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Ao visitar a zona da Santa Cristina, em Viseu, são várias as figuras observáveis num primeiro relance. De um lado, a estátua erguida em homenagem a Francisco Sá Carneiro, antigo primeiro-ministro português que morreu em 1980. Do outro lado, a estátua que homenageia o bispo e político D. Alves Martins – o mesmo que deu nome a uma das escolas secundárias de Viseu. Além das figuras de pedra, podem ainda saltar à vista edifícios religiosos, como a Igreja de Nossa Senhora do Carmo ou a Igreja do Seminário Maior. Os cidadãos mais perspicazes terão com certeza reparado numa pequena área na lateral da Igreja de Nossa Senhora do Carmo que, semelhante à entrada de uma cave ou adega, leva os visitantes para um nível abaixo do chão da cidade.
Neste fontanário, acessível a qualquer pessoa por um lanço de escadas feitas em pedra, encontram-se três bancos de pedra, uma fonte e uma porta de madeira. Na verdade, neste pequeno canto da cidade de Viseu já estiveram, outrora, duas fontes em funcionamento.
A fonte mais antiga, tapada pela porta de madeira em arco, foi construída em 1523. A sua construção aconteceu, de acordo com a tese escrita pela historiadora Liliana Castilho intitulada “A cidade de Viseu nos séculos XVII e XVIII – Arquitetura e Urbanismo”, durante o episcopado de D. Afonso. Acima da porta de madeira, mantém-se até aos nossos dias um escudo de armas feito em pedra, embora não se saiba ao certo a quem terá pertencido este marco.
Embora não se tenha encontrado ainda uma referência à fonte durante o século seguinte ao da sua construção, esta é novamente mencionada em 1705. É desta data uma notificação da câmara de Viseu para que Manuel da Cunha, um pedreiro da época, reformasse, no prazo de dez dias, a mesma fonte. De acordo com o texto de Liliana Castilho, “as queixas deveriam ser recorrentes”, uma vez que, em 1713, a fonte de Santa Cristina seria reparada com recurso à destruição de uma fonte “no sítio de São Miguel”.
Esta ação foi da autoria da câmara de Viseu, após sugestão do almotacé (equivalente a um oficial municipal responsável por fiscalizar várias áreas) Francisco do Loureiro da Veiga.
“Por ele foi dito que a fonte de Santa Cristina de que esta cidade usa e se aproveita sendo a única desta cidade esta actualmente quazi arruinada e com evidente perigo de toda esta terra como he tão notório, e as queixas erão gerais do povo”, afirma um texto da época evidenciado pela historiadora. Liliana Castilho, na sua tese explica ainda que esta referência à fonte de Santa Cristina como sendo a única utilizada seria um exagero por parte de Francisco Veiga, mas que “pretendia reforçar a sua importância em termos do abastecimento da população”, segundo escreveu a académica.
A historiadora aponta esta orientação dada por Francisco Veiga como a possível razão que levou à construção da “fonte nova” da Santa Cristina. Isto porque no ano seguinte é já mencionada a existência de duas fontes neste local.
A fonte nova, mantida até aos dias de hoje protegida por uma cúpula de pedra sustentada por quatro colunas, conserva um elo de ligação com o próprio local onde foi construída. Isto porque acima da fonte, com uma cor azul sobre fundo branco, é possível ver um painel de azulejos dedicado a Santa Cristina. Esta santa terá vivido e morrido na região da Toscana, em Itália, em finais do século III. É considerada a santa padroeira dos moleiros e figura simbólica invocada contra a depressão.