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“Nunca mais”, disseram os povos após derrotarem o monstro nazi.
Alguém se atreve, hoje, a legitimar o Holocausto? Alguma justificação valida o assassinato de milhões de seres humanos? Quantos de nós nos interrogámos “como pôde acontecer?”; “como pôde o mundo assistir ao horror do nazi-fascismo e não o conseguir travar?”; “como pudemos ser cúmplices?” É hoje evidente que aquele foi um dos episódios mais infames da História da Humanidade. Acreditamos, talvez, que crimes hediondos daquela natureza e dimensão não se repetem. Afinal, nada justifica o extermínio de um povo, certo?
Imaginemos, pois, um território ocupado por um povo que sempre ali viveu e ali construiu a sua identidade. Como nós aqui, neste nosso Portugal. Continuemos a imaginar. A dada altura alguém decide que aquele território deve pertencer a um outro povo vindo de fora e, portanto, deverá ser por ele ocupado (podemos abreviar e chamar-lhe apenas “colonialismo”), expulsando aqueles que sempre ali viveram. Continuemos e façamos o exercício de pensar que um dia alguém chega ao nosso cantinho autónomo e independente que é Portugal, ocupa as nossas casas e nos manda embora. Qual seria a nossa reacção?
A isto tem sido sujeito o povo palestiniano nas últimas décadas. Expulsos do seu território, humilhados nas suas casas, vivendo em condições cada vez mais degradantes, com carências a vários níveis. Vendo, no seu próprio país, serem controladas todas as entradas e saídas de bens e pessoas pela potência ocupante – Israel. Os mesmos que têm encarcerados nas suas prisões milhares de palestinianos, muitos deles crianças, muitos deles sujeitos a tortura, sem que conheçam formalmente a sua acusação. O “crime” é, na maior porte dos casos, resistir à ocupação e defender a sua dignidade e autonomia. Alguém nega ao povo palestiniano o direito à resistência, consagrado no direito internacional, ou é um direito que assiste apenas a alguns? Seria hipocrisia fazê-lo, não é verdade?
A morte de inocentes nos acontecimentos de 7 de Outubro é de lamentar. Desde então, Israel desencadeou uma ofensiva sem precedentes que transformou a Faixa de Gaza numa campa a céu aberto: mais de 40 mil mortos identificados, sendo que este número deverá ascender aos 200 mil, se contabilizados os vários desaparecidos sob os escombros. Mais de metade são mulheres e crianças. Entre as vítimas contam-se centenas de jornalistas, profissionais de saúde, membros de organizações de ajuda, nomeadamente da ONU. Israel travou a entrada de alimentos e medicamentos, cortou o acesso à água e à electricidade. Bombardeou zonas residenciais, hospitais, escolas, campos de refugiados. Não há um metro quadrado, em toda a Faixa de Gaza, onde alguém se possa sentir em segurança. Os ataques são indiscriminados e nem as múltiplas resoluções da ONU, do Tribunal Penal Internacional e do Tribunal Internacional de Justiça conseguiram impor o cessar-fogo. A impunidade é de tal ordem, que os ataques de Israel estenderam-se à Síria, ao Irão e ao Líbano.
O argumento usado para justificar esta ofensiva – com a conivência de potências internacionais como os EUA e a União Europeia, que inclusivamente fornecem ou facilitam o fornecimento de armamento e mantêm acordos comerciais com Israel – cai por terra quando Israel se nega a negociar qualquer acordo tendo em vista a recuperação dos reféns. O genocídio a que estamos a assistir põe a descoberto a hipocrisia das “democracias ocidentais” e dos “valores europeus”. Ao contrário do que nos querem fazer crer, não é uma guerra Israel – Hamas, não se trata de uma operação humanitária para salvar vidas. O objectivo é a punição colectiva de um povo – aliás, algo já assumido sem qualquer pudor por várias figuras do governo de Israel – e é a limpeza étnica do povo palestiniano.
Voltando à interrogação inicial: há alguma justificação para o extermínio de um povo? Pode alguém defender o genocídio do povo palestiniano? Um dia será fácil olhar (como hoje olhamos para a Alemanha dos anos 1930) e falar do horror que se vive no Médio Oriente. Um dia veremos o que aconteceu na Faixa de Gaza em 2024 e diremos “como pôde acontecer?” Nunca mais é mesmo nunca mais!
Está ao nosso alcance apoiar o povo palestiniano. Está ao nosso alcance exigir o cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza e o fim da escalada de confrontação por Israel no Médio Oriente. Está ao nosso alcance exigir do governo português a defesa dos direitos do povo palestiniano, conforme os princípios constitucionais e o direito internacional. Entre 2 e 12 de Outubro, um conjunto de organizações promove uma Jornada de Solidariedade com o Povo Palestiniano e Pela Paz no Médio Oriente, que terá lugar em várias cidades do país. Em Viseu irá realizar-se uma concentração no dia 5 de Outubro (sábado), no Rossio, pelas 10h.
Helena Barbosa
Membro da Presidência do Conselho Português para a Paz e Cooperação, Mensageiro da Paz da ONU
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