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Turismo Interior

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27.08.21
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Uma das campanhas promocionais do turismo interno com mais sucesso, pelo menos do ponto de vista de reconhecimento, é a que foi desenvolvida à volta da conhecida expressão “vá para fora cá dentro”. Numa pesquisa da google fico a saber que foi desenvolvida pela agência Young & Rubican em 1995, ou seja, tem mais de 20 anos, e ganhou agora um novo alento na fase da pandemia. Este ano a minha família veio visitar-me (filha, genro e neta de 8 anos, que vivem na zona de Sesimbra) e fiz as minhas férias com eles, cá em Tondela. Duas primeiras semanas de agosto. Fiquei a pensar que frase publicitária poderia designar este meu programa de férias, já que eles se deslocaram (cá dentro), mas eu não. Para mim foi uma espécie de “vá ainda mais para dentro, cá dentro”.

Eu explico. Senti-me na obrigação (com prazer) de lhes mostrar porque gosto de viver na Beira Alta, criando um programa de visitas e atividades. E nessa tarefa acabei por descobrir e conhecer, eu próprio, muitas facetas da região que ainda não tinha experienciado devidamente. Comecei, evidentemente, por os levar a ver a minha própria exposição no Museu Terras de Besteiros, mas mostrei-lhes também o museu. E aí ganharam relevância os vestígios rupestres do território. Fomos, pois, visitar a estação arqueológica de Molelinhos, que deixou a minha neta interessada em pedras e desenhos. Marcámos uma visita excelentemente guiada à Arquinha da Moura, e a minha filha que é dada às artes performativos em contextos históricos e naturais, ganhou o dia. Realmente é difícil de descrever a sensação de se entrar naquele monumento pré-histórico, que nasce, secreto, da terra para o céu.

Dos monumentos megalíticos passámos ao Museu do Quartzo, e foi muito interessante acompanhar uma criança de 8 anos a fazer experiências numa das exposições temporárias, com carácter mais pedagógico. Ainda comprou duas pedrinhas, na loja do museu, para a sua coleção. E continuámos até Calde, para mais uma excelente visita guiada pelas tradições do linho e da vida de aldeia. Acabámos esse dia a andar nos carrosséis da feira de São Mateus. Mas claro que com o calor que foi fazendo, tínhamos de ir a banhos, e fizemos um ranking das praias fluviais. Ferreirós do Dão (designada por praia da cascata), São joão do Monte, no Caramulo (praia paraíso) e Sangemil, que repetimos à exaustão, sendo difícil retirar a neta da água.

Ainda os levei a São Pedro do Sul, visitar as “novíssimas” termas romanas, e a conhecer Santa Cruz da Trapa, terra materna. Como esta minha família é dada às filosofias e meditações, entrámos frequentemente em viagens interiores, viagens no tempo, explorações. A Stella, a minha cadela, deixou de viver só comigo e passou a jogar ténis pela manhã com a minha neta e teve direito a passeios em família alargada. Passámos por configurações assimétricas: a minha filha pôde ir jantar fora com o seu amor, e eu fiquei em casa com a neta. Quando os fui levar à estação de comboio, em Santa Comba, tínhamos a noção de ter partilhado duas semanas de intensas experiências. À vinda ainda fui ver onde era a escola do Dr. Oliveira Salazar, que tanta polémica tem gerado.

Estava a fazer as minhas pesquisas para escrever a crónica e reparei qua a própria Google tem uma Academia chamada “Search Inside Yourself” (procura dentro de ti), destinada a desenvolver técnicas de mindfulness, empatia, compaixão e inteligência emocional. Quando estas coisas acontecem reforço a sensação de que o universo é um enorme organismo, com uma única respiração.

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