta poluição, que está a ser constante”, destacou, lembrando que a água é tratada “mas provavelmente não para este tipo de poluição.
Quanto às queixas, Vítor Bouça diz saber que o “SEPNA tem feito o trabalho que lhe compete”, mas a verdade é que nada está a acontecer.
Da mesma opinião é António Rocha Santos, proprietário de uma quinta que funciona como turismo rural, situado em Segões, no concelho de Moimenta da Beira, onde estão localizadas as pedreiras que serão o foco das descargas. Ao Jornal do Centro explicou que chegou a ter hospedes que ligaram “a pensarem que os canos de casa tinham rebentado”.
António Rocha Santos lembra que foi dos primeiros a alertar para esta situação, “há muitos anos”. “Já foi há muito tempo, talvez 10 anos, já não sei bem. Mas, logo na altura alertei para a situação”, assegurou.
António Rocha Santos foi presidente da Junta de Freguesia de Segões e foi nessa qualidade que chegou a reportar a situação à Câmara Municipal de Moimenta da Beira.
GNR confirma queixas e autos. APA continua sem dar resposta
Recentemente, o Jornal do Centro solicitou à GNR esclarecimentos sobre as descargas, tendo sido confirmado que nos últimos dois anos, de 2020 a 2022, foram elaborados cinco autos de contraordenação devido a descargas poluentes no Rio Paiva, explicando que têm dado resposta às várias denúncias apresentadas ao SEPNA.
Questionada, a GNR chegou explicar que “nos últimos três anos, registou várias denúncias de particulares e entidades, por o leito do rio Paiva apresentar águas opacas e com tonalidade esbranquiçada”. Em todas as situações, garantiu, “a Guarda mostrou-se particularmente atenta, enviando com frequência as patrulhas do Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) ao local”.
A força policial explicou ainda que, os cinco autos de contraordenação elaborados nos últimos dois anos “foram remetidos para a Administração da Região Hidrográfica do Norte [da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)] e a situação foi, também, comunicada à Direção Geral de Energia e Geologia”.
Também estas duas queixas recentes viram ser elaborados expedientes que serão remetidos à APA.
O Jornal do Centro continua a aguardar uma resposta da Administração da Região Hidrográfica do Norte, da APA. Foi ainda contactada a Câmara Municipal de Moimenta da Beira mas sem sucesso.