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Quem são os culpados?

 Quem são os culpados?
09.02.24
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A corrupção é um tema que tem sido estudado, muitas teses e hipóteses. Em Portugal está na ordem do dia! No entanto, como quase sempre, não tratamos das causas do problema, fixamo-nos nas consequências e quando os casos entram na esfera da justiça, media e são tornados públicos. Com isso perde-se o foco do que é mais importante e fica-se com a ideia de que o único propósito é encontrar os culpados! Vale a pena refletir um pouco e procurar respostas como: O Poder corrompe ou as pessoas corruptíveis são atraídas pelo Poder? A culpa é dos Sistemas ou das Pessoas?
Está provado que aqueles que mais querem mandar são os menos capazes para o fazer. Nessa corrida ao Poder há três momentos e três tipos de indivíduos: Aqueles que procuram o Poder; aqueles que o obtém e aqueles que o mantém (Procurar, Obter, Manter). Procurar o Poder pode ser inofensivo e não causar danos; na obtenção do Poder já nem todos são boas pessoas, muitos matam, roubam, abusam e são corruptos; manter o Poder precisa sempre de uma grande avaliação e que deve ser feita com grande objetividade e independência, porque tanto podemos encontrar dos melhores, como dos piores comportamentos.
Na procura do Poder temos que nos concentrar em quem são essas pessoas? Nós acreditamos demasiado na ideia que o Poder corrompe, mas depois descuidamos a razão porque algumas pessoas querem ter poder. Já há algumas conclusões sobre esta matéria, onde se diz que todos os homens querem governar. Mas como isso não é possível, então preferem que todos sejam iguais. Quer dizer, aquele desejo de governar transforma-se automaticamente no desejo de não ser governado. É aqui que começa o conflito! Também a ciência já confirmou que os genes não ditam o nosso destino, mas que os neurotransmissores (sinais químicos do cérebro) moldam o nosso comportamento. Mas os culpados serão os Maus Sistemas ou as Más Pessoas?
Está provado que o nosso comportamento e forma de pensar são afetados ao nível do subconsciente, pela cultura em que crescemos e vivemos. Por isso a qualidade dos sistemas tem muita importância e influência. E quanto ás pessoas? O problema aqui é que temos dificuldade em distinguir o grau de responsabilidade entre Más Pessoas e Maus Sistemas. Por isso é muito mais fácil culpar as pessoas! Porque se a culpa for do sistema, isso mexe com todos, mas se for das pessoas, o castigo nominal resolve tudo. A boa solução seria aprender a atrair os melhores!
Isso não é fácil, nem isento de erros, mas o primeiro cuidado é que haja muitos candidatos, suficiente matéria-prima. Depois há muitos processos e técnicas disponíveis que podem ajudar. Por exemplo, há cargos que pela sua importância e poder precisam de um maior escrutínio e não podem ser decididos dentro de um partido. A escolha dessas pessoas, como é o caso do Primeiro Ministro, tem que ser mais abrangente! O mesmo acontece com os Sistemas de Vigilância que parecem estar invertidos. Insistem nos já vigiados, em vez de começar pelos vigilantes. A vigilância deve ser proporcional ao nível do Poder e Autoridade. Mas será culpa das Más Pessoas ou dos Maus Sistemas?
É verdade que a cultura conta e as consequências também; É verdade que o Poder corrompe e faz as pessoas piores; É verdade que um Bom Sistema cria mais facilmente um círculo virtuoso e atrai os melhores, que os círculos viciosos atraem os piores. Começa a ser evidente, que é preciso cuidar de um Sistema que nem sequer atingiu o grau médio da Inteligência Funcional. Esta é um tipo de inteligência, que se traduz na capacidade de manter duas ideias opostas, sem perder a competência de funcionar bem. Não é isso a que estamos a assistir! Ninguém espera um líder perfeito, provavelmente nem existe, mas pelo menos que saiba ouvir e falar menos. Também não é isso a que estamos a assistir!
Uma outra questão de fundo tem a ver com a confiança, que afinal é uma força sem a qual nada se move. O problema da falta de confiança é que isso começa em nós, só depois é que a estendemos aos outros. Falta tomar esta consciência, em vez de preferirmos os discursos sobre a transparência. O problema seguinte tem a ver com a ideia de autoridade! Os líderes não precisam de autoridade, mas de usar a influência. Uma influência que se exprime na ética e no propósito. Porque o poder de um líder não está na capacidade de destruir os argumentos do opositor, mas na habilidade de influenciar os outros com a sua própria opinião. Nisto somos um perfeito desastre e produtores de Maus Sistemas!
Lembro-me de ter aprendido que o Maior Pecado Mortal de qualquer Sistema é colocar os melhores, apenas a resolver problemas. Isso significa que só pretendemos controlar os danos. Mas é nisto que se esgota a capacidade dos melhores e dos governantes. Um pecado sério, porque a sua principal tarefa deveria ser a procura de oportunidades, de soluções novas que permitissem progresso. O que acontece entre nós é que o coro das oposições nos amarra aos pequenos problemas, ao desgaste e aos detalhes. Tudo para tirar pequenos dividendos, mas onde o país é esquecido! Esta é a principal fonte da criação dos Maus Sistemas!
Ensinaram-me a minimizar alguns erros e fracassos com o exemplo do Picasso. Ele terá realizado uns 10 000 trabalhos, mas um em cada três ia para o caixote do lixo. E quem fala hoje desses fracassos do pintor? Pois, as falhas dos outros são nos maus sistemas o assunto principal, em vez da procura de melhores soluções!
Afinal quem são os culpados, o Sistema ou as Pessoas? Parece ser de um Sistema que devia ter como primeira preocupação saber escolher as melhores pessoas! A chave é que a corrupção tem que ter soluções, antes de ter consequências e chegar á justiça. Nada será perfeito, mas pelo menos seria minimizado. As boas e grandes organizações, mesmo quando espalhadas pelo mundo tem sistemas de auditorias eficazes. O Ser Humano tem dentro de si o mais perfeito desses sistemas e que se chama Sistema Imunológico, ele protege-nos das infeções! Por isso a corrupção não é uma fatalidade, nem se pode generalizar, mas são infeções dos Sistemas, que se continuadas acabam por os destruir.

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