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O grito de fé, a crónica de uma semana em Lisboa

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 O grito de fé, a crónica de uma semana em Lisboa
05.08.23
fotografia: Jornal do Centro
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 O grito de fé, a crónica de uma semana em Lisboa
30.12.24
Fotografia: Jornal do Centro
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 O grito de fé, a crónica de uma semana em Lisboa

A viagem começa na segunda-feira com quatro autocarros a levarem peregrinos da Diocese de Viseu até à JMJ. Mas, na realidade, são muitos mais os que se deslocam até à capital, inclusive de comboio.
Todos vêm em nome da fé. Naquele momento, por mais que se tenha ouvido falar das polémicas em relação ao evento, a crença é muito mais forte do que qualquer outra coisa.
A deslocação é longa e demora cinco horas. Nas áreas de serviço, a presença da Polícia é forte tendo em conta a dimensão do evento, já para não falar das casas de banho.
No final do dia, parámos em Monte da Caparica, na margem sul do Tejo, onde ficámos a pernoitar.
No polo da Universidade Nova de Lisboa, os grupos foram divididos em três edifícios e apenas um deles tinha casas de banho. Os aviões que estão a caminho do aeroporto de Lisboa serviam de ‘banda sonora” ao ambiente que se vivia naquele local, onde a noite já era mais fresca (embora o calor seria uma constante ao longo da semana).
Apesar do ambiente de república, as saídas do campus eram controladas. Cada grupo tinha de estar próximo para que os elementos não se perdessem. Outra curiosidade: o banho era tomado a água fria, recorrendo às bocas de incêndio.
Depois de termos chegado ao destino e feito o check-in foram distribuídos os kits de peregrino. Mesmo estando na fila de espera, não havia animação que faltasse. De seguida, foi-nos oferecido o jantar, uma feijoada muito saborosa, num local onde, adivinha-se, também havia espaço para muita animação.

Na terça-feira, primeiro dia da Jornada, rumámos pela primeira vez a Lisboa numa viagem de barco. A enchente é ainda maior e isso via-se nas ruas da capital, com grupos a gritarem, cantarem e cumprimentarem os outros peregrinos.
O dia foi marcado por algumas visitas, entre elas à Igreja da Encarnação no Chiado e ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, com vários stands abertos.
Por volta do meio-dia, as filas para os restaurantes já eram enormes. Acabámos por esperar muito tempo pelo almoço. O mesmo repetiu-se no jantar. À tarde, ouviram-se cânticos de Taizé na Igreja de São Domingos.
Todo o entusiasmo do primeiro dia culminou com a missa de abertura, presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, no Parque Eduardo VII.
Lá dava para sentir a onda da juventude. A pouco mais de meia hora do início da missa, a espera era curta, mas parecia longa. Os jovens cantavam, jogavam às cartas e olhavam para a paisagem enquanto faziam esse compasso de espera. E levantaram-se quando começa a eucaristia de uma hora e meia.

Um forte arranjo orquestral e um coro cujas vozes se ouviam até ao fundo do Parque Eduardo VII dera início a uma semana que prometia ser a melhor da vida espiritual de muitos jovens. Mesmo estando longe do altar, a fé começava a aumentar e o sentimento de pertença também.
As bandeiras levantaram-se, bateram-se as palmas e os arrepios aumentaram com cada música, cada palavra e cada momento da missa que dava as boas-vindas a Lisboa. Línguas são faladas numa antecâmara do que iria ser em suma a JMJ: um encontro de várias nacionalidades espalhadas por todo o mundo.
Na missa, D. Manuel Clemente pediu aos mais de 100 mil jovens presentes para deixarem de lado os ecrãs e enfrentarem a realidade. Apesar da previsão de sol, o dia terminou com muitas nuvens.

