Setenta e cinco menores recebem atualmente alimentos da Refood Viseu. O número equivale a 30 por cento das 260 pessoas apoiadas por este projeto, criado há dois anos e que tem vindo a registar um aumento nos pedidos de ajuda.
“No momento estamos a apoiar 85 famílias. Temos 16 em lista de espera e, sempre que temos comida, contactamos para recolherem”, afirma a coordenadora da Refood Viseu, Claúdia Columbano. A responsável admite que a procura “aumentou imenso”. No ano passado foram entregues 17.814 refeições numa média de 1.558 por mês e o número de famílias e pessoas apoiadas aumentou 136 por cento face a 2021. Para dar resposta aos pedidos de ajuda, o último ano foi de “muito trabalho” para este projeto.
O número de voluntários também aumentou de forma significativa. A Refood Viseu – que faz a ponte “entre o excesso e a necessidade, transformando desperdício em nutrição”, combatendo assim o desperdício alimentar – conta agora com a colaboração de 157 pessoas. Em 2022, houve um aumento de 72%.
“As pessoas ficam connosco e a Refood Viseu é uma alternativa para todos e todas que queiram dar um pouco mais de si à comunidade e ter uma participação mais ativa”, realça Cláudia Columbano. Apenas 4% dos voluntários saem do projeto, geralmente por motivos profissionais, acrescenta a coordenadora.
Para atender à crescente procura, a Refood fez algumas mudanças. Além de ter passado a contar com uma nova câmara frigorífica, reaproveitando material do Banco Alimentar, foram criados novos turnos aos domingos e ao final da tarde de segundas, quintas e sextas-feiras. Além disso, o projeto remodelou o seu centro de operações, que fica numa sala cedida pela Santa Casa da Misericórdia de Viseu.
Segundo Cláudia Columbano, a distribuição dos alimentos é feita de acordo com as necessidades de cada família e também “de acordo com a comida” armazenada. “Nós damos o que temos, ou seja, o que recebemos de excedentes das nossas fontes de alimentos é o que damos e vamos assim gerindo para que dê para todos e não haja desperdício”, explica.
As famílias têm dias próprios para recolher a comida e, sempre que há, a equipa da Refood coloca nos cabazes comida que pode dar para uma ou duas refeições e ainda chama as famílias que estão na lista de espera.
As famílias levantam geralmente os cabazes no centro de operações da Refood, mas também há quem tenha de ficar em casa por motivos de doença, idade ou pobreza e, por isso, é a equipa que vai levar a comida para eles.
Refood quer ter viatura própria
Quanto ao futuro, a Refood tem vários objetivos. O principal passa pela compra de uma viatura própria para fazer a recolha e entrega dos alimentos.
O projeto utiliza atualmente os carros dos voluntários o que, admite Claúdia Columbano, constitui “um risco à sustentabilidade e continuidade das equipas, pelo adicional esforço que lhes é solicitado, o que constitui um custo direto e para o qual nem sempre ou nem todos têm disponibilidade”.
Além desse impacto, a coordenadora elenca também o impacto das emissões de CO2 provocadas pelas viaturas. Um cenário que se agrava “pelo tipo de rotas efetuada, rotas curtas efetuadas várias vezes e dentro da cidade”. “Em termos de estimativa, realizamos em média cerca de 50 quilómetros por dia em percursos dentro da cidade”, refere.
Outro dos objetivos é ter “rotas neutras em carbono”, diz Cláudia Columbano, através da aquisição de uma viatura elétrica e de painéis solares que permitam “produzir energia para carregamento da viatura”. Uma meta que a coordenadora espera que seja alcançada já este ano.
A Refood Viseu comemora este sábado (25 de fevereiro) o segundo aniversário com uma iniciativa a ter lugar no New Padel Chão da Fonte, a partir das 16h30. Um encontro que será antecipado tendo em conta a realização do sétimo Encontro Nacional, marcado para 4 de março em Lisboa. A primeira entrega em Viseu foi feita a 5 de março de 2021.
