No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Maria Duarte - Era Viseu Viriato
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Teresa Machado
A queima do madeiro ou queima do cepo é uma tradição enraizada no interior do país. Todos os anos, com o aproximar do Natal, por várias freguesias de Portugal junta-se um monte de madeira no centro das aldeias para aquecer o corpo e o coração. A chama fica até à entrada do novo ano.
Antigamente, a tradição era marcada pelos jovens com idade de cumprir o serviço militar. Competia-lhes cortar e transportar os troncos, com a missão de aquecer o Menino Jesus. Atualmente, a história continua com diferentes personagens. “Antes eram mais os jovens solteiros, mas agora até há mais casados. Juntamo-nos todos e vamos mais pelo convívio”, explica Tiago Libório, presidente da Junta de Freguesia de Arcozelos, concelho de Moimenta da Beira, uma das localidades onde a tradição continua viva.
Em Arcozelos, a preparação começa antes da véspera de Natal, quando vários homens escolhem um dia para ir recolher a lenha. O dia é de descontração, pois o principal motivo é o convívio. Depois, a lenha e o cepo são depositados no local onde vai ficar até ao próximo ano, entre comes e bebes, o dia é bem passado.
“Fica no largo durante esses dias todos, acaba por ser um ponto de encontro. Já sabemos que está lá sempre alguém”, conta o presidente.
Depois de comer o bacalhau e partilhar os presentes, é hora de vestir os agasalhos e sair de casa para aquecer à volta da fogueira. Apesar de por vezes a temperatura chegar aos graus negativos, o momento promove reencontros calorosos. “Não é preciso combinar nada, toda a gente acaba por se encontrar lá espontaneamente”, destaca Tiago Libório.
A tradição carrega uma dose de nostalgia e outra de memórias. “Antigamente era com um carro de bois que se ia buscar o pinheiro. Havia noites que ninguém se deitava”, relata o jovem, lembrando o que ouve contar.
Noite dentro, algumas delas eram marcadas por pequenas travessuras. “Na brincadeira, roubavam galinhas ou lenha para manter a fogueira. Ninguém levava a mal”, conta, entre risos.
O presidente, de 28 anos, sente-se confiante que a tradição irá continuar nas mãos dos mais novos. “Felizmente na nossa freguesia temos muita gente nova, eles próprios gostam de vir para cá e trazer amigos. Acredito que tão cedo não irá morrer”, diz confiante.