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01 de 04 de 2021, 16:58

Autárquicas'21

Autárquicas: Incompatibilidades, deslealdades e “birras”

Primeiro Santa Comba Dão, depois Nelas e Agora Moimenta da Beira. Resende e Lamego podem estar a caminho. Na “batalha” das Autárquicas deste ano já há baixas a contabilizar

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Primeiro Santa Comba Dão, depois Nelas e Agora Moimenta da Beira. Resende e Lamego podem estar a caminho. Na “batalha” das Autárquicas deste ano já há baixas a contabilizar e estes são alguns exemplos. Incompatibilidades, deslealdades e “birras” levam políticos a bater com a porta.
O mais recente caso aconteceu em Moimenta da Beira. Alcides Sarmento, o até então presidente da Concelhia do PS e da Assembleia Municipal, renunciou a todos os cargos, depois de ver que o seu nome, que ele diz ter sido legitimamente escolhido pelos militantes para encabeçar a lista à Câmara, não foi a opção da Federação Distrital.
“Aceitei com responsabilidade e honra a tarefa, difícil, de cumprir aquele objetivo”, começa por dizer num longo comunicado, no qual refere que o PS que ajudou a construir já não é o seu PS.
“Respeitando a Lei, as normas e estatutos do PS, defendi o que lá está estabelecido, ou seja, o respeito pela autonomia das estruturas concelhias, cabendo a elas e só a elas a definição da política local e, bem assim, a designação dos seus candidatos. Entendimento diferente tem o atual Presidente da Federação Distrital de Viseu do PS que, à distância, inexplicavelmente quis comandar o processo autárquico de Moimenta da Beira, sem nunca ter manifestado qualquer razão política ou eleitoral para preferir acompanhar aqueles que, dependendo exclusiva e oportunisticamente da política, hostilizam e desrespeitam os moimentenses”, lê-se, ainda, no comunicado.
O presidente da Federação, José Rui Cruz, desvaloriza a posição de Alcides Sarmento e apenas refere que o conteúdo do comunicado será analisado nos órgãos próprios.
O líder distrital admite que “há processos complicados” quando se estão a preparar listas autárquicas e que o papel da Federação é, precisamente, ver as situações onde “não se pretende aquilo que é a melhor solução para o partido ou não se quer ver”. “Há duas formas da Distrital atuar. Uma seria achar que está tudo bem e nada fazer e a outra chamar assim a decisão. Nestes dois casos, a Distrital chamou a si as decisões e o tempo vai mostrar que fizemos bem”, sustenta.
Além de Moimenta da Beira, José Rui Cruz refere-se a Nelas, onde também acabou por ser a Federação Distrital a “impor” o nome do atual presidente, Borges da Silva, para a recondução no cargo, depois da Concelhia ter aprovado a candidatura de Sofia Relvas que já foi vice-presidente do executivo e de onde saiu em 2018.

Nelas e Resende

E ainda no PS, há outra polémica instalada. A norte do distrito, em Resende, o socialista e atual presidente, Garcez Trindade, pode estar a caminho de se candidatar como independente. A “guerra” entre o autarca e o presidente da Concelhia é antiga e já vem desde que Jorge Caetano foi “despedido” de chefe de gabinete do autarca.
Na passada semana, a Concelhia reuniu para deliberar sobre a recandidatura. Em declarações ao Jornal do Centro, Garcez Trindade diz que não há motivo para a sua recandidatura ser 'votada' pelos militantes do partido até porque “automaticamente, dentro dos princípios gerais, o candidato a Resende é o atual presidente”, dependendo do número de mandatos já executados.
Refere ainda que irá avançar com uma reclamação à Comissão de Jurisdição do PS Viseu, “pedindo a anulação de todas as decisões que foram feitas nessa reunião”. Caso não seja aceite, “iremos promover uma candidatura independente e aí vai acontecer aquilo que é costume: vamos dividir os votos”, remata.

Santa Comba Dão e de novo Nelas

As incompatibilidades chegaram também a Santa Comba Dão. João Onofre não foi escolhido como candidato e pediu a demissão de militante e assume-se agora como vereador independente na Câmara. Estava há 39 anos no PSD. A escolha da Concelhia recaiu no presidente deste órgão partidário, José António Correia que já esteve no executivo, na altura, liderado por João Lourenço.
E de volta a Nelas, a coligação já assumida PSD/CDS também “fez vítimas”. O presidente da estrutura local do CDS, Manuel Henriques, retirou-se do processo e colocou o lugar à disposição, depois do vereador Manuel Marques ter dito que não fazia parte de nenhuma lista de coligação onde fosse o número 2. No entendimento de alguns militantes, Manuel Marques deveria ser o cabeça-de-lista da coligação, como defendeu, por exemplo o vice-presidente dos órgãos nacionais, Paulo Duarte, até tendo em conta uma sondagem que dava maior visibilidade ao vereador do CDS.
No final de contas, o candidato da coligação é o social-democrata e atual vereador Joaquim Amaral.