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José Junqueiro
Estamos a um mês de eleições sem saber se delas resultará uma solução distinta da atual. Só a partir da última semana de abril os estudos de opinião hão-de revelar uma tendência com significado. Parafraseando António Guterres, “in illo tempore”, na sua reunião com Bill Clinton e Al Gore na Casa Branca, a opinião pública é diferente da opinião publicada. É o que me parece que poderá acontecer a 18 de maio.
Muitos falam, com inusitada facilidade, em nome dos eleitores afirmando que os ditos querem isto ou aquilo, que gostam ou não gostam desta ou daquela circunstância e que valorizam ou não a ética a favor ou em detrimento da verdade e transparência que a República exige a todos, nomeadamente aos titulares de órgãos de soberania. Há, no entanto, um pormenor: os eleitores não passaram procuração a ninguém e só falarão no dia das eleições.
Posto isto, tudo indica que a pré-campanha eleitoral “ad hoc” que hoje se inicia, com os debates entre os principais protagonistas nos diversos canais televisivos, vai começar a influenciar o sentido de voto de cada um ou mesmo confirmar como final uma decisão já consolidada. Para estes últimos talvez não seja relevante a presença de Luís Montenegro. Para todos os outros, ainda indecisos, talvez não seja bem assim. As explicações do Primeiro Ministro serão tidas em conta e quer o próprio queira ou não serão relevantes. De certo modo, a campanha eleitoral será uma espécie de “comissão de inquérito” que Luís Montenegro quis evitar, mas à qual não se pode esquivar, por muito que tente. Espero, contudo, que as propostas políticas sejam a prioridade de todos os líderes partidários. Talvez isso possa acontecer.
O amadorismo, atrevido e alegórico, de um inventado Conselho de Ministros no Mercado do Bolhão para publicitar um já anunciado ministro como candidato à CM do Porto não rende, só prejudica. No dizer de Pacheco Pereira, no “Princípio da Incerteza”, “fazer de nós parvos” – e à nossa custa – é, digo eu, pouco inteligente e muito desrespeitoso.
Aqui por Viseu, o PS foi o primeiro a apresentar os seus candidatos à câmara e assembleia municipais, bem como às juntas de freguesia. Foi no Expocenter, em noite de casa cheia, plena de entusiasmo, que João Azevedo e João Paulo Rebelo, na presença do Secretário Geral do PS, Pedro Nuno Santos, e do Presidente da Federação, Armando Mourisco, deram o mote para a temática que vão levar ao debate público.
Desde a ausência de uma estratégia disruptiva que projete o concelho de Viseu nas exigências da realidade que respiramos, no futuro, passando pela captação de investimento privado, pela simplificação administrativa, pela concretização de suspiradas infraestruturas públicas ou emprego qualificado, até à preservação da propriedade e gestão da “nossa água” (evitando a privatização em curso sob forma de concessão), ao fim da incerteza na sustentabilidade e eficiência da atual rede de transportes públicos, ao incentivo à habitação a preços controlados, à ampliação da rede de creches ou equipamentos de saúde, João Azevedo tocou em muitos pontos sensíveis. Também a qualidade da ação política não ficou de fora, afirmando a inclusão e o envolvimento maior da sociedade civil (Ricardo Almeida Henriques é um bom exemplo), o respeito pela obra feita, nomeadamente pelos seus protagonistas, bem como a valorização de uma estratégia de articulação entre os setores público e privado, entre as instituições de ensino e as empresas, com vista ao incremento de valor acrescentado na vida das pessoas, nomeadamente dos jovens que justamente almejam condições de realização pessoal e familiar. Para os candidatos os tempos são desafiantes, porque nada está adquirido para todo o sempre, nem nada se ganha sem esforço e porque em democracia não há um só caminho.
Donald Trump está a agitar o mundo. A sua intenção de anexar a Gronelândia, a “ordem-convite” ao Canadá para se incluir como 51⁰ estado dos EUA ou a apropriação do Canal do Panamá são indicadores de uma mente desordenada. Ao mesmo tempo, a sua inveja do estatuto de Putin, um ditador violento, o apoucamento das instituições democráticas, o revanchismo sobre os que não se curvam à sua vontade, a exclusão dos que discordam e a inclusão de abcessos privados não legitimados na sua Administração, como é o caso de Elon Musk, dizem quase tudo sobre o seu distúrbio de personalidade. Se acrescentarmos a falta de decência com Zelensky, a obliteração de todas informações da “inteligência militar” aos combatentes ucranianos a favor de Putin, a tentativa de extorsão em curso dos recursos vitais de todo um povo, ficamos com a certeza de uma personalidade inverosímil.
Ao eleger os europeus como adversários, ao aplicar-lhes tarifas punitivas, tal como ao resto do mundo, “ilha dos pinguins incluída”, exigir-lhes orçamentos de defesa sob ameaça de abandono da Nato, consolida a ideia do perigo em que nos encontramos.
Paradoxalmente, no entanto, os líderes europeus, sem disfarçar a incomodidade que sentem, engolindo os sapos a que a sua impreparação obriga, vão mesmo negociar, que não retaliar, as tarifas e aumentar os orçamentos de Defesa. Os tempos da “dolce vita” no velho continente acabaram. Talvez Trump tenha sido útil, talvez lhes tenha dado um banho de realidade. Talvez a nossa esperança renasça com líderes, da esquerda à direita, como Starmer, Merz, Tusk ou Meloni, entre outros. Talvez a Europa acorde para uma política de defesa comum, própria, talvez pense em retomar a produção em escala das capacidades militares instaladas, talvez pense em diversificar os seus mercados, talvez pense investir em inovação e ciência. Talvez a Europa recoloque as pessoas no centro do seu pensamento e ação. Talvez perceba que a extrema direita que Putin alimenta em França, Musk na Alemanha ou Trump no Brasil e Argentina só pode ser travada investindo nas pessoas, nos jovens, nas famílias, no seu futuro. Talvez pense e faça, se ainda formos a tempo.
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