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O futebol está-lhe nos dedos: É de Viseu um dos maiores talentos no eFootball

Astúcia, velocidade de movimento e capacidade de reagir rapidamente às adversidades. Sempre a carregar no comando. Pode ser esta a fórmula de sucesso de um jogador de futebol virtual. Bernardo Figueiredo é hoje um dos nomes maiores do futebol jogado com um comando na mão. Levou Viseu ao segundo lugar nacional e sonha com outros voos

Carlos Eduardo Esteves
 O futebol está-lhe nos dedos: É de Viseu um dos maiores talentos no eFootball
04.01.25
fotografia: Jornal do Centro
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 O futebol está-lhe nos dedos: É de Viseu um dos maiores talentos no eFootball
06.01.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 O futebol está-lhe nos dedos: É de Viseu um dos maiores talentos no eFootball

Bernardo Figueiredo, 25 anos, levou Viseu à prata num torneio de futebol virtual Interassociações

Quando aos cinco anos Bernardo Figueiredo começou a jogar futebol numa consola com um amigo estava longe de imaginar que, anos mais tarde, estaria no top-32 de jogadores de futebol virtual a nível nacional. “Lembro-me de jogar com um amigo. Não era eu quem tinha os jogos. Ia sempre para casa dele para jogarmos”, conta. Na altura, recorda, ele e o amigo jogavam por diversão, para ‘controlarem’ os ídolos, os jogadores que viam na televisão.

“Jogávamos quase todos os dias”, confessa. E foi o convívio e a prática que o levou, anos depois, a ouvir o treinador da altura que lhe sugeriu que participasse para a Grande Final de 1×1 da Federação Portuguesa de Futebol. “Disse- me que eu dava uns toques e desafiou-me. Assim fiz”, completa. Quando se apercebeu estava em 2019 nos 32 melhores jogadores portugueses. Um ano mais tarde representou o Leões de Porto Salvo e seguiu para Braga. Foi ao serviço do Sporting de Braga que, confessa, terá vivido, até agora, o melhor ano competitivo. “Fui campeão nacional da eLiga Portugal, venci os Playins e apurei-me para os Playoffs do campeonato do mundo e terminei o ano com um Top4 nacional na Grande Final da FPF”, detalha.

A prata para Viseu no Torneio Interassociações

Este ano, a Federação Portuguesa de Futebol decidiu organizar a primeira edição do Torneio Interassociações de Futebol Virtual. Bernardo Figueiredo lutou em Viseu por representar o distrito numa competição a nível nacional. A primeira competição de futebol virtual da Associação de Futebol de Viseu viria a ser ganha por Bernardo a representar o Grupo Desportivo de Parada. O triunfo foi diante do Vila Chã de Sá. Doze clubes foram representados. 

“Julgo que o torneio de Viseu foi o que teve o maior número de participantes. Houve uma fase de grupos, passavam os primeiros de cada grupo e o segundo melhor. Depois, meia-final e final. Defrontei o Pedreles na meia-final e venci o Vila Chã de Sá na final. Foram partes de seis minutos. Joguei quase todo o torneio com o Real Madrid. Comecei o torneio com a seleção portuguesa os primeiros dois jogos”, explica. Seguiu-se uma viagem até Lisboa para representar Viseu. E o nome do distrito viseense ouviu-se até ao jogo final. “Fiz a fase de grupos com seis vitórias e um empate e perdi a final por 5-3”, assinala. 

Foi a Associação de Futebol do Algarve a sorrir no final. Viseu ganhou a prata. “Depois do Torneio Interassociações, logo no dia seguinte, estive numa prova onde estavam os 32 melhores jogadores portugueses, o Christmas Challenge. Voltei a ficar em segundo lugar. Entretanto vão existir mais qualificadores europeus, eLiga, entre outras”, sustenta.

Mbappé, o aliado indispensável

Para que estes sucessos se vão sucedendo, há um jogador de que Bernardo não prescinde. Hoje joga no Real Madrid e é francês. As pistas estão dadas. “Na minha equipa jogo sempre com o Mbappé. Sempre, sempre, sempre. Tem de ser. Não jogo sem ele. É um jogador muito rápido, tem muita força e nos inícios de jogo é super importante”, justifica.

