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A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
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O Capitalismo e a Democracia não são propriamente companheiros de quarto. O primeiro procura organizar a atividade produtiva para o lucro privado e a segunda capacitar os cidadãos para a sua participação política. Pelo meio fica a economia política que deve fazer tudo para equilibrar os interesses dos dois lados.
Talvez começar por Clinton, o Presidente Democrata entre 1993/2001. Na sua campanha ele prometeu estimular a economia, fazer investimento público na formação profissional, educação, infraestruturas, reforma do Sistema de Saúde e redução de impostos para a classe média. Ele prometia: “As Pessoas Primeiro”! Recordo bem esse tempo, porque fazia parte de uma Organização Eurolatina para a Gestão das Pessoas e tivemos vários encontros em Georgetown sobre estes temas. Apesar das boas intenções, o Presidente acabou por se rodear de conselheiros económicos de Wall Street e Goldman Sachs e as promessas não se cumpriram. Caiu nos braços dos mercados financeiros.
A economia que fora dominada pelas grandes empresas industriais deu lugar a uma economia dominada pelo mundo financeiro. A tradição de fazer negócios, investir os lucros no futuro da empresa, investigação, desenvolvimento, novas fábricas, equipamentos e nas pessoas perdeu-se. Era o tempo da engenharia financeira! Empresas e investidores ganhavam fortunas, não a fazer coisas, simplesmente a especular. A título de exemplo: Ano 2000, a Ford ganhava mais nos empréstimos para a compra dos carros do que a vendê-los; a General Electric ganhava mais a vender cartões de crédito e a financiar aquisições do que a vender frigoríficos; a US Steel (Aço) fechava fábricas e o seu presidente dizia que o seu negócio não era fabricar aço, mas obter lucros. Políticos e Governos assistiam a tudo isto e perderam-se nas dúvidas sobre os investimentos na habitação, educação, transportes públicos e permitiram que fossem os mercados a decidir. As novas crenças do Capitalismo passaram a ser representadas por um triângulo onde se escreviam Globalização/Financeirização/ Meritocracia.
Globalização: Um Mundo sem Fronteiras, o livre fluxo de bens, pessoas, capitais. As empresas deslocalizam postos de trabalho para os países de salários baixos, sem proteção ambiental, laboral e de movimentos do capital livres. Os políticos do centro direita e centro esquerda dizem que não há alternativa, que é inevitável, que globalizar é o equivalente económico de uma força da natureza, que a globalização é como as estações do ano. Perdeu-se o controlo sobre essa globalização e ela exigiu que os governos aprovassem uma lista de reivindicações para a salvar. Entre elas: O privado é o motor do crescimento económico; inflação baixa; estabilidade nos preços; redução das burocracias estatais; equilíbrio dos orçamentos; privatização das indústrias e serviços públicos; fim da corrupção governamental. Tudo isto prometia crescimento económico e limitação do poder democrático. Os partidos ficavam cada vez mais iguais e os países que não obedeciam perdiam a confiança dos investidores e o capital fugia. Clinton sabia que estava a trair todas as suas promessas á classe média e trabalhadora, mas assinou esta agenda. Ainda argumentou que criaria centenas de milhares de empregos. O que aconteceu foi a China e outros países de salários baixos inundarem os EUA de importações e os consumidores comprarem televisões e roupas baratas. Nos EUA, salários e postos de trabalho desapareciam e entre 2000/2017 foram extintos 5, 5 milhões na Indústria Transformadora. Obama ainda tentou corrigir o rumo e fazer um contraponto com a China (Parceria Transpacífica), mas esse pacto não foi retificado. Hilary Clinton pagou o preço dos erros de 20 anos dos Democratas e Trump ganhou. Depois destas eleições de 2016 foi feito um estudo para analisar as votações nos Estados mais castigados. Concluiu-se que bastaria que as importações da China tivessem sido reduzidas em 50% e ela teria ganho. O caricato é que a China tinha alcançado um enorme crescimento económico sem liberalizar a sua economia ou obedecer ás leis do mercado.
Financeirização: A economia financeira não se limitou a desviar recursos da atividade produtiva, também aumentou a tensão entre capitalismo e democracia. As opções tomadas beneficiavam os mais ricos e reduziam a participação do trabalho no rendimento nacional, no emprego e salário. A desigualdade aumentou! Os preços das casas subiram em flecha, a bolha imobiliária rebentou, as pessoas perderam as suas casas e o governo lutou para proteger os bancos. Obama chega e grita “A Mudança chegou á América”! Mas depois teve que resgatar Wall Street com um enorme custo para toda a economia e contribuintes. Salvou os bancos e 10 milhões de pessoas perderam as suas casas, porque não conseguiram pagar as hipotecas. Trump ganhou as eleições de 2016 pelo ressentimento das pessoas e fracasso das políticas anteriores.
Meritocracia: Também é um projeto político (ir até onde se for capaz e o seu talento e esforços o levarem). Um lema que serve Democratas e Republicanos! Nos EUA há uma clivagem entre os que tem ou não tem uma licenciatura. Os Democratas, no geral, sintonizaram-se com os de maior escolaridade e Trump com os de menor. Dos seus eleitores brancos, 2/3 não tem formação superior. Em 2016 Hilary Clinton ganhou onde as pessoas eram mais dinâmicas, os vencedores da globalização e Trump nos vencidos.
Em 2024 Trump coloca-se do lado dos pobres e vencidos. Foi o ressentimento e a humilhação, mais do que a economia, que ele e os populistas souberam aproveitar. A isso juntou outras bandeiras como a imigração. O seu mérito está na leitura do ressentimento acumulado e dizer aquilo que as pessoas precisavam ouvir, mais do que confiar. Já não foi pela economia, mas a resposta de que não se pode governar sempre contra as pessoas. Essas Pessoas querem um Robin dos Bosques! Tudo o resto e o que fará ou não fará é uma incógnita…
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Pedro Escada
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António Regadas