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Jorge Marques
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A peça de dança “L’après-midi d’un foehn, version 1”, concebida pela artista francesa Phia Ménard, é uma obra singular que combina leveza, poesia e uma reflexão profunda sobre a natureza e a fragilidade do mundo. Este espetáculo, que tem conquistado plateias por toda a Europa, chega a Viseu e integra a programação do festival de dança New Age New Time que está a decorrer no Teatro Viriato, em Viseu. Para o público, trata-se de uma experiência sensorial única, onde os protagonistas são inesperados: simples sacos de plástico.
Inspirada pelo célebre “Prélude à l’après-midi d’un faune”, de Claude Debussy, Phia Ménard reinventa o clássico numa linguagem visual e coreográfica original. Em vez de bailarinos humanos, é o vento que ganha vida e se transforma em artista principal. Manipulado com mestria pela intérprete no palco, o fluxo de ar dá vida a sacos de plástico coloridos, que flutuam, rodopiam e se movimentam como se fossem criaturas etéreas.
O resultado é uma coreografia hipnotizante, onde o diálogo entre o vento e os objetos revela uma dança cheia de elegância e simbolismo. A simplicidade dos materiais contrasta com a complexidade dos movimentos criados, desafiando o público a ver beleza e emoção em elementos aparentemente banais.
Para além da beleza estética, “L’après-midi d’un foehn” carrega uma forte mensagem ambiental. O uso de sacos de plástico, um material frequentemente associado à poluição, é uma provocação artística que convida à reflexão. Phia Ménard transforma este símbolo do consumo descartável num instrumento de poesia e arte, questionando a nossa relação com o planeta e os recursos naturais.
A peça aborda, de forma subtil mas poderosa, temas como a sustentabilidade, a efemeridade da vida e a capacidade de transformação. Os sacos de plástico, frágeis e leves, tornam-se metáforas para a fragilidade do meio ambiente, enquanto o vento que os guia simboliza as forças invisíveis que moldam o mundo.
O espetáculo é apresentado num espaço intimista, onde o público é envolvido pela música de Debussy e pelo som do vento. A iluminação realça os movimentos dos sacos de plástico, criando momentos de verdadeira magia visual. A ausência de diálogos permite que cada espectador interprete a peça de forma pessoal, guiado apenas pela música, pelo movimento e pela imaginação.
Phia Ménard, reconhecida pela sua abordagem interdisciplinar e inovadora, é uma das artistas contemporâneas mais aclamadas da cena internacional. Através das suas criações, que combinam dança, teatro e artes visuais, Ménard explora questões de identidade, transformação e o papel do ser humano no universo.