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Diana Fernandes

30 de 07 de 2021, 17:12

Lifestyle

Hepatites: A prevenção depende de si!

Embora muitas vezes assintomática ou acompanhada de poucos sintomas, a infeção pode manifestar-se através de icterícia, urina escura, cansaço intenso, náuseas, vómitos e dor abdominal

No passado dia 28 de julho celebrou-se o Dia Mundial das Hepatites. Esta celebração tem como intuito clarificar aspetos referentes à infeção, sublinhar a sua prevalência a nível mundial, sensibilizar para a necessidade de investir na prevenção e informar os doentes, os seus familiares e a população em geral.
A hepatite é uma inflamação do fígado, que pode desaparecer espontaneamente ou uma vez que o fígado não consegue desempenhar as suas funções corretamente, as lesões nele causadas podem evoluir e causar consequências graves. Os vírus da hepatite são a causa mais comum de hepatite, mas pode também ser causada por substâncias tóxicas (por exemplo, álcool e alguns medicamentos) e doenças autoimunes. Uma vez que existem vários tipos, a sua gravidade é muito variável. Algumas formas resolvem-se apenas com repouso, enquanto que noutros casos pode haver necessidade de recorrer a um tratamento mais complexo que permita controlar a evolução da doença sem a curar.
A hepatite representa um elevado risco para a saúde global, uma vez que existem cerca de 240 milhões de pessoas com infeções crónicas por hepatite B e cerca de 130-150 milhões de pessoas infetadas pelo vírus da hepatite C.
As hepatites A e E são geralmente causadas por ingestão de alimentos ou de água contaminados, enquanto as hepatites B, C e D resultam do contacto com fluidos corporais infetados, como pode ocorrer numa relação sexual, numa transfusão de sangue, na partilha de seringas ou na transmissão da mãe para o filho durante a gravidez. Descoberta recentemente, a hepatite G é transmitida, sobretudo, pelo contacto sanguíneo.
Embora muitas vezes assintomática ou acompanhada de poucos sintomas, a infeção pode manifestar-se através de icterícia, urina escura, cansaço intenso, náuseas, vómitos e dor abdominal.
O vírus da hepatite pode causar infeções agudas e crónicas, como, por exemplo, a inflamação do fígado, podendo levar ao desenvolvimento de cirrose e cancro hepático.
Felizmente trata-se, geralmente, de uma doença com cura, pelo que se apela ao diagnóstico precoce e consequente tratamento.
No entanto, na base do combate a esta doença, encontra-se a vacinação. Existem disponíveis vacinas contra a hepatite B e contra a hepatite A. A vacina contra a hepatite B, integra o Plano Nacional de Vacinação (PNV) e é administrada desde o nascimento, sendo necessárias 3 doses para se considerar que o esquema se encontra cumprido. A vacinação contra a hepatite B torna-se de suma importância uma vez que:
é a forma mais efetiva de prevenir a doença (cerca de 95% a 99% das pessoas, desenvolvem anticorpos protetores, após a vacinação).
reduz a incidência e mortalidade por hepatite B, mantendo a doença controlada, uma vez que o vírus circula na comunidade, através de portadores crónicos.
Evita a doença na sequência de viagem a países endémicos.
Promove a imunidade de grupo, protegendo também os que não podem ser vacinados ou não respondem à vacinação.
Já a vacina contra a hepatite A, apesar de recomendada, é uma vacina extra PNV. No entanto sabe-se que se obtém anticorpos específicos contra o vírus da hepatite A em 70 a 90% dos vacinados com 1 dose e em mais de 99% dos vacinados com 2 doses, o que mais uma vez corrobora a eficácia e importância da vacinação.
Para além da vacinação a DGS recomenda algumas medidas que visam reforçar e complementar a prevenção da hepatite e que variam de acordo com o tipo da doença.
Hepatite A e E: reforço da higiene pessoal, familiar e doméstica, com particular ênfase na lavagem frequente das mãos, região genital e perianal, antes e após a relação sexual; optar por alimentos cozinhados ou crus bem lavados e ingestão de água potável.
Hepatite B, C, D e G: Uso de preservativo em todo o contato íntimo; recurso a material descartável novo, sempre que realizar piercings, tatuagens e acupuntura; em caso de consumo de drogas injetáveis não partilhar seringas e evitar contacto com sangue contaminado.
Em suma, apostar na prevenção é a chave para combater a hepatite. Por isso cuide de si e não se esqueça do adágio popular “prevenir é o melhor remédio”!


Diana Fernandes
Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica na Unidade de Cuidados na Comunidade Viseense