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Joaquim Alexandre Rodrigues
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“Transmitir os valores que se vivem no colégio” é o grande objetivo da peça de teatro que este sábado (14 de dezembro) sobe ao palco do Pavilhão Multiusos de Viseu e que encerra as comemorações dos 100 anos do Colégio da Imaculada Conceição na cidade viseense.
“Para esta peça de Natal, o contexto é o Colégio da Imaculada Conceição, mas queremos transmitir, acima de tudo, os valores como o espírito de família, a proximidade que existe entre as irmãs, os alunos, os funcionários e os professores”, começou por explicar ao Jornal do Centro a diretora pedagógica Paula Martins.
A peça, escrita e encenada por Paula Martins em colaboração com os alunos, começa em 1924, ano em que as Irmãs Doroteias se instalaram em Viseu. Nesse ano, quando a instituição era um internato, só ficou uma aluna, porque era da ilha da Madeira e era impossível ir passar a quadra fora. E é a partir daqui que se cria a narrativa de uma peça que foi escrita “em dois/três dias”.
“Foi numa conversa com o grupo de teatro que surgiu a ideia de partirmos desta premissa, o primeiro Natal do colégio desta menina e que esperanças tinha para o futuro. A primeira cena retrata este primeiro Natal e fica num diário uma mensagem aos alunos para dali a 100 anos, mas que só é conhecida no final”, revela a diretora técnica.
A peça vai avançando e os anos também, até que chega o Natal dos 100 anos. Para a comunidade escolar, este é um momento de grande responsabilidade, todos os funcionários, as irmãs, os professores estão entusiasmados, mas fica a dúvida se os alunos também estarão. E essa é mais uma cena que se desenrola na peça.
“Na realidade, sabemos que sim, que eles estão entusiasmados com o Natal e com os 100 anos, especialmente os alunos de teatro que têm estado muito envolvidos com estes momentos. Já na peça, vê-se que os nossos meninos estão muito preocupados com as tecnologias, a quererem telemóveis, na audição da peça um quer ser o burro e não o anjo, uma menina quer ser a Maria, mas calha outra personagem. Entretanto, chega a estreia da peça e há alguns percalços, o coro está desafinado, está tudo a correr mal”, desvenda Paula Martins.
A história é ainda recheada de muitos outros momentos e personagens. Há uma menina que é bisneta da aluna que ficou sozinha, há a figura do menino Jesus que desaparece do presépio, há aventuras, fala-se em hospitais e guerra e há ainda três espíritos do Natal, todos escolhidos pelos alunos durante a criação da peça.
“Ouço muito o que os alunos têm a dizer, o que gostavam de ver na peça. De forma espontânea, os alunos vão dando ideias. Algumas das sugestões até tiveram a ver com personagens que já tinham entrado em peças de outros anos e que eles gostaram, como o burro do presépio, um mágico ou a dona da loja, que serão os três espíritos de Natal e que ligado a eles têm uma mensagem”, frisou.
Na peça, que assinala as festividades de Natal da instituição, participam todos os alunos, sendo que atores, alunos como personagens, são 70 e integram o clube de teatro.
“Todos os alunos participam, a peça tem coreografias e esses momentos estão a cargo das turmas e dos clubes de dança criativa e ballet. Este é o grande projeto do primeiro período e a peça de Natal é um momento muito esperado pelos alunos, que vibram muito com isso. E nunca fica fechada aos alunos do clube de teatro, todos contribuem e estão envolvidos no produto final”, sublinhou Paula Martins.
Mais de 300 alunos integram o Colégio da Imaculada Conceição
Criado há 100 anos, após uma longa “batalha” de várias pessoas da cidade e do bispo da altura, o Colégio da Imaculada Conceição tem hoje 323 alunos, rapazes e raparigas, distribuídos por 14 turmas, sete do primeiro ciclo e outras sete do segundo e terceiro ciclos.
Na instituição de ensino trabalham ainda cerca de 50 professores e funcionários, acompanhados por 11 irmãs.
“O nosso colégio nasceu a pedido de habitantes da cidade de Viseu, do Bispo e de meninas que queriam muito que as irmãs fundassem uma escola de educação, mas como não havia irmãs suficientes foi dito que não. Depois de muita insistência e de uma carta “demolidora” da Maria da Graça Cavaleiro, que viria a tornar-se Doroteia, as irmãs aceitaram e vieram para Viseu”, recorda a diretora-geral irmã São Ferreira Pinto.
Questionada sobre o que manteve, 100 anos depois, a responsável destaca o “espírito que a congregação quer imprimir, nesta forma de educar pela via do coração e do amor, com firmeza e suavidade”.
“Santa Paula dizia que quanto mais as meninas, naquela altura, se sentissem próximas das irmãs melhor aprendiam e esse espírito continua. Quanto mais próximos os alunos estiverem da restante comunidade escolar vão conseguir aprender mais e melhor e sentem-se em casa, à vontade, de, inclusive, dizerem o que pensam”, sublinha.
A diretora-geral do colégio refere ainda a prática de educar pensando no futuro destas crianças e jovens e não no colégio, para serem “boas pessoas, com bons corações”.
“Outra forma de estar e, que mantemos esse legado, é saber que não estamos a educar para nós e para serem crianças bem comportadas nas nossas escolas. Estamos a educar e formar pessoas que vão ser os construtores da família, da sociedade, da igreja. Têm que sair das nossas casas não só com uma cabeça bem arrumada, mas com um coração bem formado”, disse.
E daqui a 100 anos?
Para os próximos 100 anos, um dos grandes desejos da irmã São Ferreira Pinto é que “os alunos e alunas que estão com as irmãs Doroteias continuem a ser muito felizes ou ainda mais felizes do que são agora”.
“Espero que se continue a educar seguindo os ensinamentos de Santa Paula, com a cabeça bem estruturada e o coração bem formado. Que saiam daqui pessoas formidáveis, bons pais, que sentissem o aconchego da família e que os mais velhos e os mais novos dialogassem e conversassem mais, porque hoje em dia vai acontecendo pouco e privilegia-se muito as novas tecnologias. Que tenhamos pessoas felizes, porque se uma pessoa não for feliz não rende na vida, não sabe fazer escolhas. E temos essa preocupação, desenvolver crianças felizes”, disse.
Já no que diz respeito a infraestruturas, a diretora gostava que “pudesse haver espaços, sobretudo para a altura da chuva”.
“Uma sala para o oitavo e nono ano, uma para o quinto e o sexto, outra para o terceiro e quarto e outra para o primeiro e segundo anos. Já temos para o primeiro ciclo, os outros anos também têm, mas não tão alargados”, destacou.
Outro dos desejos tem “que os recreios fossem cobertos, porque faça chuva ou sol os alunos podem estar sempre na rua”. “Mas gostava de poder fazer estas mudanças antes dos 100 anos”, disse.
Já a diretora técnica destaca para os próximos 100 anos a continuidade do “espírito de família”. “Que continuem a sentir o colégio como um lugar seguro, onde podem ser elas mesmas, que confiem nos adultos e nos colegas. Que o nosso projeto educativo continue a ser aceite na cidade de Viseu”, frisou.
Paula Martins disse ainda que o objetivo do colégio não é criar alunos competitivos e que espera que continue com este desígnio.
“Não trabalhamos para a competição, não queremos alunos competitivos. Claro que é ótimo termos bons alunos e com boas notas, mas se partir deles e do esforço deles. Queremos, acima de tudo, que valorizem as pequenas coisas, não tanto os valores materiais, mas as pequenas coisas, os valores da amizade e de atenção ao próximo”, finalizou.