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“Olha lá, vamos ao padel?”. Esta frase ou outras como esta têm circulado por mensagens de texto no telemóvel e nas redes sociais. O desporto que um espanhol pensou depois de uma viagem ao México, está a tornar-se um verdadeiro fenómeno que, em Madrid, já ultrapassa o futebol no número de praticantes.
Por cá, João Vinagre apaixonou-se pelo desporto em 2017. Começou no Padel Viseu Academy e tudo por causa de convite feito por amigos. Hoje é o número 20 no ranking nacional. Já o é desde 2018. É no campo retangular de 10 metros de largura por 20 de comprimento que João Vinagre há seis anos vive quase de forma profissional a modalidade. “Pertenço aos Ouriços de Viseu, e estou filiado no New Padel Chão da Fonte. Sou um caso um pouco à parte em Viseu. Dedico-me praticamente a 100% à modalidade e cumpro todo o circuito nacional de padel. Tento fazer todos os torneios”, explica.
Viseu conta com mais de mil jogadores de padel atualmente
Em 2017, conta, havia apenas dois campos de padel em Viseu. Hoje são 10 a caminho de onze. Em todo o distrito contam-se ainda cinco campos de padel em Castro Daire e três em Tondela. E já é pouco para a procura. “Acredito que haveria espaço para surgir um outro clube. Neste momento, o concelho de Viseu tem três clubes”, detalha. Há hoje, complementa, um aumento significativo do número de praticantes. “Há várias equipas a competir de forma amadora e nota-se que os atletas estão entusiasmados e a levar o padel um pouco mais a sério. E verificam-se já resultados que poderia dizer interessantes a nível regional. Cada vez mais Viseu se afirma como uma região com bons jogadores de padel”, sustenta. João Vinagre acrescenta que hoje há já jogadores em Viseu que praticam a modalidade “praticamente todos os dias”.
O atleta estima que deverão jogar padel em todo o distrito de Viseu 1500 pessoas e que 150 delas são já federadas. “O boom de padel em Viseu aconteceu em 2022 com a abertura de portas dos clubes New Padel e JF 79”, explica. Este último é encabeçado pelo futebolista viseense João Félix, que também já se rendeu à modalidade. Em Portugal o número atingirá já os 250 mil praticantes que competem em mais de mil campos de padel. Portugal tem hoje cerca de 300 clubes de padel. “Ainda recentemente o Cristiano Ronaldo comprou um clube de padel em Lisboa. E isso gerará mais interesse e curiosidade para experimentar”, diz João Vinagre.
Padel nos Jogos Olímpicos? Claro que sim
Com um boom que, para já, mantém a tendência de aumento do número de praticantes, João não tem dúvidas de que brevemente a modalidade irá bater à porta dos Jogos Olímpicos. “Vejo o padel como modalidade olímpica. Sem dúvida nenhuma. É um desporto que está a crescer mundialmente, há cada vez mais países a jogar. Consigo ver a evolução desde que comecei a jogar. Por exemplo, nos mundiais ou nos europeus de padel há mais e mais países a participar”, justifica. João Vinagre não vê que em 2028 haja já essa abertura para incluir o padel no palco maior do desporto mundial, mas confia que nos Jogos Olímpicos seguintes tal cenário se tornará “hipótese muito forte”.
No top-50 do padel nacional desde 2018, João Vinagre tem praticamente a certeza de que é o único atleta nos top-50 em Portugal a viver no interior. A gerir o New Padel Chão da Fonte, em Viseu, e a dar aulas de padel também em Viseu, João Vinagre divide o tempo nestes dois momentos. “Vou-me mantendo por ali no ranking, sem muito tempo para treinar, sempre a fazer o melhor que posso. Há muito poucos pontos a separar-me do 29º do ranking, por exemplo. Isso obriga-me a competir várias vezes. Este ano terei feito 25 torneios talvez. O ranking é atualizado semanalmente e a época acabou agora”, conta. Para já, assume, o objetivo é ficar nos 20 primeiros. Depois, logo se vê.
Viseu quer pagar mais aos vencedores de torneios
A propósito de torneios, João Vinagre acrescenta que, por semana, há uma competição que inclui prémios que podem ir dos 5 mil aos 15 mil euros para a equipa vencedora. “Isto está a tornar-se cada vez mais profissional e as empresas também se sentem mais atraídas pela imagem que o padel dá. Os clubes e os jogadores acabam por beneficiar com isso porque é mais fácil associar um evento a uma marca”, resume.
Em Viseu, o New Padel Chão da Fonte, que inclui três equipas: Ouriços de Viseu, Feito num Oito e Obliqo, organizou pela terceira vez um torneio que integrou o calendário oficial da Federação Portuguesa de Padel. Para já, em Viseu o vencedor ganhou cinco mil euros. A vontade de subir a parada é muita. “Vamos ver se no próximo ano conseguimos aumentar o valor do prémio. Para que isso aconteça é preciso termos um torneio com 14 ou 15 campos num raio de 30 quilómetros. Está tudo tabelado. Está na calha também organizarmos um torneio internacional em Viseu no próximo ano”, confessa João Vinagre.
