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Pedro Baila Antunes
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Joaquim Alexandre Rodrigues
Afinal de contas, as despesas com os palcos do Papa diminuíram consideravelmente, e repartiram-se as responsabilidades entre o poder temporal e o poder espiritual, como me parece próprio e adequado.
O altar-palco reduziu a sua altura, o seu tamanho, o número de plataformas e de pessoas que nele tomarão assento, assim se reduzindo para metade os respectivos custos de construção.
Espero que todos fiquem à sombra, sem as indesejáveis sequelas de sol a mais nas bentas cabeças.
Presumo que os autores do novo projecto sejam os mesmos, apenas com os lápis mais aguçados e com a vigilância mais apertada.
E a Igreja, num evento que é seu, acaba por suportar os custos da construção do palco, no Parque Eduardo VII, chamando a terreiro a Fundação das Jornadas Mundiais da Juventude. E, como seria expectável, dado que o vil metal sai dos seus cofres e não do bolso dos contribuintes, o custo baixa de 1milhão e meio de Euros para perto de 500 mil, uma poupança de 1/3.
Nesta parte do negócio, a imagem do Patriarcado ficou razoavelmente, e desnecessariamente, manchada.
Se a nova versão do altar-mor, não apresentada sequer como minimalista, basta para a dignidade do serviço religioso, que é o que importa, por que razão se enveredou inicialmente para uma obra de uma grandiosidade sem sentido, que, a avançar, iria ao contrário de tudo o que são os princípios fundadores da Igreja?
Pergunta sem resposta.
Ficam os pedidos de desculpas e o reconhecimento do erro.
A verdade é que isso não basta. A verdade é que o recuo se deu apenas porque a denúncia se impôs e contrariou os planos calados.
Esta mania das grandezas cola-se-nos à pele, é intrínseca à nossa condição. Tristemente.
Podendo fazer as coisas à nossa dimensão, emprestando-lhe competência, organização, brilho e dignidade, esse é o caminho, e não me conformo com exageros saloios.
O ouro dos Brasis já era.
O Estado não é rico, não tem por isso que adoptar tiques de grandeza e opulência, que só lhe ficam mal.
Se não há dinheiro para matar a fome, não pode sobrar para a festa.
E se os políticos não têm tino e gostam dos holofotes, devia a Igreja contrariá-los, dar o exemplo e não aceitar megalomanias, impondo contenção e sobriedade naquilo que lhe compete e é chamada a dar a sua sensata opinião.
Antes das obras faraónicas, muitas absolutamente dispensáveis, lembremo-nos dos sem-abrigo, dos excluídos, dos deserdados, dos que não têm pão na mesa.
No fim de tudo isto, pergunto-me, sem esperança de obter resposta capaz: com tantos maus exemplos anteriores, campo de polémicas, por que raio nos continuamos a pôr a jeito?
Só pode ser do nosso triste fado.
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Pedro Baila Antunes
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Joaquim Alexandre Rodrigues