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“Sei fazer cinema português”. João Botelho em retrospetiva

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 "Sei fazer cinema português". João Botelho em retrospetiva
04.09.22
fotografia: Jornal do Centro
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 "Sei fazer cinema português". João Botelho em retrospetiva
14.01.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 "Sei fazer cinema português". João Botelho em retrospetiva

“Eu não sei fazer filmes policiais franceses ou comédias espanholas, muito menos cinema de entretenimento americano, sei fazer cinema português. Cinema do tempo e não do movimento, da composição e do plano, da luz e das sombras”, disse João Botelho, que é homenageado durante este mês de setembro na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.

Quase todo o cinema do realizador natural de Lamego vai ser exibido na retrospetiva “Os filmes são histórias, o cinema é a maneira de as filmar”, que já arrancou na passada quinta-feira (1 de setembro).

João Botelho é natural de Lamego, onde nasceu em 1949, e ficou conhecido por ter realizado filmes como “A Corte do Norte”, “Filme do Desassossego”, “Os Maias”, “Peregrinação”, “O Fatalista”, “A Mulher que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos” e “O Ano da Morte de Ricardo Reis”.

Um dos nomes pertencentes à geração que começou a trabalhar no cinema logo após a Revolução de Cravos, a 25 de abril de 1974, João Botelho foi formado no Conservatório Nacional e na Universidade de Coimbra. Realizou a sua primeira longa-metragem em 1981 com “Conversa Acabada”, um filme baseado na correspondência trocada entre os poetas Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro.

Até ao final do mês, a Cinemateca reúne quase todos os filmes do cineasta, deixando de fora três documentários feitos para televisão nos anos 70 e apresentando “uma visão de conjunto de uma das obras mais vastas do cinema português, que se estende por quarenta anos e reúne, à data de hoje, mais de trinta trabalhos, entre longas e curtas-metragens”, segundo lembra a Cinemateca.

Por exemplo, já nesta segunda-feira (5 de setembro), vão ser apresentados “O Som da Prata”, uma curta-metragem de 2015 sobre a fábrica Topázio, e “Um Adeus Português”, o primeiro filme português a abordar a Guerra Colonial e que foi apresentado em 1985.

A retrospetiva permitirá ainda perceber, no conjunto, a relação do cinema de João Botelho com a literatura. Entre os filmes que vão mostrar essa mesma relação, estão “Quem és tu?”, baseado em “Frei Luís de Sousa” de Almeida Garrett, “O Fatalista”, uma adaptação do romance “Jacques Le Fataliste” de Denis Diderot, “A Corte do Norte”, baseado num livro de Agustina Bessa-Luís, “Os Maias: Cenas da Vida Romântica”, a partir do romance de Eça de Queirós, e “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, um filme baseado na obra de José Saramago.

Para a Cinemateca, João Botelho “situa se entre os cineastas do tempo e não do movimento”, com um percurso que “está longe de ter chegado ao fim”, já que tem diversos filmes em preparação.

Este ano, João Botelho concluiu os filmes “Um filme em forma de assim”, dedicado à obra de Alexandre O’Neill, e “O jovem Cunhal”, focado na juventude do líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal.

O cineasta tem também em mãos uma nova película que quer rodar no próximo ano e estrear em 2024, coincidindo com os 50 anos do 25 de Abril, sobre os dois últimos anos de vida de António de Oliveira Salazar.

Além da retrospetiva, a Cinemateca deu ‘carta branca’ ao realizador, que escolheu mais de uma dezena de filmes de eleição, de nomes como D. W. Griffith e Jean Renoir a John Ford, Ozu, Jean-Marie Straub e Jean-Luc Godard.

 "Sei fazer cinema português". João Botelho em retrospetiva

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