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22 de 07 de 2021, 09:39

Diário

Sapadores florestais em greve para "criar uma carreira"

Greve arranca esta quinta-feira. Profissionais reclamam por reconhecimento da profissão, melhores salários e estatuto profissional. Queixam-se de que são ignorados pelo governos há 22 anos

sapador florestal

Os sapadores florestais estão em greve esta quinta e sexta-feira (22 e 23 de julho). Os profissionais exigem o reconhecimento da profissão que, em Portugal, emprega mais de 2.000 pessoas além de melhores salários e um estatuto profissional.

Os sapadores florestais, que afirmam ter o salário mais baixo da Proteção Civil, já tinham alertado para a sua situação numa ação decorrida recentemente em Sátão.

Em declarações ao Jornal do Centro, o coordenador do Sindicato Nacional da Proteção Civil, Alexandre Carvalho, diz que esta classe tem sido ignorada pelos governos nos últimos anos.

“O que motiva esta greve é um abandono sucessivo do programa de sapadores florestais. Há 22 anos que são esquecidos pelos sucessivos governos e nesse sentido o que nos move é criar uma carreira e um estatuto profissional e uma profissão regulada e reconhecida, que é coisa que não existe, e a atualização do salário para valores justos e dignos para todos os sapadores”, afirma.

Alexandre Carvalho lembra que o sapador florestal “é um trabalhador especializado que atua durante todo o ano”, atuando durante o inverno e o verão em trabalhos de agricultura preventiva e na prevenção dos incêndios, e é importante para a região de Viseu e o país.

O sindicalista antecipa uma grande adesão por parte dos sapadores florestais na região. “Não podemos obrigar ninguém a aderir à greve, mas há equipas que vão estar paradas na sua totalidade e uma adesão muito forte no distrito de Viseu”, garante.

Questionado se a paralisação vai provocar uma falta de meios na floresta, Alexandre Carvalho admite a possibilidade de haver “muitas falhas na silvicultura e na vigilância”, mas garante que há algumas equipas que vão continuar no terreno.

“Haverá sempre meios. Há equipas que não vão parar e que nós temos a certeza muito por causa do medo instituído no setor”, diz.

O Sindicato Nacional da Proteção Civil vai ainda realizar em Lisboa, junto ao Ministério do Ambiente, uma concentração com sapadores florestais fardados que vão simbolicamente depositar os seus capacetes.

Entretanto, o Governo, através das secretarias de Estado da Conservação da Natureza e Florestas e do Trabalho e Formação Profissional, criou um grupo de trabalho para resolver a situação atual das carreiras dos sapadores florestais, nomeadamente ingressos, vencimentos, categorias e formação profissional, devendo a primeira reunião ocorrer em setembro.