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1. A modernização da linha da Beira Alta, a segunda mais importante do país, era suposto estar pronta no início deste ano. “Só que não”, como agora se costuma dizer.
Falhada a primeira data, João Galamba atravessou-se com uma segunda: tudo iria estar operacional em 12 de Novembro, depois-de-amanhã. “Só que não”.
O jornalista João Cipriano, do Público, fez a seguinte comparação: entre Outubro de 1878 e Agosto de 1882, com as tecnologias da época — a saber: músculo, picareta, pá e dinamite —, foram precisos 46 meses para termos uma linha nova entre a Figueira da Foz e Vilar Formoso. Agora, as obras entre Pampilhosa e Vilar Formoso arrastam-se há 52 meses, dezoito dos quais sem comboios a atrapalharem a empreitada (pararam em 19 de Abril de 2022). Isto é, o século XXI já derreteu mais seis meses do que o século XIX e ninguém adianta uma nova data para reabertura da linha. A incompetência dos boys da Infraestruturas de Portugal consegue superar a dos boys dos hospitais. Sentados, cá continuamos “à espera do comboio, na paragem do autocarro”.
2. O mundo está a abanar em todo o lado: são as desgraças na Ucrânia e no Médio Oriente, é a idade de Biden e a desfaçatez de Trump, é o mafioso do Kremlin e a avaria da economia chinesa, é o ódio ao Ocidente a fazer convergir as esquerdas radicais com a extrema-direita e os defensores da sharia, é até o nosso vizinho ibérico enredado em conflitos nacionalistas.
Até esta semana, víamos o mundo a abanar mas tínhamos o conforto da maioria absoluta de António Costa. Agora isso acabou. Também nós vamos abanar. O primeiro-ministro acaba de se demitir por causa das “socratices” de alguns dos seus colaboradores mais próximos.
António José Seguro, honra lhe seja feita, ainda tentou limpar o PS da pulsão negocista socrática. António Costa nem tentou. E, já se sabe, “quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga”.
3. Se, como é provável, as próximas eleições presidenciais forem entre António Costa e Pedro Passos Coelho, fica já aqui a minha declaração de voto em António Costa.
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