A concentração, conta Bernardo, é fundamental. E recentemente os organizadores de torneios de futebol virtual quiseram trazer mais emoção – e aumentar a dificuldade – dando mais minutos às partes dos jogos. De seis minutos, cada parte passou a ter nove. “Foi a EA a introduzir esta alteração. Com nove minutos temos de definir várias estratégias. Dá tempo para muita coisa. Vemo-nos a perder por 2-0 e há sempre chance de virar o jogo. O tempo parece que não passa. É mais difícil segurar vantagens”, revela Bernardo Figueiredo.

Para que cada desafio seja encarado com pensamento na vitória, o jovem jogador de 25 anos afirma que é importante “estar sempre atento às táticas, perceber qual a estratégia melhor para dar mais qualidade à nossa equipa e treinar contra os melhores jogadores”. “O objetivo é sempre treinar bem e estar preparado para conseguir estar mais vezes na final e ganhar. As finais ganham-se! Normalmente quando faltam três ou quatro dias para os torneios é quando faço treinos mais intensos”, concretiza.

Superstições? A toalha

O fator mental e o foco são, por isso, fundamentais. “Quando vamos a um torneio onde estão os melhores jogadores não há muita diferença entre quem ganha e quem fica em 32º. O que fará a diferença é o lado mental. Alguém que está a perder por três golos e demonstrar confiança e não desistir com o objetivo de mudar o resultado”, defende o jogador.

Quando carregamos no botão da autoavaliação, Bernardo Figueiredo não abandona a jogada e descreve-se como um “jogador muito equilibrado”. “Acho que defendo bem, sofro poucos golos e sou um jogador cínico, não preciso de muitas oportunidades para fazer golo. Já controlo melhor as vantagens durante o jogo”, justifica. Neste capítulo há sempre aspetos a melhorar. Um deles está na forma como vai encarando o desenrolar dos jogos. “Às vezes irrito-me um pouco com o jogo, é normal”, sintetiza.

Com Mbappé já se sabe que tem de jogar. Além da estrela que o francês lhe traz aos jogos, Bernardo Figueiredo revela ter outro truque para que o lado emocional o ajude a golear na confiança. “Gosto de levar sempre a mesma toalha para os torneios. Levo a toalha para secar as mãos”, revela.

Abram as portas ao público para haver ‘pressão boa’

Com uma bola nos pés, Bernardo joga a defesa esquerda. Hoje representa o Parada, clube de Parada de Ester, concelho de Castro Daire. Na ainda jovem carreira, o atleta de 25 anos representou clubes como o Ceireiros, Vila Chã de Sá, Canas de Senhorim, Vale de Açores e Nelas a jogar ‘futebol real’. Aí, nos pelados ou nos relvados, o público tem por vezes uma influência decisiva. Sobretudo quando da bancada para o relvado distam poucos metros. 

Talvez para levar essa emoção a jogos que ficam longe dos recintos desportivos, os organizadores de provas de futebol virtual tenham já começado a abrir as portas das competições ao público. “Acho que os torneios que têm pessoas a assistir correm melhor. É normal que alguns jogadores possam ficar mais nervosos. Como já tenho muitos torneios em cima gosto que haja aquela pressão boa”, acrescenta.

Um dos espetadores do Viseu Challenge foi o presidente da Associação de Futebol de Viseu (AFV). O organismo abraçou a ideia lançada pela Federação Portuguesa de Futebol de levar avante um torneio de âmbito nacional para os apaixonados pelo futebol virtual. “Como gostamos de ser pioneiros e participar em eventos como este, achámos por bem avançar para esta iniciativa”, explica José Carlos Lopes. A AFV foi uma das três associações que organizaram torneios locais. “Abrimos as inscrições para 16 participantes e tivemos 12 pessoas a jogar. Foi um número considerável dado o pouco tempo que tivemos para organizar o torneio”, vinca o responsável. 

O prémio para o vencedor era representar Viseu no Torneio Interassociações. Bernardo venceria a medalha de prata entre os melhores jogadores portugueses. “Tivemos uma participação bastante positiva. E acabou por ser um pontapé de saída para esta nova modalidade”, elogia José Carlos Lopes.

O presidente da AFV não descarta a organização de mais torneios de futebol virtual, “sem descurar o futebol jogado”. “Com mais tempo, acredito que teremos mais jogadores a participar. Os jogadores de futebol virtual podem não ser jogadores de futebol federados.

Têm é de representar um clube. No caso do torneio distrital, alguns dos jogadores não jogam futebol”, sintetiza. E quando questionamos José Carlos Lopes, que jogou futebol e foi árbitro, confessa que “a fase dos jogos eletrónicos passou por mim”. “Não tenho grande jeito para futebol virtual. Gosto apenas de assistir”, assume.

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