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Produtores pedem ‘estratégia para o futuro’ da região demarcada do Douro

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 Produtores pedem 'estratégia para o futuro' da região demarcada do Douro
12.07.23
fotografia: Jornal do Centro
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 Produtores pedem 'estratégia para o futuro' da região demarcada do Douro
21.12.24
Fotografia: Jornal do Centro
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 Produtores pedem 'estratégia para o futuro' da região demarcada do Douro

Um grupo de 26 pessoas ligadas ao setor do vinho do Douro e do Porto pede uma “estratégia para o futuro” da região demarcada e propõe uma reforma do quadro que regula a produção na zona que abrange boa parte do norte do distrito de Viseu.

Os signatários alertam ainda para os prejuízos resultantes da venda de uvas abaixo do custo de produção e da comercialização de vinhos no estrangeiro a preços reduzidos, apelando à mobilização dos produtores, viticultores e entidades como o Ministério da Agricultura, a Comunidade Intermunicipal do Douro e o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto.

Numa carta aberta divulgada esta quarta-feira (12 de julho), referem que o quadro regulamentar que rege a produção de vinhos do Porto e Douro “não teve qualquer alteração, permanecendo, na sua essência, imutável há quase 100 anos”.

Acrescentam que o sistema atual “está a promover distorções devastadoras que estão a impactar não só no preço das uvas, mas também na sustentabilidade socioeconómica dos viticultores, das empresas, e no futuro dos seus vinhos nos mercados internacionais” e alertam que a região sofre também com a redução dos volumes de vinho.

A carta aponta que, nos últimos vinte anos, houve uma quebra de quase 25 por cento no volume de vendas do vinho do Porto para 7,8 milhões de caixas de nove litros. No mesmo período, as vendas dos vinhos DOC Douro – cuja zona abrange boa parte do norte do distrito de Viseu – cresceram para 5,2 milhões de caixas.

Os peticionários também apontam para o facto de muitas uvas serem vendidas abaixo do custo de produção, já que estes frutos são vendidos no mercado livre e em “excesso de oferta”, e alertam para os prejuízos dos viticultores, “resultando no abandono da vinha e no despovoamento da região”. Uma situação que é agravada também pelas alterações climáticas, sublinham.

Os signatários apontam ainda como “grave” o facto de demasiados vinhos estarem à venda no mercado internacional “com preços comparáveis aos mais baratos do mundo, algo que nunca seria possível se os viticultores recebessem um preço justo pelas suas uvas”.

“Estamos a passar a mensagem que o Douro produz vinhos baratos, quando nada poderia estar mais longe da verdade. O nosso custo de produção, por kg (quilo), situa-se entre os mais elevados do mundo, e o rendimento por hectare é entre os mais baixos – por causa das características únicas da vinha de montanha no Douro”, escrevem, recordando que houve estudos que concluem que o Douro “não é sustentável nestas circunstâncias e necessita de reforma no seu quadro regulamentar”.

“Mas nada foi feito, apesar das promessas do Estado. Nenhuma região de vinho aguenta tanto tempo neste desequilíbrio, sofrendo tantos danos na sua imagem e na economia das suas comunidades. A incompreensível inação está a prejudicar uma das mais históricas, belas e desafiantes regiões vinícolas do mundo”, criticam.

Os signatários apontam para soluções “que estão ao nosso alcance, nomeadamente medidas de emergência, de curto prazo e outras, mais estruturantes, de médio e longo prazo” e defendem que o Douro precisa de “uma estratégia para o futuro construída numa base científica liderada por uma entidade independente, em consulta com os stakeholders chave da região”.

“Apelamos aos produtores, aos viticultores, aos comerciantes e respetivas associações, ao Ministério da Agricultura, à Comunidade Intermunicipal do Douro, e ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, para enfrentarem esta situação com urgência. Deveríamos sentir orgulho no Douro, na sua gente e nos seus vinhos, mas atualmente não conseguimos senão sentir frustração e tristeza pelos danos graves e desnecessários que a inércia na alteração do quadro regulamentar e institucional está a provocar”, concluem.

A carta foi assinada por António Filipe, António Saraiva, Christian Seely, Cristiano van Zeller, Dirk Niepoort, Emídio Gomes, Fernando da Cunha Guedes, Francisco Spratley Ferreira, Francisco Javier Olazabal Rebelo Valente, João Álvares Ribeiro, João Nicolau de Almeida, João Rebelo, John Graham, Jorge Dias, Jorge Moreira, Jorge Rosas, Jorge Serôdio Borges, Luís Sottomayor, Luísa Amorim, Mário Artur Lopes, Olga Martins, Óscar Quevedo, Paul Symington, Pedro Braga, Sandra Tavares e Sophia Bergqvist.

A Região Demarcada do Douro tem o estatuto de Património Mundial da UNESCO, contando com mais de 19.000 viticultores e 1.000 empresas dedicados à produção do vinho do Porto e do vinho DOC Douro.

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