Na quarta-feira, o dia acordou também com céu nublado. A data ficou marcada pela chegada do Papa a Portugal. Ainda ficámos com a expetativa de encontrar nos céus o avião que o levaria a Figo Maduro, mas já tinha aterrado pouco antes das 10 horas da manhã.
No Parque da Paz, em Almada, ainda vimos algumas imagens da aterragem, mas, passados poucos minutos, a visualização era interrompida para dar lugar ao encontro Rise Up, que juntou e acolheu grupos de jovens em torno de um palco convertido em altar.
O cardeal brasileiro Odilo Scherer, de São Paulo, deu as boas-vindas num evento que teve como tema a ecologia integral. Alguns jovens participaram no evento, lançando questões e dando no entender deles as respostas, antes de dar lugar à missa. No final o sol voltou a aparecer.
A tarde serviu de pretexto para várias deslocações, sejam para os museus ou mesmo para a praia num descanso merecido antes dos dias ainda mais atarefados que se avizinhavam.

Quinta-feira e chegou um dos acontecimentos mais aguardados: a receção ao Papa no Parque Eduardo VII. Mas, antes, fomos à Cidade da Alegria, que acolhe uma feira vocacional com várias instituições religiosas, uma capela e o Parque do Perdão, onde me confessei. Foi a primeira confissão que fiz em anos.
Conversei com um padre indiano que falava português e falei-lhe sobre as minhas questões, dúvidas e ansiedades. A conversa foi sã e saudável. No final, o padre mandou-me rezar cinco pais nossos e cinco avés marias.
À tarde, seguiu-se rumo novamente ao Parque Eduardo VII, para vermos o Papa. Chegámos mais de duas horas antes do início da cerimónia de acolhimento. Na altura em que chegámos, a segurança já era muito mais apertada com voluntários, agentes e alguma dificuldade em controlar o fluxo de pessoas. As barreiras começavam a ser colocadas e a azáfama era ainda maior do que na terça-feira. Acabámos por parar na Avenida da Liberdade, onde já se encontravam muitos peregrinos. O tempo passa a correr e a ansiedade é maior, mas o momento chegaria.
Por fim, às 16h54, o Papa chegou finalmente ao nosso encontro.

Esta é a segunda visita de Jorge Bergoglio a Portugal, num contexto completamente diferente da primeira visita realizada em 2017.
Os abusos sexuais e as polémicas relacionadas com os custos e a organização da JMJ têm chamado a atenção da opinião pública. Mas, neste instante, nada disto parece importar com muita festa a acontecer. E com muita gente.
A dança, com uma coreografia que era visível nos ecrãs instalados, e a música, inclusive de Mariza, também ajudavam.
O Papa passeou por todos os setores onde os jovens estão, abençoou e beijou crianças e bebés até chegar de cadeira de rodas ao palco do Eduardo VII, de onde deixou algumas mensagens aos cerca de 500 mil jovens presentes.
Além de ter alertado para o “vazio” das redes sociais, Francisco disse que, na Igreja Católica, há lugar para “todos” e pediu aos jovens que repitam com ele: “Todos, todos, todos”.
“Somos chamados como somos, com as nossas limitações e problemas. (…) Ninguém fica de fora, ninguém está a mais”, diz. Momento esse que ficou certamente gravado na memória de muitas pessoas.
O Papa continuou esta sexta-feira em Lisboa, com o destaque para a Via Sacra, que também juntou muitos milhares de peregrinos, e foi este sábado a Fátima antes de regressar à capital.

Olhando para esta semana da JMJ, vê-se que este é um autêntico encontro de pessoas com gostos em comum, nomeadamente a fé e a crença de um mundo melhor, fazendo lembrar por exemplo o Woodstock.
Mesmo assim, já se sabia que Lisboa ia ficar ‘cheia’ de jovens de todo o mundo, e isso acabou por acontecer. E também já se sabe que assim vai continuar até domingo, dia em que termina a Jornada Mundial da Juventude.
Até lá, os jovens católicos da região de Viseu tentam encontrar na capital uma razão para continuarem a manter uma vida espiritual e esperam sair de lá mais fortalecidos. Enquanto se aproximam a vigília e a missa final, resta pouco tempo para aproveitar a vivacidade da Jornada, mas, certamente, o caminho continua para muitos peregrinos.

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