Quais são as principais doenças que afetam a visão e porque é importante o seu diagnóstico precoce?
Ao longo da vida são vários os problemas que afetam a saúde visual. Na infância os vícios refrativos (miopia,hipermetropia e astigmatismo), se não diagnosticados e tratados precocemente podem levar a défice de aprendizagem, sintomas como cefaleias e outros. Se existir diferenças significativas entre os dois olhos pode ser desenvolvida ambliopia (vulgo olho preguiçoso) e pode existir perda de visão funcional do olho dominado. O estrabismo também exige uma avaliação precoce para estabelecimento de visão binocular.
Na adolescência é prevalente a correcção de vícios refrativos. Já na idade adulta, e partir dos 45 anos, deve-se realizar consultas periódicas, a fim de corrigir défice de visão de perto, despiste de situações com predisposição familiar e de glaucoma.
A partir dos 60 anos de idade é fundamental a observação periódica, pelo menos uma vez por ano, para despiste de catarata, glaucoma, doenças de retina (retinopatia diabética,degenerescência macular,doenças vasculares retinianas e outras).
O diagnóstico precoce assume especial importância nestas patologias porque quanto mais cedo se detetar mais eficaz é o seu tratamento. É, por isso, muito importante a avaliação regular em consultas de Oftalmologia para uma deteção atempada bem como o seguimento e tratamento por especialistas diferenciados.
Porque é importante a diferenciação da equipa?
Uma equipa diferenciada permite garantir uma resposta mais adequada às necessidades específicas de cada pessoa, permitindo também diagnósticos mais precisos e tratamentos mais personalizados.
No Hospital CUF Viseu, a equipa de oftalmologia é altamente diferenciada para as diversas patologias associadas à visão. Para além da oftalmologia geral, com consultas de rotina, os especialistas dedicam-se a doenças específicas como sejam a catarata, glaucoma, doenças da retina, entre as quais, a diabetes ocular. A oftalmologia pediátrica, estrabismo de adultos, cirurgia refrativa, cirurgia da órbita, cirurgia das vias lacrimais, tratamento estético e funcional de condições palpebrais são também outras das áreas de diferenciação.
É igualmente importante referir a cooperação entre especialidades, em que, em caso de necessidade, os doentes são acompanhados por médicos de outras especialidades como é o caso da otorrinolaringologia e neurocirurgia, com o objetivo de garantir o melhor seguimento e tratamento do doente.
Que inovações têm surgido nos últimos anos ao nível do diagnóstico e tratamento destas doenças?
O laser e as injeções intraoculares são duas das inovações dos últimos anos e que têm permitido tratamentos de sucesso. Atualmente as doenças com maior perda de visão, como a degenerescência macular da idade ou doenças vasculares da retina, são tratadas através de injecões intravitreas, que melhoram significativamente a situação destes doentes que há poucos anos não tinham solução clínica.
As cirurgias são cada vez menos invasivas e permitem uma recuperação muito mais rápida do doente.
Destaco, ainda, os exames da retina, nomeadamente a tomografia de coerência óptica – designado de OCT – que é o exame gold standard nesta área e que também permite avaliação do grau de evolução da doença glaucomatosa. E os exames da córnea, muito importantes para o diagnóstico de alterações refrativas, nomeadamente o queratocone (uma alteração progressiva da forma da córnea) e que permite a intervenção atempada na evolução desta doença. Estes exames são imprescindíveis para a cirurgia de catarata, pois é através destes que se calcula a lente intraocular ideal a implantar.
Qual tem sido a aposta do Hospital CUF Viseu no tratamento das doenças oculares?
Sobretudo diagnosticar e tratar estas doenças com a maior qualidade. Ao conhecimento e experiência da equipa alia-se a existência de equipamentos modernos para o diagnóstico e tratamento das doenças oculares.
Realço alguns exemplos, como o glaucoma, em que temos disponíveis todos os exames necessários para diagnóstico e seguimento da doença e, ao nível do tratamento, temos vindo a privilegiar as cirurgias minimamente invasivas. Em breve estará disponível um equipamento de laser que permite diminuir a dependência de colírios (gotas).
Ao nível do tratamento da catarata, uma patologia muito comum na população, destaco a aplicação de lentes intraoculares sofisticadas.
A cirurgia refrativa, como é designada, é realizada através de laser em regime de ambulatório, ou seja, o doente é operado e vai para casa de seguida e é reavaliado durante as semanas seguintes. Este tipo de cirurgia está indicada para correção de miopia ou astigmatismo. Tem a vantagem de numa só cirurgia ser possível tratar a catarata e simultaneamente optimizar a acuidade visual sem óculos.
Os doentes que queiram deixar de usar óculos ou lentes de contacto, são avaliados em consulta e realizam exames para avaliar a possibilidade de cirurgia. Os doentes jovens que não cumpram os critérios de seleção para cirurgia laser, poderão ser candidatos a implante de lente fáquica. Consiste na introdução de uma lente intraocular que vai corrigir a graduação do doente de modo permanente.
Quais os procedimentos mais realizados?
Em termos cirúrgicos, é sem dúvida a cirurgia de catarata. Desde a abertura do hospital, em junho de 2016, que a equipa de Oftalmologia realizou mais de 3700 cirurgias, sendo que 79% dizem respeito a cirurgias de catarata. Outros procedimentos comuns são as injeções intravítreas, a cirurgia oculoplástica, e cirurgia de pterígio, uma lesão vascularizada localizada na conjuntiva do olho. De referir também os mais de 84 mil exames/meios complementares de diagnóstico e cerca de 44 mil consultas de oftalmologia realizados até ao momento. A acessibilidade a cuidados de saúde diferenciados é um fator importante e, neste sentido, temos disponível consultas de oftalmologia 6 dias por semana. Assim como é garantida a resposta a acidentes de trabalho ou outros casos urgentes, referenciados através do nosso Atendimento Permanente.
Sim, muitas pessoas dizem que a cirurgia de catarata é realizada com laser, talvez por ser um ato ambulatório realizada com anestesia tópica. A cirurgia de catarata é realizada com aspiração do interior do cristalino por introdução de um aparelho chamado facoemulsificador, e a introdução de uma lente intraocular, previamente calculada, no espaço virtual que ficou após a aspiração do cristalino.
Nunca é demais esclarecer que não deve haver lugar a receio de realizar este tipo de procedimento, porque as cirurgias são seguras e tem havido inúmeros avanços tecnológicos que permitem aumentar as taxas de sucesso.