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Os canos de gás

 Os canos de gás
30.09.23
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 Os canos de gás

Por cá, a “efeméride” passou despercebida, mas esta semana os media de todo o mundo recordaram as fortes explosões submarinas que aconteceram no Mar Báltico, no dia 26 de Setembro de 2022.

Os abalos foram tão grandes que fizeram mexer sismógrafos suecos a centenas de quilómetros e só no dia seguinte deu para perceber o que tinha acontecido quando se deu conta de um borbulhar de gás, em grandes quantidades, perto de uma ilha dinamarquesa. Alguém tinha rebentado com os gasodutos Nord Stream 1 e 2, alguém acabara com aquele fluxo gasoso para Alemanha.

Esta sabotagem deu origem a muitas teorias da conspiração que vamos deixar para os maluquinhos. Fiquemo-nos pela pergunta óbvia: afinal, quem foi que rebentou com aquilo?
Há três suspeitos:

(i) “Foram os russos!” – porque, avançaram os defensores desta tese, Putin queria enregelar os europeus no Inverno; porque a Gazprom não estava a conseguir cumprir os contratos e assim pôde eximir-se às indemnizações alegando “força maior como causa excludente de responsabilidade contratual”.
Problema: não há nada palpável, nem parece racional os russos destruírem propriedade sua tão cara e com tanto potencial de receita futura.
(ii) “Foram os Estados Unidos!” – é a teoria de Seymour Hersh; uma equipa de mergulhadores da marinha teria aproveitado os exercícios da Nato no Báltico, em Junho, para colocar explosivos com temporizadores na canalização.
Problema: os factos não batem certo e o velho jornalista contou só com uma “garganta funda” anónima.

(iii) “Foram os ucranianos!” — é a teoria da Der Spiegel, numa mega-investigação publicada no final de Agosto, com o seguinte título: “Todas as provas apontam para Kyiv”; uma equipa de mergulhadores ucranianos teria alugado o Andromeda, um velho barco com um motor a diesel de 75 cavalos e teria ido plantar “octogen” nos tubos; a ordem teria sido dada pelo comandante-em-chefe das forças armadas, Valerii Zaluzhnyi, sem dar conhecimento a Zelensky.

Problema: ao contrário da prosa de Hersh, este trabalho jornalístico merece leitura atenta, mas deixa mais dúvidas do que certezas.

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