No terceiro episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
São mais de 100 presépios, de diferentes tamanhos e construídos ao longo…
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Teresa Machado
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Jorge Marques
Há momentos na vida dos países em que faltam as pessoas certas, outros em que faltam as condições e outros em que se pensa que todos estão bem preparados. É assim, porque na maior parte das decisões não há a possibilidade de as ensaiar primeiro, nem se tem a certeza do que pode ou não falhar. Por outras palavras, socorro-me de uma conversa com o falecido Rui Nabeiro, esse que foi um grande exemplo de Liderança. Quando eu lhe disse que a sorte também era importante, ele respondeu: “Tu sabes o que é a sorte? A sorte é quando as nossas competências encontram as oportunidades. Porque se tens as competências e não surgem as oportunidades, não acontece nada. Mas se surgem as oportunidades e tu não tens as competências, também nada acontece”.
É este o dilema com que se confronta o país no dia seguinte ao ato eleitoral. Quer dizer que a pergunta que baila na nossa cabeça resume-se a isto: Será o próximo governo competente? Saberá aproveitar as oportunidades que o país lhe oferece? A resposta ainda não pode ser dada e precisará de algum tempo, porque as competências só existem quando exercidas. Quer a prova dessas competências, quer o aproveitamento das oportunidades, só terão confirmação num futuro mais ou menos próximo.
Porque é que a política nos tempos que correm tem tão baixa cotação e perde credibilidade? Porque toda ela está voltada para o presente. Na confrontação democrática luta-se pelo aqui e agora e esquecem-se os beneficiários ou prejudicados do futuro. Porque na visão de curto prazo dos ciclos eleitorais, não existe responsabilidade pelas gerações futuras. Porque na nossa política o futuro é politicamente fraco e não tem advogados com poder suficiente. Isso quer dizer que o futuro tem que ganhar peso político! E porquê?
Talvez Goethe, que era um homem sábio, nos possa dar uma primeira resposta a que chamou de Paradigma das Desculpas: “do que cada um é/são os outros que têm a culpa”. Todos se lembram que as culpas e desculpas foram o tema central desta campanha. Pior ainda, continuou no dia seguinte e continuará nos próximos tempos do novo governo. O passado vai continuar presente, o que significa que não se vão mostrar alternativas, mas desculpas! Uma segunda resposta tem a ver com um Espaço Público que é clientelista e se fixou na satisfação imediata das reivindicações. Também aqui as gerações futuras são esquecidas e alguns desses processos só contribuem para que nada aconteça! A terceira resposta é que o futuro já não se combate contra os que defendem o passado, porque sempre existiram progressistas e conservadores quer na direita ou na esquerda. Os inimigos do futuro também são aqueles que vulgarizam essa ideia e apontam como únicas soluções as promessas tecnológicas e as previsões de crescimento económico. De onde poderá vir a ajuda para o próximo governo?
Estranha resposta, mas essa ajuda poderá vir de um risco da democracia e que se pode transformar numa oportunidade! Poderá vir da crise de governabilidade anunciada por estes resultados eleitorais, que obrigarão a melhor democracia e mais Sociedade Civil. Essa deixaria de ser imperativa, vertical e passaria à horizontalidade, à interação com os agentes sociais, económicos e culturais. Embora seja verdade que sem conflito não há política, também é verdade que sem diálogo não há democracia. Nós precisamos de um banho de diálogo!
O tema da mudança foi amplamente verbalizado, mas isso já aconteceu muitas vezes ao longo dos últimos 50 anos. O que sabemos é que na prática, essas mudanças só são possíveis quando antes se operam mudanças de mentalidade. Digo isto, porque nós ainda estamos num estado em que sabemos o que não queremos, mas não sabemos exatamente o que queremos. Falta essa última afirmação! Um outro tema muito falado e que precisa de resposta! Talvez este seja o momento certo, porque temos uma nova geração no poder e cabe-lhe provar do que é capaz e trazer o novo.
Esse tema foi a Fuga do Talento! Quer-me parecer que se estará a repetir o que aconteceu nos Séc. XV/XVI. Foi a aventura da inovação, onde o capital era uma ideia nova! A nossa ideia atual ainda não é nova, o nosso discurso ainda está focado no crescimento e criação de riqueza que são consequências e não causas. Tudo isso tem importância, a responsabilidade dos governos também, mas falta sobretudo uma visão do futuro. Durante alguns anos a Gestão do Talento foi a minha atividade e participei em vários estudos mundiais sobre o tema. É verdade que a Liderança e a Gestão do Talento estavam nas primeiras preocupações em todo o Mundo. Lembro-me que John Sulivan, um grande mestre nesta matéria, dizia-nos com toda a frontalidade: “Lembrem-se que os talentos não trabalham para idiotas, por isso, se querem reter e melhorar a qualidade do vosso talento, então é preciso melhorar antes a qualidade da gestão e dos gestores”. Isso era verdade, porque também nos rankings de desenvolvimento, a qualidade da nossa gestão estava mal classificada! Por isso não basta ter estrelas, precisamos de as enquadrar na realidade e fazê-las trabalhar em equipa. Nós sofremos de um centralismo da liderança focado numa única pessoa. Acentuámos esse defeito nos governos e decidimos responsabilizar um Primeiro Ministro por tudo o que acontece no país. Com isso tornámos irresponsáveis as Instituições, as suas lideranças e até alguns detentores de altos cargos da nação. A luta partidária do bota-abaixo fez o resto e tornámos o país ingovernável. Portugal tem talento de Classe Mundial como se confirma, agora precisamos que ele influencie as decisões e aceda a cargos públicos e privados onde pratique o seu potencial e ganhe competências.
As nossas lideranças, com mais peso no Sistema Político, têm vivido na ilusão do saber muito, do enquadrar a realidade no saber antigo e no paradigma do bom aluno. A solução precisa de mais humildade, de perceber e assumir que com tantas mudanças no Mundo, talvez a gente não entenda tudo o que se está a passar. E depois, saber distinguir bem que uma coisa é a ambição de carreira e outra a expressão prática do talento. Por fim e a insistirmos no Paradigma de Goethe das Culpas e Desculpas, então não vamos a lado nenhum…
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Vitor Santos