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Como que um cravo, a liberdade deve ser regada e cuidada. A imagem foi levada à compositora Ana Bento por um idoso, no Alentejo, quando o Coletivo Gira Sol Azul atuava em Grândola. Grândola terra de liberdade, terra de cravos e terra de resistência. A artista vai subir ao palco da Feira de São Mateus acompanhada de 14 amigos para, juntos, recordarem vários cantautores portugueses. De José Mário Branco até Fausto, passando por Zeca e Sérgio Godinho. É um Portugal vestido de esperança e a recordar e celebrar Abril que vai estar na Feira. Aos 12 cantores do Coro Azul vão juntar-se Joaquim Rodrigues ao piano, Bruno Pinto no baixo elétrico e António Serginho, na bateria. “Os arranjos estão muito bonitos. Fizemos um concerto em julho no parque da cidade e ficamos surpreendidos com a forma como fomos recebidos. Fomos ao parque e foi a loucura”, diz Ana Bento.
A mentora da Gira Sol Azul, associação que tem protagonizado vários encontros culturais em Viseu e não só, recorda que o Coro Azul é “o projeto mais antigo da Gira Sol Azul”. “A Associação foi fundada em 2006. E o Coro foi fundado nesse ano também e nunca parou ao longo destes 18 anos. É um projeto que não é tão mediático como outros da Gira Sol Azul, mas temos muito carinho por ele. É um coro formado por pessoas que não são músicos profissionais, de idades, naturezas e filosofias de vida bastante diferentes, que têm este espaço comum, que é o gosto por cantar”, sublinha. Então, ‘Maré Alta’, e a liberdade vai mesmo passar por ali. “O reportório também é aliciante. As pessoas identificam-se com estas canções. São temas que estão ligados à nossa história enquanto povo. E há logo uma conexão imediata”, acrescenta.
O espetáculo vive, defende Ana Bento, de grupos de quatro vozes que se soltam em palco. “Acho que o que surpreende mais é o facto de cantarmos a quatro vozes. As pessoas ficam muito fascinadas”, explica. Em julho, para preparar o tal concerto dado no parque, o grupo ensaiou. E num dos ensaios, houve um episódio que Ana Bento não esquecerá. “Estava muito calor e tínhamos a porta aberta. Então, entretanto, passa uma família e de repente ficam parados a ouvir-nos. Quando paramos, eu vou ter com eles, e percebo que estava uma senhora a chorar, com as lágrimas a escorrer. Isto toca as pessoas”, revela.
Ana Bento é, além de música, professora e mãe. O gosto pela história tem ocupado um papel fundamental. “Cada vez mais em trabalhos que faço, vou buscar textos e ilustrações antigos. E fico baralhada. Penso como é que aquilo foi escrito há tantos anos e parece que estão a falar de hoje. A história é feita de ciclos. Faz impressão perceber que já tanto foi feito e parece que voltamos ao mesmo. E questiono-me sobre o que é que andamos aqui a fazer”, lamenta.
E foi em Grândola que assistiu a outra lição. “Devemos encarar estas questões sociais e humanas como as plantas. Uma vez em Grândola um senhor disse-me ‘menina, a liberdade é como os cravos, se não se regam, murcham’. Temos de estar sempre a regar e a cuidar deles”, lembra. Ana Bento defende que ela e os 14 companheiros que vão estar no dia 4 de setembro no palco principal da Feira também vão ser ‘regadores de liberdade’. “Estamos também a partilhar esta voz, a dar espaço a estes temas. Vamos também dar alguns apontamentos sobre o contexto das obras e dos autores. E isso é, também, importante. Queremos ser regadores de liberdade e agitadores de consciências. Temos de pensar que as coisas não estão completamente conquistadas”, sublinha. A artista entende que “o 25 de abril foi incrível e trouxe mudanças bonitas e importantíssimas”, mas, alerta, há um “longo trabalho a fazer”. “Temos de continuar a regar e a ficar atentos”, apela. O espetáculo do Coro Azul vai ser antecedido da atuação de Vozes da Terra. O grupo de Vouzela inicia às nove da noite. O Coro Azul avança às dez e meia. Para ver a 4 de setembro, na Feira de São Mateus.