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Cerca de 88,89% dos portugueses já receberem pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19. Portugal é o país da Europa com uma taxa de vacinação contra a covid-19 mais elevada. Felizmente a sensatez individual, de cada português, e a responsabilidade coletiva, do nosso povo, são a regra e não a exceção. Os movimentos anti-vacinas e os negacionistas têm pouca expressão em Portugal e a ciência tem levado de vencido o “achómetro”. Superados alguns ziguezagues iniciais, leia-se “desvio” de vacinas, com a marca de água do Almirante Gouveia e Melo, os objetivos têm vindo a ser alcançados. A ampla cobertura vacinal parece estar a surtir efeito na prevenção das mortes causadas pela doença, com Portugal a figurar entre os países europeus com menor número de novas mortes diárias por milhão de habitantes.
Os países com baixas taxas de vacinação apresentam números elevados de mortes por milhão de habitantes, uma evidência quanto à importância das vacinas, ainda que estas não sejam a panaceia, nem a solução para todos os problemas.
Recordo-me do sonho da vacina, algo que parecia distante, num curto espaço de tempo. A ciência investigou, criou e disponibilizou vacinas, mas elas não chegam a todos ao mesmo tempo. Assistimos a um certo “nacionalismo vacinal”, cada um puxou a vacina para o seu braço, num claro exemplo de egoísmo abjeto. Assistimos ao anúncio da disponibilização da terceira dose em alguns países, quando a taxa de vacinação em África é ínfima: Congo (0,1%); Tanzânia (1,4%); Nigéria (2.9%); Mali (2,9%) … Apenas 2,5% dos países mais pobres está totalmente imunizada.
No recente editorial da Revista Science “Vacinação no Mundo” é reclamada a vacinação para todos. Os líderes do G20 aprovaram, em Roma, o plano da Organização Mundial de Saúde que prevê a vacinação de 70% da população mundial, para meados de 2022.
Esta solução não serve os interesses da humanidade, no seu todo. “Nada está a salvo, se não estiverem todos a salvo.” (Ed Yong). A ambição deve ser a de vacinar 100% da população mundial, se quisermos evitar o surgimento de novas variantes. A solução não pode passar por isolar os países que não têm a sua população vacinada por falta de acesso às vacinas. Não faz sentido punir, ainda mais severamente, aqueles que, por falta de recursos, não conseguem imunizar-se. O mundo vive tempos de grande e permanente incerteza com milhões de refugiados que fogem da fome, da repressão e da guerra.
Anuncia-se uma tempestade perfeita: crise migratória, crise pandémica, crise climática, crise económica, crise social. Assistimos ao ressurgimento dos muros e do arame farpado para “nós” nos protegermos do “outro”. Tenho uma má notícia, o vírus circula livremente, não se deixa intimidar por muros, arames farpados, miliares equipados com o último grito da tecnologia e sofisticação bélica. Todos nos lembramos das notícias que recebíamos de Wuhan, algo muito longínquo, entre as quatro paredes de um laboratório, da construção, em tempo record de hospitais…
Se queremos controlar a pandemia, temos que gerar equilíbrios na distribuição das vacinas, evitando os contágios também nos países pobres. Um mundo paradoxal em que alguns se dão ao luxo de ter a vacina e não a querer, outros que a desejam não a têm e ainda são “encurralados” por esse motivo. Não têm vacinas, informam da existência de novas variantes e são castigados, isolados e entregues à sua sorte. Mais uma clara divisão entre os países ricos e os países pobres, entre o norte e o sul. Deixo mais uma novidade, segundo a OMS, a proibição de viagens não impede a propagação da variante Ómicron.
Portanto, “senhores” que mandam no mundo, mesmo que sejam sustentadas num egoísmo solidário, tomem decisões que promovam as condições de vacinação à escala global, deixem-se de proibições, de exclusões e de políticas segregadoras.
“Mais uma vez, a ciência ficou refém da política. Uma vez mais, o medo toldou a razão. Uma vez mais, o egoísmo prevaleceu. A falta de solidariedade já estava presente (e aceite com naturalidade) na chocante desigualdade na distribuição das vacinas. Enquanto, a Europa discute a quarta e quinta dose, a grande maioria dos africanos não beneficiou de uma simples dose. Países africanos, como o Botswana, que pagaram pelas vacinas verificaram, com espanto, que essas vacinas foram desviadas para as nações mais ricas.
(Mia Couto e José Eduardo Agualusa, “Duas pandemias?”, Revista Pazes, 28/11/2021)
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