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É conhecida a teoria do Tempo Linear que domina a nossa cultura judaico-cristã. Diz que o tempo se move no sentido do princípio para o fim, do Génesis para o Apocalipse Final. Isso vem a propósito do lançamento de um livro que envolve personagens conhecidas: “Génesis–Inteligência Artificial, Esperança e o Espírito Humano”. Tudo começou num ensaio publicado em 2018 por Henry Kissinger, na altura com 95 anos. Kissinger era uma figura mundialmente conhecida, sempre atento ás novas tecnologias e acreditava que elas tinham uma grande influência na política.
Em 1957 começou a chamar a atenção para o nuclear e para os seus efeitos destrutivos. É dele a frase: a partir de agora, o único resultado de uma guerra total será uma derrota de ambos os contendores. Em 1968 chamava a atenção de Rockfeller para a informática do Estado. Dizia que isso ajudava nos fluxos de informação, mas que os altos funcionários corriam o risco de se afogarem em dados e que as decisões se tornariam impossíveis! O desenvolvimento da IA foi a última preocupação deste visionário. Deixa este livro, escrito em parceria com Eric Schmidt, antigo diretor-executivo e presidente da Google e Craig Mundie, antigo diretor de investigação e estratégia da Microsoft.
Faço uma primeira reflexão dirigida para os impactos da IA na Política. Ele via os dois lados, positivo, negativo e ponderava se ela seria um Novo Iluminismo? Isto porque as novas tecnologias têm sempre um poderoso marketing. Tivera a experiência com o nuclear onde os efeitos destruidores foram omitidos no seu início. Defendia que era na Sabedoria Humana que se deveriam procurar as soluções e dentro de uma coexistência com a IA. Era preciso saber responder se queríamos uma IA parecida connosco ou um mundo parecido com a IA? Esta resposta era decisiva!
Alguns acreditam que o melhor caminho é aproximá-la do cérebro humano. Aqui o Homem poderia ver a sua própria excelência alargada. Outros defendem uma mistura de IA com elementos dela decorrentes e com estruturas e inovações adicionais. Mas também pode acontecer construirmos uma máquina que ultrapassa largamente as capacidades do cérebro humano. O cérebro seria apenas um ponto de passagem para algo maior.
Quer dizer, entramos no domínio do paradoxo! Queremos uma coisa parecida com o cérebro, mas superior ao cérebro! Mas como, nós ainda hoje não compreendemos o cérebro na sua totalidade! Como melhorar o que ainda não se conhece? Então o que queremos é diferente do cérebro, queremos a sua substituição! Ou alguma coisa parecida com o cérebro, mas que nos leve a uma dependência onde alguns se julgarão divindades. Ouvi recentemente, o Homem afastou Deus, mas agora procura-o na Tecnologia! Mesmo considerando ter semelhanças com o cérebro, a IA acabará por o ultrapassar na velocidade, diversidade, escala e reorganizará a hierarquia da Inteligência. Mas isto pode ser apenas o princípio!
Aqui começa a Política! Quando a IA se comportar como os novos conquistadores, a liderança humana será apenas o intermediário. E quando chegar aos centros de decisão política? A política não é tecnocêntrica e a democracia é vulnerável ás irracionalidades humanas e ás ideias virais! Na verdade, o debate atual da IA é antigo na filosofia política, uma espécie do Regresso do Rei. É definir ou contrariar a viabilidade da sabedoria de uma pessoa contra a sabedoria de muitos. Na Antiguidade, Platão e Aristóteles já discutiam a essência da melhor governação. Platão defendia a ideia do Rei-Filósofo com sabedoria sobrenatural e Aristóteles defendia que todos os cidadãos participassem na administração do Estado. Na Renascença, Maquiavel aconselha os governantes a abandonarem a arte da prática e a suspender a ética! O que terá a IA de novo?
A repetição de uma ideia da União Soviética em plena Guerra Fria? Ela quis construir um aparelho político-cibernético para combater as forças do mercado livre. Afinal o mesmo que Platão queria! A IA pode começar a processar informação com objetivos políticos, mas também decisões políticas. O problema começará quando a liderança humana divergir! Nesse caso, que decisão deve prevalecer? Quer dizer, sempre sonhámos com um rei com sabedoria sobrenatural, tal como Platão e só agora a tecnologia tornou isso possível! É a polémica que se renova, um Rei ou a participação dos Cidadãos? Aristóteles venceu na Antiguidade, provavelmente teremos agora um outro vencedor?
O Prof. João Duque, grande entusiasta da IA, dizia na sua última coluna do Expresso: A IA generativa dá sinais muito rápidos de degenerescência, transformando os resultados que deveriam ser cada vez mais certos, em resultados que, nalguns casos, são cada vez mais obscuros…Eu mesmo experimentei erros na aplicação de fórmulas simples em Finanças…O desastre sucederá quando confiarmos que os resultados estão certos, agirmos em função deles porque deixámos de validá-los.
Fica também por terra a ideia do Tempo Linear, porque as ideias e o sentido do poder vão-se repetindo. Talvez não haja Génesis nem Apocalipse, nem Princípio ou Fim, mas apenas ciclos que se renovam com pequenas/grandes mudanças…Um Tempo Circular!
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