Padel, um desporto para todos
O jogador acredita que o segredo para um crescimento do interesse pelo padel seja o facto de esta ser uma “modalidade de todos”. “Todos podem jogar: homens, mulheres, o avô, o neto… É para todas as idades. Tudo isso, fomenta esse lado social”, defende.
O desporto que é jogado com uma bola de borracha e com raquetas perfuradas é hoje um verdadeiro fenómeno. A origem pensa-se ser a que descrevemos acima. Mas já há quem também aponte como hipótese ter surgido nas tentativas feitas pelos marinheiros ingleses, em finais do século XIX, de jogar ténis nos navios, em alto mar. Certo é que, competitivamente falando, o padel começa no nível seis e vai até ao nível 1. Sendo que o 1 é o nível mais elevado e o 6 é o de iniciantes. “Se começar hoje a jogar padel não é nada impossível daqui a meses estar a triunfar no nível cinco. E depois a vontade de passar para o nível seguinte também cresce”, explica João Vinagre.
Os jogadores mais novos já só gostam do padel, defende João Rodrigues
A crescer na modalidade também está João Rodrigues. O capitão da equipa Ouriços de Viseu iniciou-se no padel em finais de 2019. Abraçou a modalidade desde então e não pensa sair. “Foi paixão à primeira vista”, assume. “O padel tem características muito próprias que o tornam no que mais tem aumentado o número de praticantes. É um desporto que encontra um lugar para cada pessoa. Pode ter melhor ou menos boa condição física, pode ser mais novo ou mais velho, o padel consegue ajustar-se às necessidades e objetivos de cada um. Além de jogar-se em dupla que fomenta a socialização de forma vincada”, complementa. Durante a faculdade, João Rodrigues jogou ténis. No entanto o atleta recusa a ideia de que, para se triunfar no padel, seja necessário ter-se jogado ténis. “Está a acabar uma tendência que já existiu segundo a qual quem joga padel vem do ténis. Os novos jogadores já são filhos do padel e este desporto já se impõe por ele próprio e tem força própria”, sublinha.
Com as dificuldades próprias de um território do interior português sobretudo na afirmação coletiva enquanto equipas, algo transversal às várias modalidades, há, no entanto, particularidades que podem potenciar o surgimento de novos talentos. Uma delas é o facto de, comparativamente com outros territórios em Portugal, jogar padel não ser caro. “Geralmente os campos alugam-se por uma hora e meia e os preços mais altos, nos horários premium, rondam os seis euros e meio, sete euros e meio por jogador. Em Lisboa paga-se por exemplo treze ou catorze euros pelo mesmo tempo, no mesmo horário”, detalha João Rodrigues.
Ouriços de Viseu juntam 49 atletas e preparam-se para ser associação
Quando percebeu que o padel era mais do que uma paixão, João Rodrigues juntou quatro amigos e criou a Ouriços de Viseu Padel Team. “Queríamos que quem fizesse parte, fosse sempre desta equipa. Ou seja, já não havia um grupo de pessoas a participar numa prova e noutro ano outro grupo de pessoas. Essa decisão foi pensada em 2021 e a equipa foi criada em janeiro de 2022”.
Os Ouriços, como resumidamente lhe chamam, nasceu assim. Além de João Rodrigues, fundaram a equipa José Barbosa, Jorge Ribeiro, Adão Ramos e Gonçalo Namorado. Uma das mais valias, explica João, é o facto de a equipa viseense integrar pessoas de diversos níveis competitivos. “Logo desde que criámos a equipa tivemos elementos desde o primeiro ao último nível. Mais do que convidar os melhores jogadores, quisemos trazer para a modalidade pessoas que abraçassem o projeto de forma sustentada, para que não fosse só uma aventura que terminasse um par de meses depois”, justifica. São já 49 pessoas apaixonadas pelo projeto: homens e mulheres, novos e mais velhos. O sonho passa agora por elevar os Ouriços ao estatuto de associação desportiva, “continuando a recolher o sucesso que temos tido até agora”.
Para João Rodrigues o foco está em tornar o Ouriços de Viseu Padel Team num clube “que seja levado a sério”. “Optámos por dar primeiro estes passos e depois constituir a associação. Agora, passados dois anos, já percebemos que isto não é uma brincadeira, vamos tratar do formalismo legal”, frisa. 2024, confia João Rodrigues, foi o ano de fortalecimento dos Ouriços. A equipa, que integra o New Padel Chão da Fonte, encerra este ano com mais de 1700 jogos e participação em 62 torneios, 34 com carimbo da Federação Portuguesa de Padel. Ao longo de 12 meses a equipa viseense venceu 128 troféus, sendo que destes, 37 foram ganhos em provas com chancela da Federação. O mais recente foi o título nacional da Liga de clubes de padel em novembro deste ano. 18 jogadores contribuíram para um título que marcará para sempre a história desta equipa.