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O Castelo de Penedono, situado na região da Beira Alta, é um dos mais emblemáticos de Portugal, tanto pela sua história quanto pelas lendas que o rodeiam. A sua origem remonta a tempos pré-romanos, mas os registos mais antigos referem-se à época da Reconquista cristã da Península Ibérica. A fortificação que hoje domina a paisagem é resultado de múltiplas fases de construção e reconstrução, refletindo as transformações políticas e militares da região.
No ano de 987, Penedono foi invadido pelos exércitos de Almançor e só foi reconquistado entre 1055 e 1057 pelas forças de D. Fernando I de Leão. Durante séculos, o castelo desempenhou um papel estratégico nas batalhas travadas na Península, tornando-se um bastião essencial para a defesa do território português.
As lendas associadas ao Castelo de Penedono enriquecem a sua história e tornam-no um ponto de interesse cultural. Uma das mais enigmáticas é a Lenda da Fraga do Castelo. No lado nordeste da fortaleza, existe um rochedo de tom avermelhado onde, segundo a tradição oral, nunca cresceu musgo ou qualquer outra vegetação. Diz-se que a coloração do rochedo advém do sangue derramado em batalhas contra os mouros, uma marca eterna das lutas travadas pelo domínio da região.
Outra versão da lenda sugere que o rochedo ficou manchado após a trágica queda de um cavaleiro apaixonado, que, na tentativa de conquistar a sua amada, encontrou a morte ao precipitar-se do alto das muralhas.
Outra história intrigante é a Lenda das Duas Pedras do Castelo. Na fachada da fortaleza, destacam-se duas pedras brancas que, segundo a tradição, são as tampas de duas caixas deixadas por uma moura rica. Uma das caixas conteria um tesouro, enquanto a outra esconderia uma terrível maldição. O medo de libertar a maldição impediu que alguém as movesse, mantendo o mistério intacto até aos dias de hoje.
Uma das mais célebres narrativas associadas ao Castelo de Penedono é a lenda do Magriço, imortalizada por Luís de Camões em “Os Lusíadas”. Álvaro Gonçalves Coutinho, conhecido como o Magriço, era descendente de uma das famílias mais influentes de Portugal nos séculos XIV e XV e tornou-se famoso pela sua participação na história dos Doze de Inglaterra.
Os Doze de Inglaterra eram um grupo de cavaleiros portugueses que viajaram para terras britânicas para defender a honra de doze damas inglesas, que haviam sido ofendidas sem encontrar defensores locais. A pedido do Duque de Lencastre, e com o apoio do Rei D. João I, os cavaleiros aceitaram o desafio e partiram para a Inglaterra. Lá, combateram e venceram doze nobres ingleses, restaurando a honra das damas e elevando a reputação de Portugal como terra de guerreiros honrados.
No entanto, o destino do Magriço após esta façanha foi marcado por adversidades. Regressando a Portugal, caiu em desgraça na corte e decidiu partir para o Ducado da Borgonha. Serviu João Sem Medo durante a Guerra dos Cem Anos, sendo reconhecido pelos seus serviços e nomeado escudeiro da corte. No entanto, em 1419, foi despojado dos seus bens e aprisionado na fortaleza de Carcassonne. Apesar das dificuldades, conseguiu regressar a Portugal no mesmo ano, embora sem fortuna.
A história do Magriço reflete os altos e baixos da vida medieval, onde mesmo os heróis podiam enfrentar infortúnios inesperados. O seu legado permanece como símbolo de honra, coragem e lealdade, valores fundamentais da cavalaria medieval.
O Castelo de Penedono apresenta uma combinação de elementos arquitetónicos românicos e góticos, refletindo diferentes fases da sua evolução. No século XIV, D. Fernando ordenou reformas estruturais, e mais tarde, D. Manuel I concedeu um novo foral à vila em 1512, consolidando a sua importância regional.
Hoje, o castelo é um monumento classificado desde 1910, reconhecido não apenas pela sua relevância histórica, mas também pela riqueza cultural e inspiradora. Vários artistas e escritores evocaram o seu nome, e grupos folclóricos, como “O Sincelo”, mantêm viva a tradição oral e musical da região.
O Castelo de Penedono continua a ser um símbolo de resistência e mistério, perpetuando na memória coletiva as lendas e feitos históricos que o tornam um dos locais mais fascinantes de Portugal.