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Há uma prática milenar que juntou em Molelos, Tondela, mais de 30 ceramistas. O momento… a abertura do Tom de Festa e a homenagem que a ACERT faz a António Quadros neste festival de músicas do mundo. Da inspiração do artista foram feitas dezenas de peças cozidas em Soenga que vão percorrer o país. Todas são especiais, mas há uma que carrega em si uma história feita de felizes coincidências.
“É uma homenagem muito importante porque o nome da minha família deve muito ao António Quadros. Foi ele que praticamente mostrou a minha bisavó para o mundo: a Rosa Ramalho”, conta o bisneto, António Ramalho, que prosseguiu com a arte da artista de Barcelos. Nesta homenagem, criou uma peça de lagartos, um dos animais esculpidos pela bisavó, e um azulejo com uma medusa, capa de um livro que Quadros ofereceu à mais conhecida ceramista portuguesa.
Esta é uma das muitas histórias que unem o artista homenageado ao evento que marcou a soenga e que foi o momento escolhido para abrir este ano o Tom de Festa, uma edição que é especial para a ACERT – quem organiza.
“Aqui foi o berço do Trigo Limpo teatro ACERT. Foi aqui que em 1976 encontrámos guarita para fazer os ensaios. É uma alegria imensa reencontrar essas pessoas que nunca nos abandonam, que continua a ser acertinos de coração”, começa por sublinhar José Rui Martins, fundador e diretor da ACERT.
Se é especial porque começou em Molelos, também o encontro de ceramistas para a soenga é de “um simbolismo gratificante”.
“A soenga é em termos de património imaterial um dos aspetos mais importantes porque contemporaneamente continuam os ceramistas oleiros de Molelos a fazer a soenga, continuam muitas oficinas de oleiros e isto é um tesouro. Tondela é o berço, mas isto pertence à humanidade e ver 30 ceramistas do país criarem peças originais tendo como inspirador António Quadros.. ele ficaria muito feliz. Este é um dos momentos mais fortes dos que estamos a fazer no programa de homenagem”, acrescenta José Rui Martins.
Mas afinal o que é a soenga? “É um processo de cozedura primitivo que consiste numa cova na terra e depois fazemos um castelo com as peças em barro já pré-aquecidas e cobrimos com torrão (ervas e terra). É com esse torrão que fazemos as paredes do forno. Depois usamos cavacas com resina como entradas de fogo e no final tapamos tudo com terra. Essas cavacas com resina vão queimar o oxigénio que está dentro da câmara e por isso é que o barro fica negro”, explica Carlos Lima, oleiro em Molelos e um dos artistas que participou nesta iniciatva que agora vai levar as peças produzidas em exposições pelo país.
O Tom de Festa arrancou esta quarta-feira e depois da Soenga e do convívio comunitário no Parque das Raposeiras, aconteceu a magia do duo catalão Flotados, um espetáculo cénico que teve o céu de Molelos e o fumo da soenga como cenário.
Até sábado, o Tom continua a ser de Festa, em Tondela. Hoje, quinta-feira, inauguram as exposições “Viveiro” com ilustrações de João Maio Pinto e “Haverá um lugar…” dedicada a António Quadros. Pelas 21h30 atua Sona Jobarteh, música da Gâmbia, e a portuguesa Da Chick.
Até sábado, passam ainda pelo palco Amélia Muge e um grupo de artistas em homenagem a António Quadros, o coletivo De Mar a Mar, Carminho, o chileno Calle Mambo, Rajery, Francisca Urbano e Fra!.