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Residência artística da Binaural com a Universidade de Aveiro foge à “ideia do cubro branco “

“Cada artista tem o seu universo muito próprio, vêm todos para o mesmo local, mas trazem os seus próprios locais e as suas memórias consigo”, explicou ao Jornal do Centro um dos coordenadores da Binaural Nodar, com sede em Vouzela

Agostinho Bizarro e Diogo Paredes
 Residência artística da Binaural com a Universidade de Aveiro foge à “ideia do cubro branco “ - Jornal do Centro
15.04.25
diogo.paredes@jornaldocentro.pt
fotografia: Jornal do Centro
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 Residência artística da Binaural com a Universidade de Aveiro foge à “ideia do cubro branco “ - Jornal do Centro
15.04.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 Residência artística da Binaural com a Universidade de Aveiro foge à “ideia do cubro branco “ - Jornal do Centro

O mestrado em Criação Artística Contemporânea da Universidade de Aveiro e a Associação Binaural Nodar celebram em 2025 uma parceria contínua que vai já em catorze anos. No âmbito desta parceria, foi desenvolvida uma residência artística anual em Viseu Dão Lafões desde 2011.

Entre 10 e 13 de abril (quinta-feira e domingo), Vouzela recebeu mais uma residência artística associada a esta parceria entre o Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro e a Binaural Nodar. Na iniciativa estiveram envolvidos 17 estudantes e três professores, além do coordenador de ateliê de paisagens sonoras da Binaural, Luís Costa.

A associação, criada em 2004, trabalha com reportagens sonoras e trabalhos artísticos em torno do audiovisual. A Binaural realiza ainda trabalhos na área da documentação etnográfica da região de Viseu Dão Lafões com recurso a ferramentas audiovisuais.

O exercício de residência artística em Vouzela está integrado nas atividades da Rede Tramontana, que se relaciona com práticas artísticas e arquivísticas em contextos rurais de montanha de Portugal, Espanha, de França, de Itália, da Roménia, da Albânia e da Polónia. “Na realidade, esta parceria faz parte da própria estrutura do mestrado de Criação Artística Contemporânea, na medida também em que se integra com uma atividade curricular que se organiza com uma das disciplinas centrais do curso, que é o Laboratório de Expressão e Criação Artística Contemporânea, que acontece no segundo semestre”, explicou ao Jornal do Centro um dos docentes do mestrado, Paulo Bernardino.

 Residência artística da Binaural com a Universidade de Aveiro foge à “ideia do cubro branco “ - Jornal do Centro

O professor esclareceu que esta residência trata-se de uma experiência imersiva que “levanta uma possibilidade de desenvolver esse trabalho para os alunos não só tomarem consciência, como integrarem de acordo com as suas necessidades, porque eles já estão numa plataforma de desenvolvimento de trabalho autónomo”. Além disso, Paulo Bernardino salientou o aspeto social da residência, capaz de proporcionar uma experiência de convivência e de proximidade entre os alunos do mestrado.

Um ano de 2025 particularmente chuvoso obrigou a uma reorganização da residência artística, com prioridade para os espaços interiores – neste caso, a chuva obrigou os estudantes a “serem confrontados com espaços que não conhecem e que saem da relação do espaço estereotipado da exposição, da ideia do cubro branco”. Uma casa abandonada ou em construção e outros locais ‘abandonados’ foram as escolhas dos estudantes para os seus projetos de criação artística.

Já em relação ao processo de avaliação dos trabalhos e das residências artísticas, o docente explicou que se trata de um processo de avaliação contínua. “O sistema de avaliação não é determinante. Claro que os alunos nos fornecem elementos perante a postura, a dedicação, a forma como encontram o seu espaço, mas que se traduz numa apreciação qualitativa. Depois, como a avaliação é contínua, só no fim é que se traduz numa nota, que é consequência de todas as atitudes que vão tendo ao longo do ano”, esclareceu Paulo Bernardino.

O contacto entre o docente e Luís Costa surgiu em 2011, pelas mãos de um estudante do mestrado da Universidade de Aveiro que era de São Pedro do Sul.  A primeira residência artística foi então organizada no Retiro da Fraguinha, em Candal. À lista das residências juntam-se locais como a Aldeia de Candal, as Termas de São Pedro do Sul ou Sejães.

 Residência artística da Binaural com a Universidade de Aveiro foge à “ideia do cubro branco “ - Jornal do Centro

“Cada artista tem o seu universo muito próprio, vêm todos para o mesmo local, mas eles trazem os seus próprios locais e as suas memórias também consigo”, afirmou o coordenador da Binaural Nodar. “Estão aqui em Vouzela, mas na prática também estão num trabalho que é também de relação com as suas próprias memórias afetivas”, continuou o coordenador.

Para Luís Costa, este cruzamento ente a arte contemporânea, os próprios artistas e as populações de territórios do interior proporciona “desafios que também são interessantes”. O responsável da Binaural foi mais longe e deu o exemplo do slogan escrito por Fernando Pessoa para a Coca-Cola: “primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

“O que nós notamos é que, a pouco e pouco, também estas comunidades vão evoluindo e estão mais abertas a este tipo de propostas”, disse Luís Costa. “O nosso programa de residências regular é muito baseado em artistas estrangeiros que vêm para cá e que trabalham sobre determinadas temáticas. Estamos no nosso universo, que é do acolhimento, de pôr-nos à disposição para ajudar os artistas, darmos algumas propostas, por exemplo, na área sonora”, detalhou ainda o responsável da Binaural Nodar.

O desenvolvimento dos trabalhos artísticos pode ser feito de acordo com as estratégias e as áreas de escolha dos próprios artistas, como é o caso de Catarina Maio. A estudante do mestrado de Criação Artística Contemporânea trabalha usualmente com papel, depois de uma formação em arquitetura.

“Da arquitetura, passei um bocadinho para a manualidade, para o artesanato, para as artes e ofícios por gosto e por necessidade do trabalho manual, sendo o papel algo com que eu lidei diariamente”, explicou a estudante. “Interessou-me explorar as formas que o papel permite criar e foquei-me no construir”, disse ainda.

 Residência artística da Binaural com a Universidade de Aveiro foge à “ideia do cubro branco “ - Jornal do Centro

É precisamente ‘construir’ o tema da peça escolhido por Catarina Maio, numa lógica da exploração e aprendizagem através do que é manual. “Como nós viemos para um sítio completamente diferente daquilo a que estamos habituados, depois as formas também acabam por nascer diferentes, adaptadas ao sítio”, detalhou a artista.

“Também tentei procurar construir peças que se integrassem nas texturas, nas madeiras, nas pedras, nas árvores, nas flores, e como o trabalho também é um bocadinho em papel, é um trabalho muito efêmero”, assumiu Catarina Maio. “A mesma peça já não vai existir segunda vez Este espírito de residência é vir abertos ao que vamos encontrar. Vai ser sempre uma novidade, uma luz diferente, um tempo diferente, caras diferentes. A nossa própria bagagem vai ser diferente. E, portanto, isso transforma-se sempre em peças diferentes, em descobertas novas”, concluiu.

Esta foi a segunda vez que Catarina Maio esteve presente na residência artística da Binaural, uma vez que a artista, como explicou a própria, sentiu a necessidade de repartir o curso em dois anos – isto porque Catarina Maio é trabalhadora-estudante.

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