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Para chegar ao Lugar da Lapa, importante local de peregrinação, é preciso percorrer locais onde a paisagem é a descrita por Aquilino Ribeiro – que tão bem a conhecia – como Terras do Demo. As grandes pedras graníticas são marcas da rudeza e aridez do local, que pertence à freguesia de Quintela, no concelho de Sernancelhe. A lapa é, aliás, uma pedra de granito, formando uma gruta que, por estar protegida terá servido de refúgio à Nossa Senhora que dá nome ao santuário . O Santuário de Nossa Senhora da Lapa é, hoje, um local de peregrinação nacional.
O imponente edifício do Colégio dos Jesuítas – que remonta ao século XVI -, as casas, os caminhos, todos em granito, criam uma atmosfera única. É também aqui que nasce o Rio Vouga, em cuja nascente pode saborear a água fresca. Visite o santuário do século XIII e faça a romaria: a gruta possui uma pedra muito estreia por onde reza a tradição que todos passam, exceto quem tiver pecado grave, e também uma réplica de um lagarto gigante pendurada no teto. Dentro da igreja encontra ainda um presépio permanente que vale a pena apreciar. Depois, passeie pela localidade, descubra os cruzeiros e os miradouros e visite os seus cafés. Também poderá explorar a zona de bicicleta, já que o local possui uma extensão considerável de pistas próprias.
Três vezes por ano, o povo presta homenagem à Nossa Senhora da Lapa com uma romaria: a 10 de junho, 15 de agosto e 8 de setembro. Também aqui acontece, uma vez por ano, a Feira Aquiliniana onde se promovem e comercializam os produtos da região.
Da Lapa, leve para casa os tradicionais e famosos queijos artesanais, enchidos e o conhecido pão. Há diversas padarias no local de onde sai pão quente várias vezes ao dia. O cabrito, um dos pratos mais típicos do local, pode ser degustado num dos diversos restaurantes da Lapa. Para ficar nesta região, permaneça na tradição e escolha o Convento de Nossa Senhora do Carmo, a 10 quilómetros, um pequeno hotel repleto de charme cujo restaurante fica na antiga capela.
A história
A história da Lapa começa em 1493 com o aparecimento da imagem de Nossa Senhora debaixo de uma lapa, trazida para aquele local por religiosos que fugiam ao general mouro Al Mansor. A gruta onde a imagem foi descoberta possui uma pedra muito estreia por onde reza a tradição que todos passam, exceto quem tiver pecado grave. A lenda tomou proporções nacionais e, sem demoras, surgiram as primeiras construções naquele local.
Alguns anos mais tarde, e já sob a orientação dos jesuítas, foi construída a atual Igreja, que ficaria concluída no ano de 1635, no exato local onde a Pastorinha Joana descobriu a imagem de Nossa Senhora.
O Colégio, onde gente ilustre como o escritor Aquilino Ribeiro ingressou em 1895 para estudar gramática, latim, lógica e moral, começou a ser construído em finais do século XVI e é uma das obras maiores dos Jesuítas na Lapa, funcionando hoje como pousada do Santuário.
A preponderância da Lapa foi reconhecida também pela coroa que, em 1740 lhe conferiria o estatuto de Vila, que manteria durante 145 anos.
A lenda da pastorinha Joana
Chamava-se Joana a pastorinha muda, de doze anos, que, enquanto guardava um pequeno rebanho de ovelhas, avistou, por entre as fendas de um penedo ou lapa, uma imagem de Nossa Senhora. Diz a história que Joana aproximou-se da imagem e, extasiada, permaneceu em oração por largo período de tempo. A pastorinha reparou, então, que as vestes da imagem se encontravam destruídas pela ação do tempo e pela humidade e decidiu erguer, naquele local, um altarzinho. Limpou a imagem, colocou flores em seu redor e não mais deixou de pensar no seu “tesouro”. No dia seguinte, Joana levou a imagem para casa na cestinha onde a mãe lhe enviava o farnel. A mãe, que não apreciava o facto de Joana perder tempo a fazer vestidinhos para a “boneca”, atirou-a ao lume. Desesperada, Joana, muda de nascença, gritou para a mãe: “Tá! Minha mãe! É Nossa Senhora da Lapa! Ai! Que fez?”. Diz a lenda que a imagem não se queimou, mas nesse preciso momento a mãe ficou com o braço paralisado. Arrependida do ato que acabara de cometer rezou com Joana e tudo voltou à normalidade. O pároco, conhecedor da história, pediu que a imagem fosse colocada na Igreja Matriz, para não ficar naquele ermo, só que a imagem desaparecia de lá e aparecia na gruta onde Joana a havia descoberto. Era lá que ela queria ser venerada, dizem.
Fonte: Aldeias de Portugal e Município de Sernancelhe