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Uma equipa de rugby de Tondela está quase na Primeira Divisão da modalidade em Portugal. Só isto já seria notícia. Mesmo com o quase na frase.
Afinal, um clube do interior português a sonhar com voos numa modalidade praticamente fixada à beira mar, não é tão comum assim, num desporto que não o futebol.
Mas assim é. Este sábado, pelas onze e meia da manhã, acontece a última jornada da segunda divisão do Campeonato Nacional de Seniores da zona Centro/Norte.
O Rugby Clube de Tondela (RCT) joga diante da Académica de Coimbra. Os tondelenses estão em segundo lugar da tabela classificativa, com um jogo a menos, e menos dois pontos do terceiro lugar que esta jornada folga. Caso empatem, os beirões avançam para o primeiro lugar, qualificam-se para as meias finais da fase nacional do campeonato a jogar no dia 13 de maio.
Caso isso aconteça, cumprir-se-á o principal objetivo da equipa sénior para esta temporada. “É o segundo ano que os seniores competem.
Há um balanço muito bom a fazer. Os jogos estão a correr bem, a equipa joga muito bem e ambicionamos vencer a Zona Norte/Centro”, explica Ricardo Costa, jogador e um dos capitães da equipa.
No RCT, o ‘principal’ capitão de equipa é mesmo o jogador mais novo do grupo de trabalho. “É para dar continuidade, quando eu arrumar as botas”, confessa Ricardo.
“No ano passado, o capitão de equipa atual veio ter comigo e eu disse-lhe que seria ele a ter essa função e que eu o ajudaria a ser capitão para tu dares continuidade ao trabalho. Basicamente passei-lhe o que sei sobre como lidar com jogadores de campo. E uma das particularidades no rugby é que a única pessoa que fala com o árbitro é o capitão de equipa. Mais ninguém. E além disso, as instruções do jogo também são passadas para o capitão de equipa, que fala com os jogadores”, desvenda.
Do plantel de 24 jogadores, a maior parte subiu aos seniores vinda da formação do clube. Os atletas têm, na grande maioria, 20 e poucos anos. “O clube apostou nos escalões de formação. Foi de baixo para cima e conforme os jogadores foram crescendo, assim que atingiram a idade e houve condições, formou-se a equipa sénior”, detalha Ricardo Costa.
É o espírito de grupo, feito de um conhecimento de muitos anos, entre todos, que Ricardo Costa considera fundamental para os resultados que têm sido alcançados. “É uma equipa muito entrosada. A maior parte já partilha balneário há muito tempo e mora em Tondela. Outros, entraram para a faculdade e fazem o esforço de vir treinar durante a semana a Tondela”, completa.
“Só o virem treinar a Tondela, estando a estudar longe, já é uma vitória”, sublinha o ‘Costa’ que entrou na modalidade em 2007 e, desde aí, não conseguiu largar o rugby.
“Nesse ano, Os Lobos, a nossa seleção, qualificaram-se para o mundial. Houve um boom no rugby em Portugal nesse ano e nos seguintes. Resolvi experimentar. E desde que comecei a jogar, não larguei”, assume.
Até começar a jogar, Ricardo Costa revela que não conhecia a modalidade. Depois, vários anos depois, mostra ter a matéria bem estudada. “Os princípios do rugby são muito bons: entreajuda, companheirismo, esforço, dedicação. Apaixonei-me e continuo a jogar. Já com 32 anos”, enaltece.
Numa modalidade que exige “muito trabalho de ginásio e preparação física”. “É preciso muito cuidado da parte dos atletas. Até para não correrem o risco de lesões. Felizmente, já jogo há muitos anos, nunca tive uma lesão grave. Lá aparecem uns hematomas de vez em quando”, reconhece.
Para além da preparação física, Ricardo Costa acredita que é preciso mais para ser-se bem sucedido na modalidade. “Tem de ter-se vontade e não ter receio de se magoar. Existe um respeito muito grande dentro de campo, entre os jogadores de ambas as equipas. As regras também não permitem que alguém aleije o adversário, mas o mindset tem de ser o de olhar para o rugby como uma forma de estar na vida. Normalmente, um jogador de rugby é bem sucedido na vida”, defende.
Com os resultados desportivos a aparecerem, ‘o Costa’ do Rugby Clube de Tondela não esconde que outro dos objetivos é ajudar a modalidade a marcar a agenda na região de Viseu.
“Estamos focados em ter uma equipa sólida. Neste momento, os seniores têm bons resultados e queremos ser um chamariz para as camadas jovens, também”, reforça.
Caso alcancem a meia final, se a vencerem, atingem a final. Havendo nova vitória no jogo decisivo, Tondela entra em festa. A equipa de rugby da cidade e do concelho atingirá a Primeira Divisão da modalidade. No caso, significará estar na antecâmara de poderem jogar com os melhores do rugby português.
“Acima da Primeira Divisão existe a Divisão de Honra, o equivalente à Primeira Divisão do futebol”, explica. Nessa Divisão de Honra estão os grandes nomes do rugby em Portugal. Destacam-se Direito, Belenenses, Benfica ou Agronomia.
O sucesso e as vitórias têm também levado mais gente a querer ver a equipa da terra de rugby jogar. “Ao longo desta época, tem havido um aumento do público. E é engraçado ver pessoas que não tem qualquer ligação com a modalidade, nem familiares ou amigos, a aparecerem no campo para verem o jogo”, exalta.
A equipa treina em Molelinhos, Tondela. E é da Rua Forno da Telha, que quer partir rumo a outros voos. Para já, segue-se a meia final para manter a luta pela subida à Segunda bem acesa. Com mais ou menos ‘tackles’, o foco está em levar aquela bola oval o mais longe possível.