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O terceiro jogador com mais internacionalizações na história da Seleção Portuguesa anunciou ontem que terminou a carreia. Képler Laveran de Lima Ferreira, mais conhecido como Pepe, representou a formação das Quinas durante 17 anos, e no vídeo em que confirmou o adeus, falou sobre o que é ser português: “Humildade, Gratidão, Genuíno, Ser português é um orgulho para mim. Sei que não nasci aqui em Portugal, mas considero-me português, porque sou muito grato àquilo que Portugal me deu. Muito grato mesmo. Tentei retribuir aos portugueses fazendo aquilo que melhor sei, que é jogar futebol. Consegui dois títulos pela Seleção Portuguesa, que me enchem de orgulho”, afirmou.
A conquista do Euro-2016 e da Liga das Nações de 2019 fizeram-no perceber que a sua “luta por Portugal deu recompensa”, assumiu. “Pude retribuir aos portugueses aquilo que eles me deram, de me abrirem a porta de Portugal, de me darem a oportunidade de poder jogar e de poder defender as cores de Portugal”, disse o ex-jogador.
Sobre a trajetória na Seleção, Pepe recordou o momento em que decidiu representar Portugal e a sua estreia de Quinas ao preito: “Vou começar quando anunciei que estava disponível para representar a Seleção portuguesa. Foi num jogo V. Setúbal- F.C. Porto. Nesse momento, se calhar apanhei muita gente de surpresa, mas o meu sentimento era esse. Era de poder vestir a camisola de Portugal. Quando me estreei pela Seleção portuguesa (a 21 de novembro de 2007, contra a Finlândia) fio um turbilhão de emoções, foi o assumir de um compromisso que ia ter, até ao dia de hoje, com a Seleção e assim foi. Sempre colocando o interesse da Seleção primeiro e lutando por aquilo que ia representar para os portugueses, que era ser humilde dentro de campo, respeitar os adversários, trabalhar ao máximo e dar o meu melhor em, todos os jogos para poder honrar as cores de Portugal”, continuou no vídeo de despedida, no qual surgiu, de início, vestido com a camisola da Seleção.
Recordando a conquista do Euro-2016, Pepe destacou o apoio dos adeptos, tanto em França como na chegada a Portugal”: “Mesmo quando nós chegámos a França, sentimos o carinho dos portuguese, dos imigrantes. Quando chegámos a Portugal, vimos os caças a acompanharem-nos até ao aeroporto de Lisboa. Abriram-se as portas e vimos o aeroporto parado, os funcionários à nossa espera. No nosso percurso por Lisboa, vimos que o País parou para nos receber e esse momento foi lindo, marcou-me bastante.”
Por fim, abordou o último Europeu e o significado das lágrimas após a eliminação frente à França, nos quartos de final. “Foram (lágrimas) de impotência”, contou, não evitando chorar de novo enquanto falava, “Eu acreditava muito que íamos ganhar este Europeu, sonhava que ia ganhar pelo grupo que tínhamos, pelos jogadores que tínhamos…Eu, como mais velho, sentia a paixão que os meus companheiros tinham. O trabalho deles foi incrível e foram lágrimas de impotência, por não corresponder aos portugueses e às expectativas que eles criaram para nós. Também por saber que era o meu último jogo, que não ia ter outra oportunidade de poder dar-lhes alegrias. Portanto, pelo que foi o meu objectivo quando me naturalizei, sabia que aquele momento ai terminar e que na ia ter oportunidade de dar alegrias ao nosso povo. Foi essa impotência que senti nesse momento, mas agradeço a todos os portugueses que acreditaram na nossa equipa. Nos falámos que tínhamos uma grande Seleção, um grande ambiente, um grande espírito…Tínhamos todas as condições para ganhar esse Europeu. Também tive oportunidade de falar depois desse jogo e disse que o ´futebol é isso´. Quatro dias antes, tínhamos tido uma alegria enorme nos penáltis. Quatro dias depois, levaram-nos esse sonho de poder dar, na minha última competição, uma alegria a um povo que me deu tanto,” lamentou Pepe.
Pepe termina a carreira como o terceiro jogador com mais internacionalizações pela Seleção Nacional. Foram 141 jogos, oito golos marcados, dez competições disputadas e dois títulos conquistados.
Orlando Fernandes