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“Se tivéssemos que voltar ao princípio, faríamos o mesmo caminho”. A frase é de Maria da Conceição Rodrigues de Matos, uma resistente e antifascista, que foi presa pela PIDE e torturada, mas que admite voltaria a fazer tudo da mesma forma.
Este sábado (1 de março), Conceição Matos foi homenageada em São Pedro do Sul, no concelho que a viu nascer em 1936, e a sala foi pequena para receber todos os que quiserem agradecer à mulher que lutou pela liberdade, muitas vezes na clandestinidade, na prisão, nas catacumbas e nos recantos de um país que durante décadas viveu em ditadura.
Numa cerimónia que decorreu na Casa da Cultura de São Pedro do Sul, Conceição Matos, que é natural de Negrelos, recordou a sua “participação na luta contra o fascismo”, desde os dias em que visitava os irmãos na prisão, até ao dia em que chegou a sua vez de ser presa.
“A morte seria um alívio para tanto sofrimento”, disse na sua intervenção, recordado as torturas e a dureza das consequências de quem só queria ser e ver o seu país livre.
“Não fui um caso particular, nem especial”, atirou Conceição Matos, reforçando que “é indispensável não deixar esquecer que a luta não tinha acontecido se milhares de pessoas não tivessem dado a vida”.
Perante amigos, admiradores e camaradas, Conceição Matos recordou ainda as suas ligações a São Pedro do Sul, onde ainda estão muitos dos seus familiares e de onde saiu com os pais aos três anos, em direção ao Barreiro (Lisboa).
A acompanhar Conceição Matos, que ficará eternizada numa canção que José Afonso lhe fez, “Na Rua António Maria”, estava outro resistente, o companheiro Domingos Abrantes.
Na cerimónia, organizada pelo Partido Comunista Português (PCP) e inserida nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, houve ainda espaço para outras intervenções. Ricardo Brites, da Comissão Interconcelhia do PCP, lembrou a mais de uma centena de presos políticos naturais da região de Lafões.
“Muito nos honra que em São Pedro do Sul se possa fazer esta justa homenagem”, referiu Ricardo Brites.
Já Otávio Augusto, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, destacou o exemplo que é Conceição Matos, uma mulher que tem um forte percurso, marcado pela adesão ao partido, o que aconteceu na década de 50.
Isabel Almeida falou em representação do Movimento Democrático de Mulheres e sublinhou o “contributo de várias gerações de mulheres na luta por um país mais justo e solidário” e a “força transformadora para a igualdade” que demonstraram.
Por fim, António Vilarigues, da União de Resistentes Antifascistas Portugueses, recordou a luta de anos contra o fascismo e a ditadura, onde nomes como Conceição Matos foram determinantes.