No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
Nunca gostei da ideia de chamarem aos governos que não estão na plenitude das suas funções de governos de gestão. Mas foi assim que o nosso Sistema Político os batizou! Não gosto, porque Gestão significa ter uma Missão, Objetivos, Estratégia e realizar um conjunto de competências e tarefas que façam acontecer o que se prevê. Governos de Gestão deveriam ser todos e explicarei mais adiante o sentido desta afirmação! Porquê? Porque é na Gestão que os nossos Governos têm falhado. Porque chamar Governo de Gestão aqueles que ficam impedidos de a fazer é, no mínimo, bizarro!
Em 2000/2003 assisti a um caso inédito no México, quando foi eleito o Presidente Vincent Fox (regime presidencial). Era um homem que vinha do mundo empresarial, fora Presidente para a América Latina da Coca Cola e tinha passado pelos bancos de Harvard. O seu partido era o PAN (Democrata Cristão). Foi eleito com elevados índices de popularidade e mostrou sempre ser independente e imune a todas as pressões. Nesse tempo, dizia-se no México que ele era o Princípio da Democracia. A surpresa maior foi na formação do seu governo, quando ele procurou e chamou gente que vinha de fora da política, gente bem preparada e até alguns intelectuais com um padrão e ideias bem fora daquelas que o seu partido defendia. Ele queria um Governo de Gestão que fosse capaz de cumprir uma estratégia, fazer e não apenas prometer.
Não se pode pedir tanto para Portugal, nem para a nossa cultura política. Mas há certamente gente neste país, altamente competente, capaz de fazer acontecer, ajudar a construir e aplicar uma estratégia dentro da gestão política de um governo partidário. Então o que se passa com as nossas crises de governação? E crise não é apenas quando o governo cai, crise é quando não cumpre o que promete e dá um golpe na nossa confiança nas Instituições.
As nossas crises de governação têm muitas e variadas origens. Mas aquilo que permanece constante e nos confunde é que os partidos políticos cuidam e investem tudo na conquista do poder e muito pouco na arte de governar, na tal gestão. Mas isto não se passa apenas dentro dos partidos, acontece também nos media, nos manuais e nos livros da especialidade. Fiz uma pequena pesquiza e verifiquei isso mesmo, há muito mais manuais que ensinam a tomar o poder, do que aqueles que ensinam o que se deve fazer com esse poder. As campanhas eleitorais enchem-se de assessores para a comunicação, marketing e de conhecimento variado. Mas depois o mesmo já não acontece na governação. Pobres ministros, alguns apenas viveram a realidade partidária e nunca a dos problemas e da realidade do país. Nem sequer nas atividades por que vão ser responsáveis.
Depois de todos os cuidados na preparação da conquista do poder, os eleitos formam governo e desde logo começam a ficar obcecados com a reeleição. Os mandatos parecem sempre mais curtos para quem governa do que para quem é governado. Por isso os governantes começam logo a preparar uma nova eleição. Quer dizer que, com raras exceções, acabamos por formar governos com governantes que não sabem o que fazer com o seu poder. Tudo isto se passa num ambiente de enorme ruído, onde também a oposição quer tudo, menos que o governo governe. Com estas dificuldades em fazer e aprender fazendo, o nosso sistema político está permanentemente em campanha, a vender e a tentar convencer. Neste ambiente não há estratégia possível e a política não vive sem ela! Acontece e acontecerá sempre tudo isto, quando se troca a governação pelo simples poder. Viveremos de promessas e não de realizações. Agora parece haver uma nova tentação que vem reforçar o prazer pelas campanhas eleitorais. É que andamos envolvidos nas eleições legislativas e no ar já começaram os arranjos para a eleição presidencial. Já se começam a formar blocos para conquistar maiorias presidenciais.
Pode sempre perguntar-se o que é exatamente o Governo? O que pode ele fazer para além do prometer? Isso obriga-nos a refletir e a pensar no futuro. Remete-nos para a necessidade de uma estratégia que contemple as reformas necessárias ao país. Porque as reformas não são apenas para serem faladas nas campanhas eleitorais, são para se concretizar. Fica a ideia de uma campanha eleitoral permanente onde a política se esgota! Hoje a política tem que aprender, porque mudou tudo!
Uma das dificuldades com essa aprendizagem tem a ver com o excesso de personalização na política. Por um lado, nós damos demasiada importância á eleição e demissão dos líderes, mas por outro mudamos as pessoas e tudo o resto fica igual. Mesmo na mudança geracional, isso não tem significado uma mudança de ideias ou estilo. Por vezes só nos acrescenta menos experiência, menos maturidade e mais arrogância que é fruto da insegurança. O mesmo acontece com a febre das remodelações ministeriais, na maior parte dos casos não trazem qualquer novidade, nem mudanças significativas.
Estamos a assistir a enormes desafios de toda a Humanidade e um deles é fazer avançar ao mesmo tempo a informação e a organização. Esquecemos a organização e que foi ela que fez dar os grandes saltos no desenvolvimento. Essa organização tem a ver com quase tudo e também com o sistema político e partidos que sustentam a nossa democracia representativa. Tudo isso precisa de mudança! Precisam, por exemplo, de dar respostas inteligentes aos novos movimentos das Ordens Profissionais e Sindicatos, porque eles também já mudaram. A formação dos governos não se compreende, há governantes sem qualquer perfil adequado e que acabam por destabilizar todo o governo. Não basta a confiança política, porque Poder e Governação são coisas distintas. E se é verdade que precisamos de uma gestão política, mais verdade é que a governação está longe de se esgotar aí…
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Teresa Machado
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Isalita Pereira
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Vitor Santos