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O Festival Internacional de Teatro ACERT (FINTA) celebra 30 edições de dedicação ao teatro e à cultura em Tondela. Em entrevista exclusiva, a responsável pela programação, Sandra Santos, revela os bastidores do festival e destaca como o evento tem evoluído ao longo dos anos, mantendo-se fiel às suas raízes comunitárias e ao mesmo tempo inovando na criação artística
Como é que tem sido a evolução deste festival ao longo das três décadas e que mudanças é que se destacam nesta edição?
Ao longo de todos estes anos, o festival tem mantido sempre aquelas que foram as linhas orientadoras. O FINTA dá a conhecer uma oferta cultural diversificada, com criadores já conhecidos, mas também dá a conhecer novos criadores e projetos artísticos, tanto nacionais como internacionais. Damos a conhecer estéticas e linguagens teatrais diferentes, e espetáculos multidisciplinares, em que o teatro se cruza com outras disciplinas artísticas. Nesta edição, vamos ter um cruzamento entre o teatro e o ilusionismo, e temos também outros com a música, com a dança e com o novo circo. Procuramos sempre dar novas visões daquilo que tem sido a evolução do teatro ao longo dos tempos. Em termos de novidades, aquilo que procuramos é que cada festival seja único, principalmente na relação que acaba por se estabelecer entre o público, os atores e as companhias que vêm aqui. Para quem conhece o espaço da ACERT, é um espaço que é bastante aberto e tem o bar onde, no final dos espetáculos, os artistas encontram-se com o público que os estava a assistir e trocam, informalmente, algumas impressões sobre aquilo que viram.
Qual é a grande novidade deste ano?
A grande novidade este ano é as estreias, principalmente de um projeto que nós temos, que é o Santos da Casa Teatro, em que damos voz a jovens artistas daqui da região, e que de alguma forma tenham iniciado a sua formação artística aqui na ACERT.
Em que é que consiste este projeto?
O Santos da Casa já é uma rubrica da ACERT que, até aqui, era apenas na área da música, e nesta edição do FINTA decidimos lançar esta vertente do teatro e dar a conhecer estes jovens atores que iniciaram a sua formação na ACERT. Neste caso daremos a conhecer duas jovens que iniciaram a sua formação artística no Na Xina Lua, o grupo de teatro da Escola Secundária de Tondela, e que sempre criou os seus projetos artísticos na ACERT. De alguma forma estas duas jovens cresceram na ACERT, então será um regresso a casa depois de se terem formado como atrizes e de terem os seus projetos teatrais. As jovens foram desafiadas a criarem um espetáculo próprio para a ACERT: a Teresa Machado tem um projeto artístico em Lisboa e irá apresentar o espetáculo no dia 14 de novembro na ACERT. Já a Andréa Fernandes tem o seu projeto artístico em Évora e vai estrear o seu espetáculo na ACERT a 21 de novembro às 23h00. Quando nós jovens vamos estudar para fora e ter a nossa formação artística, muitas vezes é difícil regressarmos com o nosso trabalho à localidade de que somos oriundos. O objetivo foi dar a conhecer os projetos artísticos destas duas jovens, no caso da edição deste ano, e esperamos poder continuar com este projeto durante muitos anos, porque felizmente somos uma região bastante rica, e temos muitos jovens promissores na área artística.
Nesta edição, o Festival vai ter espetáculos de 5 países. Como é que é feita a seleção das companhias e espetáculos que levam palco?
Às vezes é difícil de escolher, porque durante todo ano vamos recebendo diferentes propostas de diferentes companhias, e nós próprios também fazemos uma pesquisa sobre aquilo que está a acontecer na Europa, nos festivais que acontecem e onde estão a surgir novos grupos, novas tendências, e depois acaba por ter um pouco também do nosso gosto pessoal e aquilo que achamos que a comunidade poderá gostar. Muitas vezes escolhemos as coisas também pela diferença, por aquilo que normalmente não teriam a oportunidade de assistir aqui e espetáculos que às vezes só dão aos grandes centros urbanos como Lisboa e Porto.
No ano passado também envolveram a comunidade sénior. Este ano as visitas vão consistir em quê?
Nesta edição vai haver o mesmo tipo de espetáculos que houve no ano passado. Este ano serão dois artistas da 5ª Oficina: será o Zé Mágico que irá contar histórias com uma linguagem mais clownesca [uma forma de performance ligada ao novo circo], e teremos também o Daniel Matos que fará algo mais ligado ao ilusionismo, à manipulação de objetos. São duas linguagens diferentes, mas que também achamos importante acontecerem para para a terceira idade. E nestes espetáculos, o que procuramos é mesmo isso. É levar um momento diferente a essas pessoas que já não se podem deslocar para vir assistir a espetáculos à ACERT.
O FINTA oferece serviço de transporte entre Viseu e Tondela. Vai funcionar como no ano passado?
É um transporte gratuito que resulta de uma parceria com o Clube Desportivo de Tondela. O autocarro sairá da zona do Rossio até junto à ACERT, e traz o público no início dos espetáculos e no final da noite regressará a Viseu.
O festival também é conhecido pela abordagem ao teatro de diversas formas. Nesta edição, quais são os elementos mais inovadores ou inesperados que o público pode esperar?
Logo no primeiro dia teremos a estreia de uma coprodução do Novo Ciclo ACERT com o projeto Meta Magic do Zé Mágico. O espetáculo chama-se “Hora Vazia” e é um espetáculo sobre o ilusionismo, e que cruza naturalmente com outras disciplinas artísticas, como o teatro. Será uma experiência única, com uma linguagem visual e auditiva diferente daquilo a que as pessoas provavelmente estarão habituadas a ver nos espetáculos de teatro. Depois teremos ainda uma outra novidade, que é uma companhia italiano-belga, que vai estar presente no dia 23 de novembro. A companhia chama-se Piergiorgio Milano e o espetáculo é intitulado de “White Out – La Conquête de L’inutile”, e neste espetáculo aparece o alpinismo como uma linguagem artística, numa fusão entre a dança, o teatro e o novo circo. Vai ser um espetáculo muito intenso visualmente. No caso desta companhia, é a primeira vez que ela se apresenta em Portugal, e é uma oportunidade única de poderem ver este trabalho.